Olá, Galera. Hoje vamos falar sobre "atitude historiadora" e "fontes históricas". Para refletirmos sobre esses conceitos, vamos assistir um Programa de TV que produzimos em 2020 para a Secretaria Municipal de Educação de São José do Rio Preto. Na época, as crianças estavam em isolamento em suas casas e uma das alternativas criadas para garantir as aulas foi a veiculação dessas teleaulas pela TV Câmara. Clique no link abaixo para ver esse programa. (O programa de História começa no 13º minuto)
Você já descobriu a resposta para a questão final do programa? Qual é a 4ª atitude historiadora que a Pandemia levou os professores de História de Rio Preto acrescentar às 3 (três) sugeridas pelo Professor Cotrim na página 13 do seu livro de História? Ainda não???
QUE HISTÓRIA É ESSA?
DONA CRISTINA PERDEU A MEMÓRIA
Agora que você assistiu o primeiro programa feito pelo Professor e seu assistente @HG (o amigo virtual que monitora nossas tarefas pela internet) e viu a história de Zadig no Telecurso 2000 e assistiu ao curta-metragem "Dona Cistina perdeu a memória", vamos aprofundar a análise desse material - lendo o script do filme que está abaixo e pensando um pouco mais sobre a relação entre aquilo que Dona Cristina chama de relíquias e o que os historiadores profissionais chamam de Fontes.
Observação: script é um tipo de texto utilizado nos filmes e peças teatrais. Por isso, os diálogos entre os personagens são intercalados pela descrição das ações e do ambiente em que se dá a cena representada.
QUINTO ATO
(D. Cristina trabalha, Antônio aparece no pátio e fica olhando D. Cristina meio de longe)
DONA CRISTINA: - Antônio, vem cá. (Antônio se aproxima)
DONA CRISTINA: - Eu tenho um presente pra ti, Antônio. D. Cristina dá para Antônio um monte de pedaços de madeira tirados da cerca. Antônio pega, encantado.
ANTÔNIO: -Eu também tenho um pra senhora.
(Antônio larga a madeira no chão e tira o relógio de D. Cristina do bolso. Dá o relógio pra ela)
DONA CRISTINA (pegando o relógio): - Que lindo! É muito parecido com um que eu tinha, perdi num dia desses. Era um relógio suíço que eu ganhei do meu filho. Quando ele ficou moço ele foi estudar na Alemanha e se tornou aviador. Era comandante de uma grande companhia. Desde pequeninho ele adorava voar. E um dia ele voou tão alto que o avião dele sumiu no céu. (D. Cristina já não trabalha na cerca e olha para o céu como se seguisse o vôo de um avião. Antônio ouvia encantado a história de D. Cristina e seguia o seu olhar tentando enxergar o avião que ela parecia ver)
DONA CRISTINA: - Claro que a história não é bem assim, mas é esta que eu guardo na memória pra não ficar muito triste. (voltando a olhar para o relógio) Este eu vou guardar junto com as minhas relíquias pra não perder.
ANTÔNIO: - O que que é relíquia?
DONA CRISTINA: - Relíquia é uma coisa muito velha que não tem importância pra ninguém. Só pra ti.
(A cerca entre os dois pátios já quase toda desmontada. A pista no pátio de Antônio está bem mais incrementada. Dona Cristina, ajoelhada no chão, coloca outros suportes para equilibrar a tábua que sempre cai. Antônio se aproxima ainda com pijama e cabelos desajeitados (cara de quem acabou de acordar).
DONA CRISTINA: - Oi, Antônio, bom dia. Hoje tu dormiste mais que a cama. (Antônio sorri, ainda se espreguiçando)
DONA CRISTINA (se levantando com certa dificuldade entrega a ponte de madeira refeita por ela): - Acho que agora não cai mais.
(Antônio rapidamente pega o triciclo e se dirige para o início da pista. Dona Cristina o interrompe)
DONA CRISTINA: - Espera um pouquinho. Antes de tu te perder na pista eu tenho uma coisa muito séria pra te dizer. Antônio obedece. Dona Cristina senta num banco improvisado.
DONA CRISTINA: - Senta aqui. (Antônio senta ao seu lado)
DONA CRISTINA (falando em tom baixo, conspiratório): -Os meus colegas dessa aí onde eu moro tão só cochichando, dizendo que eu tou perdendo a memória. Mas não é verdade. Toda minha memória tá bem guardadinha, eu não perdi nadinha. Eu acho que eles tão inventando esta história é pra me roubarem porque eu tenho coisas muito valiosas.
(Dona Cristina começa a tirar pequenos objetos da roupa. Antônio fica encantado com cada um que vê)
DONA CRISTINA: - Tá vendo esta concha? Eu achei na primeira vez que fui pra praia. Quando eu era pequena nós íamos pra praia de carroça. Levávamos dois dias. Minha mãe fazia fornadas de bolachas. Botava numas latas grandes. A gente enchia a carroça de cobertas, comida e saíamos atravessando as fazendas até chegar na praia. (pega uma nota de dinheiro antiga do sutiã) Este dinheiro o meu padrinho me deu uma vez que foi nos visitar, ele morava em Caxias e só aparecia uma vez por ano. Eu achei melhor não gastar e guardar como uma lembrança dele. (pega o Santo Antônio) este é o santo Antônio, o santo casamenteiro. (pega a foto) olha eu quando era pequenina na confeitaria do meu pai. O meu pai tinha uma confeitaria ali na rua da Praia. (pega o pregador) Este pregador o meu marido me deu numa páscoa. Quando eu cheguei em casa tava um ovo em cima da minha penteadeira. Eu me desanimei. Não é possível que ele tenha me dado um ovo de chocolate eu pensei, ele sabia que eu ficava até aqui de chocolate por causa da confeitaria Mas aí eu sacodi o ovo e vi que tinha alguma coisa dentro. (pega um monóculo e mostra pra Antônio) Olha (Antônio bota o monóculo contra o céu). Este é o Francisco, meu filho e este era um dos aviõezinhos dele (tirando um aviãozinho do bolso). Eu dei pra ele quando ele fez cinco anos. Acho que foi aqui que ele começou a querer ser aviador.
(Antônio vai colocando todos os objetos na camiseta)
DONA CRISTINA (tirando outros objetos da roupa): - Eu quero que tu guarde tudo isto pra mim. Porque quando alguém vier dizer que eu tou perdendo a memória eu digo que é mentira. Que ela tá bem guardadinha.
ANTÔNIO: - Pode deixar. Eu vou guardar num lugar que ninguém vai mexer. E sempre que a senhora quiser se lembrar de alguma coisa é só a senhora me pedir.
(Antônio se levanta, coloca todos os objetos na caixinha atrás do triciclo. Coloca o patinho de madeira a percorrer a mini pista e começa a trilhar a grande pista cuidadosamente. Logo à sua frente está a tábua que cai. Dona Cristina o assiste com atenção. Antônio vai pedalando devagarinho. Chega na tábua que cai. A tábua treme. Antônio tenta se equilibrar. Quase cai para o lado de dentro. O patinho segue firme na pista. Dona Cristina olha Antônio temerosa. Os objetos rolam. Antônio tenta reequilibrar o triciclo. O triciclo desequilibra para o lado de fora. Os objetos rolam para o outro lado. O Patinho segue na sua pista. Antônio consegue reequilibrar o triciclo e passa pela tábua crítica. Dona Cristina respira aliviada. Antônio acena para ela e pedala com mais segurança e mais rápido em direção ao final da pista. O patinho chega no final de sua pista. A câmera se afasta. Antônio chega no final da pista. Dona Cristina festeja. Antônio volta para o início e agora, mais confiante, percorre toda a pista novamente. E faz isto sem parar)
O CUIDADO E AS FONTES HISTÓRICAS
Essa é uma história muito interessante que nos mostra o quanto é importante o cuidado em nossa sociedade. No filme, a convivência do menino “Antônio” com a idosa “Dona Cristina” favorece o cuidado consigo próprio e com os outros que deve permear nossas relações na sociedade. Mais do que isso, podemos dizer que Antônio demonstrou uma ATITUDE HISTORIADORA. É o que podemos aprender com essa experiência.
Além disso, o filme mostra como as "relíquias" de Dona Cristina podem se constituir como fontes históricas e ser objeto da investigação do Historiador. para entendermos esse processo, vamos refletir sobre o Método Científico, a ferramenta que os historiadores utilizam para selecionar, guardar e interpretar as fontes que a memória popular nos deixou e que se tornaram o ponto de partida do trabalho dos historiadores.
A história é uma ciência e, portanto, possui um método de investigação (ferramentas). O historiador analisa as TRANSFORMAÇÕES e PERMANÊNCIAS que ocorreram ao longo do TEMPO nas diferentes sociedades humanas.
Para isso, ele investiga as diferentes marcas deixadas pelo homem na história. Esses rastros deixados são chamados pelos historiadores de FONTES HISTÓRICAS. No caso da Dona Cristina, essas fontes eram chamadas por ela de “relíquias” e eram visuais (o monóculo com a foto de Francisco) e/ou objetos da sua cultura material (batom, conchinha, pregador...)
Além disso, a própria Dona Cristina era uma fonte (nesse caso, ORAL) porque seu TESTEMUNHO pode ser objeto de investigação do historiador. Leia a transcrição das 2 (duas) cenas finais do filme e identifique as fontes históricas presentes no curta-metragem.
FORMULÁRIO DE QUESTÕES
Ao terminar sua leitura e análise dos filmes e programas sugeridos, clique no formulário (abaixo) e responda às questões propostas. Lembre-se que o formulário será encaminhado, uma única vez, diretamente para o professor assim que você clicar em “enviar”.
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