9º ANO - ATIVIDADE 7 - 07 DE JUNHO DE 2021 - professora Andrea Fusco

 

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ATIVIDADE 7: O que veremos nesta atividade?

Nesta atividade, vamos ler e interpretar textos sobre senso comum, comportamento de manada e formação de opinião. Além disso, revisaremos os tipos de argumento mais usados em um artigo e analisaremos esses argumentos em um texto sobre racismo no cotidiano. Continuando nosso estudo de pontuação, analisaremos o funcionamento das aspas em um texto jornalístico.

TEXTO 1

O QUE É SENSO COMUM?

Senso Comum é a soma dos saberes do cotidiano e é formado a partir de hábitos, crenças, preconceitos e tradições.

Na filosofia, o termo é utilizado para explicar as interpretações feitas pelos indivíduos à realidade que os cercam sem estudos prévios ou provas científicas.

Características

O senso comum é transmitido de geração para geração nas sociedades. Por meio dele, o homem embasa o cotidiano e explica a realidade em que vive.

O senso comum tem como característica a subjetividade que reflete sentimentos e opiniões construídos por um grupo de indivíduos. Por conseguinte, pode variar de pessoa para pessoa e de grupo para grupo.

 Assim, o senso comum pode ser generalizador e ainda criar estereótipos e disseminar preconceitos. Por exemplo, há pessoas que associam muçulmanos ao terrorismo simplesmente porque muitos atentados terroristas foram praticados por homens e mulheres muçulmanas. Desta forma, o senso comum contribui para projetar nas coisas ou no mundo sentimentos de angústia e medo, além de cristalizar preconceitos e prejudicar minorias e indivíduos.

Conhecimento Científico

A ciência difere do senso comum porque seu conhecimento é baseado na observação, na pesquisa, na formulação de hipóteses e na comprovação destas através de um método científico. Enquanto o conhecimento do senso comum é explicado pela manutenção de hábitos, a ciência, por sua parte, precisa de provas concretas e quantitativas para compreender o motivo dos fenômenos. Ou seja, é um conhecimento em que é possível a demonstração e a repetição dos fenômenos.

As teorias que embasam o conhecimento científico devem descrever, explicar e prever da maneira mais completa possível um conjunto de fenômenos. Ao fim, precisam disponibilizar as leis necessárias para a compreensão dos fatos propostos.

O conhecimento científico se opõe às características do senso comum, pois resulta de pesquisas que primam pelo método e pela comprovação de teorias. A filosofia da ciência dá as ferramentas para que esta possa cimentar suas investigações. Igualmente é um trabalho sistemático e racional, ao contrário do senso comum que se rege pela tradição, cultura e hábitos de um grupo social.

O senso crítico é baseado no uso da razão e vai contra ao senso comum por não aceitar nenhuma verdade sem questioná-la. Quem pensa criticamente tem a capacidade de fazer a avaliação, o julgamento e discernir com base no equilíbrio. Desta maneira o senso crítico se baseia na dúvida, no questionamento que levariam à reflexão e à contestação. Posteriormente, se encaminhariam para mudar a realidade apresentada.

(Adaptado de https://www.todamateria.com.br/senso-comum/ Acesso em 07 de agosto de 2020)

 

QUESTÕES

Após ler o texto 1, responda:

1.De acordo com o texto 1, O que seria senso comum?

2.De acordo com o texto 1, qual a diferença entre conhecimento científico e senso comum?

3.De acordo com o texto 1, como se constrói o senso crítico de uma pessoa?

4.É possível afirmar que o senso comum está sempre errado? Justifique sua resposta.

TEXTO 2

Como 'comportamento de manada' permite manipulação da opinião pública por fakes

Juliana Gragnani

Da BBC Brasil em Londres



A estratégia que vem sendo usada por perfis falsos no Brasil e no mundo para influenciar a opinião pública nas redes sociais se aproveita de uma característica psicológica conhecida como "comportamento de manada".

O conceito faz referência ao comportamento de animais que se juntam para se proteger ou fugir de um predador. Aplicado aos seres humanos, refere-se à tendência das pessoas de seguirem um grande influenciador ou mesmo um determinado grupo, sem que a decisão passe, necessariamente, por uma reflexão individual.

"Se muitas pessoas compartilham uma ideia, outras tendem a segui-la. É semelhante à escolha de um restaurante quando você não tem informação. Você vê que um está vazio e que outro tem três casais. Escolhe qual? O que tem gente. Você escolhe porque acredita que, se outros já escolheram, deve ter algum fundamento nisso", diz Fabrício Benevenuto, professor da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), sobre a atuação de usuários nas redes sociais. Ele estuda desinformação nas redes e testou sua teoria com um experimento: controlou quais comentários apareciam em um vídeo do YouTube e monitorou a reação de diferentes pessoas.

Quanto mais elas eram expostas só a comentários negativos, mais tendiam a ter uma reação negativa em relação àquele vídeo, e vice-versa. "Um vai com a opinião do outro", conclui Benevenuto. Em seu experimento, os pesquisadores chegaram à conclusão de que a influência estava também ligada a níveis de escolaridade: quanto menor o nível, mais fácil era ser influenciado.

A estratégia de influenciar usuários nas redes incluía ação conjunta para tentar "bombar" uma hashtag (símbolo que agrupa um assunto que está sendo falado nas redes sociais), retuítes de políticos, curtidas em suas postagens, comentários elogiosos, ataques coordenados a adversários e até mesmo falsos "debates" entre os fakes.

Alguns dos usuários identificados como fakes tinham mais de 2 mil amigos no Facebook. Os perfis publicavam constantemente mensagens a favor de políticos como Aécio Neves (PSDB) e o presidente do Senado, Eunício Oliveira (PMDB), além de outros 11 políticos brasileiros.

 (Disponível na íntegra em  https://www.bbc.com/portuguese/brasil-42243930 Acesso em 20 de julho de 2020)

Sobre o texto 2, responda:

5.Qual a fonte do texto, ou seja, onde esse texto foi publicado originalmente?

6.De acordo com o texto, o que seria o “comportamento de manada”?

7.Citação de autoridade, também chamada de argumento de autoridade, é um recurso próprio de reportagens e artigos que consiste na presença da voz de um ou mais especialistas que se destacam no tema apresentado pelo texto. Essa voz pode ser de um pesquisador, estudioso, professor ou profissional ligado à área de interesse do assunto sobre o qual se está escrevendo ou mesmo falando. Sobre isso, responda:

a)No texto analisado, de quem é essa voz?

b)Que sinal gráfico de pontuação nos permite reconhecer as citações de autoridade presentes no texto?

c)Analise no contexto do texto os usos de aspas nas palavras “bombar” e “debates”. Nesses dois casos, as aspas foram usadas por motivos diferentes, explique cada um deles.

TEXTO 3: para ler


Para persuadirmos nossos interlocutores, ou seja, para convencê-los de que nossas opiniões são válidas, não basta fazer uso de achismos e observações superficiais da realidade. É preciso aprender a desenvolver argumentos convincentes. A seguir temos os tipos de argumento mais comuns no processo de argumentação.

Tipos de argumento

Ø    Argumento de autoridade: é aquele que apresenta o conhecimento de um ou mais especialistas no assunto tratado no texto. Esse tipo de argumento também é chamado de “citação de autoridade”. Vale ressaltar que, nesse contexto, a palavra “autoridade” não está relacionada à autoridade legal ou policial, mas à autoridade científica obtida por meio de estudos, pesquisas e aprofundamento em uma área do conhecimento.

Ø    Argumento por evidência: é aquele que apresenta dados, estatísticas, resultado de pesquisas, números que comprovam a informação usada como argumento.

Ø    Argumento por exemplificação: é aquele que apresenta exemplos, fatos e situações que reafirmam uma opinião.

Ø    Argumento de causa e consequência: é aquele apresenta um raciocínio lógico com relações de causa e consequência.

Ø    Argumento da competência linguística: é aquele que apresenta uma linguagem bem elaborada e totalmente de adequada ao interlocutor. Trata-se de uma estratégia não apenas de domínio da linguagem, mas da situação em que estão envolvidos locutor e interlocutor.

 TEXTO 4 (somente para leitura)

E SE FOSSE UM BRANCO?

Por Sarah Teófilo – Jornal Opção – edição 2024/2014

O caso do ator Vinícius Romão mostra que no século 21 o regime de separação racial ainda está fortemente presente no Brasil. Mesmo com Mandela e com um presidente dos EUA negro, uma pessoa com a pele escura ainda é vista por muitos nessa sociedade com olhos preconceituosos.

É culpado até que se prove o contrário. Um ator negro, confundido com um assaltante nas ruas do Rio de Janeiro, ficou preso por 15 dias até um juiz decretar sua soltura, na última terça-feira (25/2). No momento da prisão, o ator de 26 anos, Vinícius Romão, formado em psicologia, voltava do shopping onde trabalha para complementar a renda enquanto tenta alavancar sua carreira de ator. O mais interessante é que nenhum objeto furtado foi encontrado com ele, que mesmo assim foi tirado do seu percurso diário algemado. Segundo o pai de Vinícius, o tenente-coronel da reserva do Exército Jair Romão, no depoimento o policial ainda escreveu que Vinícius tinha passado o material para uma pessoa conhecida como “Braço” só para justificar a prisão dele. Afinal, alguém tinha que ser preso, certo?

Jair Romão disse não acreditar se tratar de racismo, que a descrição da vítima é parecida com a de seu filho. O advogado Flávio Buonaduce Borges disse que o caso se parece mais com erro policial do que com o crime de racismo. “Pode ter sido racismo do policial, mas não creio que se encaixe no crime de racismo”, esclareceu.

De qualquer forma, o que nós brasileiros percebemos é que negro é sempre visto como mais suspeito que uma pessoa de pele clara. O professor titular do departamento de Sociologia da Universidade de São Paulo (USP), Antonio Sérgio Alfredo Guimarães, escreveu um texto cujo título é “Suspeição estatística”. A expressão, segundo o docente, significa um conjunto de características do indivíduo, como o perfil físico, cultural e a apresentação de si, que se associam estatisticamente a certos delitos. Ele exemplifica que, “se a frequência de jovens negros presos por roubo é maior que a de jovens brancos, os jovens negros tornam-se suspeitos porque seu grupo de pertença tem maior probabilidade de cometer tal delito”.

Às vezes parece que enxerga-se o negro como se fossem todos iguais (como gêmeos mesmo!), sendo confundidos facilmente, como foi no caso de Vinícius. E isso me faz lembrar de um episódio da série humorística estadunidense, “Todo Mundo Odeia o Chris”, em que uma senhora branca é assaltada e ao descrever quem a assaltou diz: “Ele é negro, é negro e é negro”. É claro que Chris foi um dos suspeitos. Afinal, quem mandou nascer negro?

O fato de Vinícius ser ator me fez lembrar da lei de 2002, proposta pelo atual senador Paulo Paim (PT/RS), que na época era deputado, que propunha a quota de 25% dos espaços destinado à produção televisiva, cinematográfica e teatral e 40% à publicidade de atores afro-descendentes. Coincidiu com a exibição da telenovela Porto dos Milagres, adaptação de obra de Jorge Amaro, ambientada na Bahia, cuja temática principal era uma comunidade pesqueira e a ligação deles com o universo religioso afro-brasileiro. De 45 atores no elenco, apenas 6 eram negros. E isso na Bahia, cuja capital é a mais negra do país!

Para reafirmar esta questão de que pobre e negro nesse país não tem vez, recentemente o Jornal Opção Online repercutiu o caso de Heberson Lima, um homem pobre preso injustamente no Amazonas acusado de ter estuprado uma criança de 9 anos. Após ser preso, Heberson foi estuprado na prisão e adquiriu o vírus da Aids. Assim como no caso de Vinícius, uma pessoa simplesmente levou o dedo em direção a Heberson e disse: “Foi ele!” Acontece que este homem tinha uma desavença com o então ajudante de pedreiro, que ficou por três anos preso até obter ajuda de um advogado, que levou seu caso adiante e Heberson foi absolvido em 2006.

Ações afirmativas são implementadas e pensadas constantemente no Brasil. No entanto, um problema cultural se cura com o tempo e muito esforço da população. Esforço esse que não pode se dar somente com políticas compensatórias ou de reposição àqueles chamados de “excluídos”. É um processo quase civilizatório, em que paulatinamente a população passará a entender que negro não é sinônimo de ladrão, que Candomblé não é macumba, e muito menos índios são preguiçosos. É uma ironia imensa um país repleto de miscigenação demorar tanto a superar preconceitos como estes. Mas pudera! Uma nação que tanto relutou em abolir a escravidão terá que demandar um grande esforço para desenraizá-lo.

Os negros deviam ter vindo ao nosso país como reis, mas vieram como escravos. E mesmo depois do fim daquele terrível tempo, o preconceito racial persiste nos fazendo lembrar daquela época. Alguns ainda insistem em dizer que o racismo não existe, que é mais fácil silenciá-lo, fingir que não existe. Mas sempre existem aqueles casos em que o negro é confundido com funcionário de uma loja, como babá de seu filho branco ou como ladrão.

A cor da violência está aí para nos mostrar quem mais morre no país. O Mapa da Violência de 2013 apurou que as taxas de homicídio da população preta (19,7 óbitos para cada 100 mil pretos) são 88,4% maiores que as taxas brancas (10,5 óbitos para cada 100 mil brancos). Desta forma, proporcionalmente morrem 88,4% mais pessoas pretas do que brancas.

Interessante como Huxley, com o Admirável Mundo Novo, criticava essa sociedade na década de 30, e aparentemente, esse regime de separação racial pouco mudou. Negros ainda são vistos como descontrolados, primitivos, que devem ser enviados para o recondicionamento a fim de não ser uma ameaça ao bom cidadão branco. O doído é ver isso no Brasil, país fruto da miscigenação.

Nosso eterno presidente da África do Sul, Nelson Mandela, que faleceu em 2013, lutou contra essa separação – o apartheid. Mandela, que levou o Prêmio Nobel da Paz em 1993, encabeçou uma série de articulações políticas que culminaram nas primeiras eleições democráticas e multirraciais da África do Sul, em 1994, e foi ele o primeiro presidente negro do país africano. E há pouco tempo o mundo conheceu Barack Obama, o 1º presidente negro nos Estados Unidos da América, país conhecido pelo imenso preconceito racial. Mesmo assim, com grandes figuras políticas com a pele escura, ainda somos obrigados a perceber diariamente o racismo.

A estudante da Universidade de Oxford, Lily Green, que tem textos publicados na BBC Brasil, escreveu uma frase interessante em um dos seus textos intitulados “Uma inglesa brasileira”. Nesse artigo, Lily, cuja nacionalidade é inglesa, fala sobre como as pessoas a confundem com brasileira por ter a pele morena, os cabelos castanhos e os olhos escuros. Ao falar sobre a temática do racismo no Brasil, a inglesa diz: “Não esperava que em um país com população tão geneticamente diversa e misturada, sem história de apartheid em tempos recentes, fosse tão marcado pela discriminação racial”.

Não interessa se Vinícius é ou não o assaltante, mas sim a forma em que tudo ocorreu. Mesmo se ele não for inocente, é absurdo uma pessoa voltar para a casa depois de um longo dia de trabalho, e simplesmente ir preso porque alguém apontou e disse: “Foi ele!” Depois disso, ainda ficar 15 dias preso sem nenhuma comprovação de que foi de fato ele que cometeu o crime. Pois é isso que ocorre no Brasil com negros e pobres. Desta forma, Vinícius, faça a você mesmo um favor: na próxima encarnação, por favor, peça para nascer branco.

 https://www.jornalopcao.com.br/ultimas-noticias/e-se-fosse-um-branco-2193/ Acesso em: 17 de abril de 2020

 

QUESTÕES (copie e responda em seu caderno)

8.A tese, ou seja, a ideia principal, defendida pela autora do artigo “E se fosse um branco?” é a de que no século XXI o regime de separação racial ainda está fortemente presente no Brasil, pois o negro nesse país não tem vez e é sempre visto como suspeito de cometer delitos. Assim sendo, copie do texto:

a)Um argumento de autoridade apresentado pela autora

b)Dois argumentos de exemplificação apresentados pela autora

c)Um argumento de evidência apresentado pela autora

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