OLÁ GALERA.
A ocupação da América e do Brasil, chamada pela historiografia tradicional de "descobrimento" como já vimos, não pode ser compreendida sem olharmos o quadro do ponto de vista do 3º protagonista dessa História: o do negro capturado na África, e escravizado pelas elites europeias, nas Américas.
Brasil, EUA (em particular, as colônias do sul em larga escala), Haiti, Colômbia, entre outros países americanos receberam e escravizaram mais de 10 milhões de pessoas ao longo de de 3 (três) séculos: Foram 300 no século XVI, 1 milhão no século XVII, 5,5 milhões no século XVIII e 3,5 milhões da primeira metade do século XIX até 1875 (ano em que a abolição estava formalmente encerrada na maior parte dos países do continente)
Nessa atividade vamos estudar, em particular das regiões de onde foram trazidos afrodescendentes na diáspora africana para as Américas. Trataremos dessa questão analisando um artigo sobre a beleza e diversidade das "Máscaras Africanas"; e um foto-documentário brasileiro: "Sankofa - a África que te habita".
MÁSCARAS AFRICANAS
Durante muito tempo, as máscaras africanas foram vistas
pelos colonizadores europeus como peças exóticas, exibidas como curiosidades
nos museus ou nas residências de viajantes ricos. Para os povos africanos,
contudo elas têm um significado espiritual e religioso e, desde tempos remotos,
são usadas em celebrações.
O uso de máscaras é uma característica dos povos da África
Subsaariana (ao sul do deserto do Saara). Um povo pode ter dezenas de máscaras
diferentes e, entre os numerosos povos do continente, elas variam em estilo,
tamanho, material utilizado, usos e significados. A máscara africana é, dessa
forma, importante elemento de identidade cultural de cada etnia atestando a
riqueza e a complexidade do patrimônio cultural africano.
SIGNIFICADO E OBJETIVO DAS MÁSCARAS AFRICANAS
Quando uma pessoa usa a máscara africana ela assume a
entidade que a máscara representa, transformando-se no espírito evocado pela
própria máscara que passa a residir dentro do corpo da pessoa. A máscara
africana procura captar a essência do espírito, e não os seus traços físicos
reais; por isso, ela faz uso de distorções e abstrações.
Muitas culturas africanas imprimem em suas máscaras
elementos morais. Na Costa do Marfim, os Senefu, têm os olhos meio fechados,
simbolizando uma atitude pacífica, autocontrole e paciência. Já as máscaras dos
Grebo têm olhos redondos representando estado de alerta e raiva, e o nariz reto
significa determinação e decisão.
MÁSCARAS AFRICANAS DE ANIMAIS
Os animais são comumente representados nas máscaras
africanas, podendo simbolizar o espírito de um determinado animal (para que
fique longe da aldeia ou não devore a plantação). Em outros casos, um animal
pode servir de símbolo de virtudes: o búfalo representa força física para os
Baoulé. Antílopes são associados a colheitas abundantes de milho para os Dogon do
Mali.
BELEZA FEMININA
Outro tema comum das máscaras africanas é a beleza feminina.
Os Punu, do Gabão, por exemplo, fazem máscaras com olhos amendoados,
sobrancelhas finas e arqueadas, nariz e queixo finos. Os Baga, de
Guiné-Bissau, fazem máscaras com escariações no rosto, nariz grande e seios
caídos.
Uma das representações mais conhecidas da beleza feminina é
a Idia, máscara africana de Benin, feita de latão. Acredita-se ter sido
encomendada pelo obá Esigie (c.1516-c.1550) em memória de sua mãe, uma rainha-guerreira.
O rei usava a máscara em seu quadril durante cerimônias especiais.
MÁSCARAS AFRICANAS DE ANTEPASSADOS
A veneração dos antepassados é um elemento fundamental da
maioria das culturas africanas tradicionais e, por isso, também eles são temas
para máscaras. Um exemplo bem conhecido é a máscara africana Pwo Mwana
(literalmente “mulher jovem”) do povo Chokwe, de Angola e República Democrática
do Congo, que mistura elementos de beleza feminina com outros referentes à
morte (Representam um ancestral feminino que morreu jovem e é venerada em
rituais de fertilidade).
Há também máscaras ancestrais de pessoas notáveis,
históricas ou míticas. O povo Kuba, do Congo, reverencia seu lendário fundador
Woot com a máscara africana mwaash ambooy, e a sua linda esposa Mweel com
a máscara africana ngady anwaash.
ESTILOS E MATERIAIS DE CONFECÇÃO DAS MÁSCARAS AFRICANAS
O artesão que cria a máscara africana tem um estatuto
especial na sua comunidade. Em geral, essa arte é passada de pai para filho,
juntamente com o conhecimento dos significados simbólicos transmitidos por
essas máscaras.
Antes de começar a entalhar, o artesão realiza uma série de
rituais na floresta, onde normalmente desenvolve o trabalho, longe da aldeia e
usando ele próprio uma máscara africana no rosto. A máscara era criada com
total liberdade, de forma intuitiva, dispensando rascunho. A madeira era
modelada usando uma faca afiada. As peças iam do mais puro figurativismo até a
abstração completa.
Em geral, o material mais utilizado é a madeira e o couro,
mas existem também, máscaras de tecido, marfim, cerâmica, cobre e bronze.
Algumas têm cabelos de fibras naturais outras tem chifres ou cristas. Há
máscaras pintadas, outras são decoradas com miçangas, penas, dentes, sementes
ou búzios.
FORMAS DE USO
A máscara africana nunca é usada sozinha. O traje é
componente importante para esconder a identidade humana do mascarado. A música
e a dança são fundamentais para criar o ambiente propício que capta a essência
do espírito. O dançarino mascarado é alguém escolhido ou iniciado nos ofícios
religiosos.
As cerimônias de máscaras africanas são sempre acompanhadas de dança e música tocada com instrumentos musicais tradicionais. A participação do público completa a cerimônia. Batendo palmas, marcando o ritmo com os pés, cantando e, algumas vezes, dançando junto com o mascarado, o público contribui para a intensidade do ritual. Essa forte relação entre humanos e espíritos é a grande marca da cultura tradicional dos povos da África Subsaariana.
Resumo do texto original da Profª Joelza Ester Domingues – adaptação livre do Profº Celso Barreiro, maio de 2021. Se você quiser acessar o conteúdo original e as imagens entre no site: https://ensinarhistoriajoelza.com.br/mascaras-africanas-recortar-colorir/ - Blog: Ensinar História - Joelza Ester Domingues.
SANKOFA: A ÁFRICA QUE TE HABITA
Sankofa é um símbolo africano, uma espécie de fênix (ave mitológica chinesa) dos africanos. A ave se movimenta e dirige o olhar para as asas de trás. Ou seja, se quisermos dar um passo à frente, voar mais alto, percorrer um longo caminho é preciso olhar para o passado. O problema de um presente que não possui passado é que ele nos condena a não ter futuro.
Conta a lenda que os africanos, ao sair da África, eram obrigados a dar uma volta em torno do Baobá, a árvore do esquecimento. Devemos aprender essa lição dolorosa: "Para ser escravo é preciso esquecer".
Portanto, enganam-se aqueles que acham que a vida é um presente despojado de memórias, ou que sem fazer esse ajuste de contas com o nosso passado, a gente consegue construir o futuro impunemente.
ESCRAVIZAÇÃO
A escravização no Brasil teve início já nos primórdios da colonização brasileira com a subjugação dos povos ameríndios. A escravização do povo indígena atendeu o interesse da coroa portuguesa no Brasil, e espanhola nas colônias vizinhas.
Contudo, a empresa colonial possuía um lucrativo negócio, o tráfico transatlântico. As estimativas mais otimistas falam em 12,5 milhões de pessoas arrancadas de suas casas e comunidades e trazidas para trabalhar nas fazendas, oficinas e minas da América.
Embora a escravização dos povos indígenas tenha perdurado até 1758, foi o tráfico de pessoas e a escravização dos negros e negras da África que se tornou a marca da exploração colonial que sobreviveu em se perpetuou até o final do século XIX e deixou marcas profundas em nossa população. Esse é o tema de nossa primeira atividade sobre essa série que pretende compreender esse nefasto negócio chamado tráfico e escravidão.
Mas, quem eram essas pessoas que foram arrancadas de seus lares e submetidas ao mais cruel processo de desumanização de que se tem conhecimento? De onde vieram? Como viviam?
A DIÁSPORA AFRICANA
Para investigar esse tema é preciso conhecer um pouco da História da diáspora africana, o processo de dispersão da população do continente para abastecer as colônias americanas de mão-de-obra escravizada. Utilizaremos como fonte de nossa pesquisa, um belíssimo documentário (disponível na Netflix) chamado SANKOFA, A ÁFRICA QUE TE HABITA onde se propõe uma viagem percorrendo os lugares da África de onde saíram os povos trazidos pelo tráfico para serem escravizados no Brasil. (escravizado, veja bem, não escravo!)
Nesse documentário, dois pesquisadores, um fotógrafo e um historiador percorrem os lugares da memória da diáspora africana. Eles vão ao arquipélago de Cabo Verde, o conjunto de ilhas que foi o primeiro ponto de partida da escravização de negros pelos portugueses; depois aos países da chamada Costa da Guiné (a antiga costa dos escravos) onde fica Senegal, Gana, Togo, Benim e Nigéria. Em seguida, a viagem segue para Angola, na África Central, e finalmente, Moçambique, na África Oriental, o último lugar de embarque de negros escravizados na África e traficados para o Brasil.
FORMULÁRIO DE QUESTÕES
Ao terminar sua leitura e análise do filme, clique no formulário (abaixo) e responda às questões propostas. Lembre-se que o formulário será encaminhado, uma única vez, diretamente para o professor assim que você clicar em “enviar”.
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