Olá, Galera. Você já deve ter visto na
TV, o mapa-múndi utilizado pelas agências de informação que mostram o avanço da
pandemia de Coronavírus nos últimos anos. Gráficos, mapas e planilhas de dados
tem sido utilizados em larga escala pelos meios de comunicação para demonstrar
a gravidade da crise sanitária em que vivemos.
Essa utilização crescente de
representações do globo terrestre para evidenciar uma situação é um exemplo da
importância do conhecimento e uso das ferramentas de interpretação próprias da
Geografia em nossa vida.
Para entendermos melhor, e
interpretarmos corretamente essas diferentes fontes geográficas, alguns
conceitos básicos precisam ser trazidos à luz. Globalização, Capitalismo
Monopolista, Terceiro Mundo, Pandemia, Pobreza Mundial, são
alguns desses conceitos que exigem explicação e compreensão para que possamos
utilizar o conhecimento geográfico para entender o mundo em que vivemos;
e os “diferentes mundos” com os quais nos relacionamos (observe que a
palavra “mundo”, nesse caso, é utilizada no sentido figurado para
ampliar o conceito em seu uso cotidiano)
A chamada “globalização” é um desses
temas importantes que nos ajuda a entender o aumento da desigualdade e da
pobreza no mundo atual e a própria ideia de pandemia, em si. Mas, afinal o que
é GLOBALIZAÇÃO?
GLOBALIZAÇÃO
Vamos refletir sobre o conceito de globalização.
Para começar, leia a letra da música “Parabolicamará” (1992) de Gilberto Gil que
propomos (abaixo):
Você observou a oposição das ideias: “Terra
x Mundo”, contida na música?
Por que você acha que ele diz:
“Antes mundo era pequeno
Por que Terra era grande.
Hoje mundo é muito grande
Por que Terra é pequena?”
Você acha que o mundo cresceu? Será
que a Terra diminuiu? É possível isso?
E o que dizer dessa outra relação:
“De Jangada leva uma eternidade...
Pela onda... o tempo de um raio?”
Como se explica esse “encurtamento
das distâncias” entre as pessoas?
O conceito que nos ajuda a entender
esse processo é Globalização. Com o fim da Guerra Fria, no final da década de
1990 (a música é de 1992), começa-se a esboçar uma nova “ordem mundial” com
a promoção de profundas transformações na organização do especo geográfico, as
quais repercutiram nas formas de produzir, pensar e fazer política no mundo. Os
protagonistas nesse contexto foram os Estados Unidos, a Europa e o Japão, que
despontaram como novos centros do poder mundial. (posição esta ameaçada
atualmente pelos países emergentes, como a China e a Rússia pós-Soviética)
CAPITALISMO MONOPOLISTA
Globalização significa o crescimento
da interdependência entre países, governos, empresas, organismos multilaterais
e povos do mundo. Embora o termo globalização seja recente, o fenômeno, em si,
remonta ao início da modernidade com as Grandes Navegações Marítimas do século
XVI. O crescimento desses fluxos ocorreu devido a evolução tecnológica dos
meios de comunicação e transporte que criou a sensação de que o mundo era uma
grande aldeia global (McLuhan, 1911-1980)
Por outro lado, a globalização
aperfeiçoa o capitalismo que atinge, nesse contexto, uma etapa global (ou
MONOPOLISTA) pela via da financeirização
da economia. O fluxo de capitais é direcionado para os países capitalistas
centrais e as grandes empresas sediadas nesses países. Muitas das atividades
dessas empresas são financiadas pelos estados Nacionais e pelo sistema bancário
gerando um alto nível de especulação financeira e concentração de renda e
riqueza.
TERCEIRO MUNDO
Mas a globalização, produto de um
processo de revoluções tecnológicas e industriais, não é um passeio no parque.
Ela, apesar de uma aparente democratização dos meios de comunicação globais e
de produtos, principalmente nos países capitalistas centrais, foi marcada por
profundas contradições sociais como as que dividiram o mundo pós-guerra fria em
países ricos e desenvolvidos (nações capitalistas e Estados planificados) e
países pobres e subdesenvolvidos (o chamado “Terceiro Mundo”)
Esse paradoxo pode ser observado no
curta-metragem “Meow”(1981) de Marcos Magalhães. Nessa
divertida animação, um gato esfomeado fica sem leite, e é convencido a tomar um
refrigerante (a “soda”, uma metáfora de Coca-Cola). O pano de
fundo é um cenário marcado pela desigualdade e pobreza nos países da periferia
do sistema, o Terceiro Mundo, e pelas contradições do capitalismo global. Confira:
MEOW - MARCOS MAGALHÃES - 1981
Como o gatinho da animação, os pobres
são, na sociedade global, as principais vítimas da globalização financeira
porque a pobreza é multidimensional (ou seja, atua em
múltiplas e diferentes dimensões: fome, desigualdade social, saúde, educação...)
“A pobreza envolve um conjunto de fatores, como renda, condições
de alimentação e acesso a serviços de saúde e educação, condições de habitação
e exclusão social" (Livro de Geografia, Pág. 56)
PANDEMIA
Ora, pelo que vimos até o momento, a
pobreza é produto de múltiplos fatores, entre outros, a saúde.
Mas, será essa realidade global ou nacional? E, se for o caso, a degradação das
condições de saúde poderá aumentar a pobreza?
Para entendermos isso, e as
consequências da proliferação do vírus, é preciso, em primeiro lugar,
diferenciar pandemia (que é global!) de epidemia (que é de caráter regional ou
nacional) para saber se o mundo que globalizou as comunicações, os mercados e
as finanças... globalizou a doença, e consequentemente, a pobreza.
Você ainda não está convencido disso,
jovem? Então veja o que diz a Professora de História Joelza Ester Domingues
sobre essa diferença entre as “epidemias” que são
locais e a “pandemia” que é global:
“Epidemia e
pandemia, qual a diferença? As duas palavras são de origem grega. Epidemia,
originária de epi, que significa acima e demos, “povo”, é a rápida disseminação
de uma doença contagiosa que atinge um grande número de pessoas em uma região.
Pandemia, de pan, que significa “todo” e demos, povo (povo inteiro), é uma
epidemia que se propaga em uma grande área geográfica internacional afetando,
portanto, uma parte da população mundial. Somente a OMS pode declarar uma
pandemia.” (Joelza Ester Domingues)
Pois bem... para entender esse
contexto em que vivemos, precisamos, mais do que nunca, de um pensar
geográfico que nos situe nesse mundo globalizado, o
que faz com que uma epidemia se GLOBALIZE e se torne uma PANDEMIA.
Foi por isso que a OMS (Organização
Mundial de Saúde, que é um organismo da ONU, a Organização das Nações Unidas)
declarou (em 11 de março) que estamos vivendo numa pandemia: “A Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou
nesta quarta-feira, o surto de Coronavírus, uma “pandemia global”. O
diretor-geral da organização afirmou em entrevista coletiva: “Estamos
preocupados com os níveis alarmantes de propagação e inação”. Para a OMS
“É preciso retardar a expansão do vírus. (...) Os países têm de
encontrar o equilíbrio entre proteger a saúde, minimizar o transtorno econômico
e social e respeitar os direitos humanos”.
AUMENTO DA POBREZA E DESIGUALDADE
Para piorar, a doença é, por si só, multidimensional,
ou seja, produz mais desigualdade e pobreza. Segundo a OXFAM, “A
crise econômica provocada pela pandemia de coronavírus pode levar mais de 500
milhões de pessoas para a pobreza, a menos que ações urgentes sejam tomadas
para ajudar países em desenvolvimento.” A organização pede que os líderes
mundiais “aprovem um plano emergencial de resgate econômico para os países e
comunidades pobres”. A Oxfam estima que: “entre 6% e 8% da população
global, cerca de 500 milhões de pessoas, entrarão na pobreza se os governos não
fecharem suas economias para impedir que o coronavírus se espalhe em seus países”.
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