ATIVIDADE 11: ESCRAVIDÃO - O PECADO ORIGINAL DA HISTÓRIA DO BRASIL



Olá Galera,

Por muito tempo, a escravidão foi considerada uma consequência colateral, uma espécie de acidente de percurso, na formação do capitalismo brasileiro. Hoje, a historiografia tem um olhar bastante diferente. Diversos autores como Laurentino Gomes, Jessé de Souza e Lilia Moritz Schwarcz entendem que a escravidão é o fato central de toda a organização daquilo que, mais tarde, chamaríamos de capitalismo colonial e, portanto, da nossa história.



MÉTODO DE PESQUISA

Para entendermos melhor esse processo preparamos diferentes fontes de pesquisa. Optamos, também, por considerar que boa parte das próximas aulas previstas nesse blog se darão de forma on-line, por priorizar materiais audiovisuais como teleaulas e vídeos didáticos. Nesse sentido, utilizamos os materiais didáticos da Fundação Roberto Marinho, bastante conhecidos pela sua divulgação em programas da Rede Globo; e a produção audiovisual feita pelo teatro de bonecos “mão molenga” para o Ministério da educação. Esses materiais são de domínio público e podem ser vistos em canais especializados do Youtube.

Além disso, inserimos um vídeo do site nerdologia sobre a "origem da escravidão" e um artigo da conceituada historiadora Joelza Ester Domingues sobre os “lugares de memória da escravidão” na África, nas Américas (em especial de suas ilhas, as chamadas Antilhas ou Caribe) e no Brasil. As ilustrações contidas no artigo são muito interessantes, razão pela qual optamos por inserir o link para que seja feito o direcionamento para o blog ao invés de reproduzir o texto em nosso blog e citar a fonte como fizemos em outra ocasião. A estrutura dessa atividade (com 2 (dois) vídeos, no mínimo, e o link de um texto-base de apoio) será mantida nas outras próximas atividades (atividades 12, 13 e 14) do blog. 

Para esse estudo sugerimos o seguinte encaminhamento:

1.    Leia a pequena síntese de conceitos históricos proposta sobre os temas abordados na obra (vídeos ou artigos em questão);

2.    Assista o Programa (teleaula do telecurso ou programa audiovisual da série 500 anos de Brasil Colônia) e/ou leia e analise as fotografias dos monumentos listados no site.

3.    Preencha o formulário proposto ao final da atividade.

CONCEITOS HISTÓRICOS

A aprendizagem proposta nesse semestre perseguirá o objetivo de demonstrar o funcionamento e a estrutura do capitalismo colonial na América portuguesa (Não se pode falar em “Brasil” ou “Estado Brasileiro” antes da independência em 1822).

DA ESCRAVIDÃO À ABOLIÇÃO - UM RESUMO

A ORIGEM DA ESCRAVIDÃO

O site Nerdologia desenvolve uma interessante reflexão sobre o conceito de escravidão. O ponto forte dessa fonte é a apresentação das diferenças culturais entre a escravidão praticada ao longo da História desde a antiguidade e o tipo de escravidão que se desenvolveu no Atlântico. 

O nerdologia esclarece que o caráter racial, baseada na cor da pele, é um aspecto particular da escravização de africanos pela empresa capitalista-colonial a partir do século XVI. Além disso, o site demonstra que a escravidão adquiriu um caráter mercantil-comercial que não tinha antes da idade moderna. O escravo é, nessa perspectiva, uma mercadoria lucrativa num negócio bastante rentável.

A ORIGEM DA ESCRAVIDÃO TRANSATLÂNTICA

A ROTA DOS ESCRAVOS - ONU

A ESCRAVIDÃO E A LUTA PELA LIBERDADE

Nessa atividade, em particular, discutiremos a escravidão como parte integrante e originária de toda a estrutura colonial montada no território brasileiro a partir de 1530 (lembrem-se que Portugal praticamente “abandonou” o território brasileiro nos primeiros 30 (trinta) anos de nossa história porque a empresa colonial estava voltada para os “negócios na índia” (motivação original das grandes navegações marítimas)

O programa da teleaula 10 do Telecurso de Ensino Fundamental discute o significado da escravidão desde a implantação do tráfico transatlântico que trouxe os seres humanos capturados e trazidos à força para trabalhar nas lavouras e minas da América portuguesa ao trabalho nas vilas (os primeiros núcleos urbanos) e/ou cidades coloniais brasileiras.

O programa inicia distinguindo a imigração forçada de negros africanos pelo tráfico negreiro (existente no Brasil entre o longo período da escravidão entre o século XVI e a 1ª metade do Século XIX) e a imigração de massa” de italianos, japoneses e de outros povos para as Américas e Brasil no início do século XX)

Em seguida, discute-se o tráfico de mais de 3,5 milhões de seres humanos na chamada diáspora negra (o processo de dispersão dos povos africanos de seu continente de origem por toda a costa americana)

A professora Sílvia Lara (Unicamp) explica o papel do pelourinho, e do castigo exemplar na manutenção da escravidão, e demonstra que, desde os primeiros tempos, os negros resistiram à escravidão das mais diversas formas. Essa resistência poderia assumir um caráter de integração ao sistema, juntando dinheiro para comprar a alforria (liberdade); ou em formas de fugas, lutas escravistas contra os senhores e formação de comunidades de negros livres (os quilombos)

O programa trata ainda de duas categorias sociais importantes para a manutenção da escravidão: os feitores (Uma espécie de jagunço dos fazendeiros que funcionavam como gerentes do trabalho nas fazendas e minas) e os capitães do mato (as milicias organizadas por brancos pobres assalariados nas vilas e cidades coloniais para capturar e castigar os negros rebeldes e “fujões”.

Outro conceito fundamental desenvolvido nessa teleaula é o de quilombo, as inúmeras comunidades de ex-escravos fugidos formadas ao longo do território, exemplificadas pelo maior e mais longevo quilombo da História, o Quilombo de Palmares.

Os quilombos, como sabemos, não eram uma exclusividade das regiões agrícolas. Havia, também, os quilombos urbanos (como é o caso do “Leblon”, o quilombo que deu origem ao nome de um importante bairro do Rio de Janeiro)

O programa desenvolve, ainda, o conceito de rebeliões escravistas para demonstrar a existência de diferentes formas de resistência colonial e comenta a experiência exemplar da Revolta dos Malês. A Revolta dos Malês, ocorrida na importante cidade colonial de Salvador (que foi a primeira capital do Brasil) foi organizada por um grupo de negros de origem muçulmana contra a escravidão.

Outro importante destaque do programa é provocar a reflexão sobre a presença de traços culturais africanos em nossa cultura: na língua, nos costumes, na religião, nos hábitos alimentares, na música e na dança, entre outros exemplos. De fato, a manutenção desses traços pode ser uma mostra de como a negritude resistiu e permaneceu em nossa história, apesar das tentativas racistas de apagamento dessa experiencia fundante de nossa história.

Finalmente, o programa termina ilustrando a luta pela liberdade no Brasil e nas América no século XIX, quando a escravidão passou a ser combatida em todos os espaços sociais e políticos. Destaca-se, nesse processo, a importância de abolicionistas negros como Luís Gama, Joaquim Nabuco, José do Patrocínio e André Rebouças. 

ESCRAVIDÃO: O PECADO ORIGINAL DA HISTÓRIA DO BRASIL (TELECURSO 10)


I.              DOS GRILHÕES AO QUILOMBO

O teatro dos bonecos, por sua vez, aprofunda o tema das permanências da cultura africana como produto, por si só, da luta pela preservação da identidade. Diferentemente da abordagem do telecurso que sugere que essa preservação se dá de forma natural e espontânea, o vídeo “Dos grilhões ao quilombo” mostra que essa permanência é produto da resistência do povo negro que se recusou a uma integração que anulasse a sua identidade africana.

As religiões africanas e afro-brasileiras são exemplos disso, na medida que essa prática foi duramente perseguida no período colonial, imperial e, até mesmo no início da República brasileira. A própria língua africana foi objeto de perseguição e violência porque, segundo esse vídeo, possuía um caráter integrador da comunidade negra.

O programa mostra que muitos negros “desistiam da própria vida” naquelas condições, numa forma de suicídio que ficou conhecido como “banzo”. Ou seja, profundamente angustiados e desesperados com esse quadro, os negros entravam em profunda depressão e se recusavam a se alimentar até que essa verdadeira “greve de fome” consumisse a própria vida.

Mas, diferentemente dessa forma de resistência individual que colocava fim à própria vida, os negros lutavam em revoltas contra os senhores e fugas organizadas pelas comunidades quilombolas.

O programa faz um retrato do mais importante quilombo da história: o quilombo de Palmares. O programa desenvolve uma reflexão sobre a história de Palmares desde sua fundação, planejamento e organização das comunidades. E termina destacando o papel de Zumbi, herói do povo negro, e líder quilombola, que resistiu até 1695.

Apesar do destaque dado à Zumbi, e ao episódio de sua morte que deu origem ao Dia Nacional da Consciência Negra em 20 de novembro de 1695, ambos os programas tratam da questão como eventos do passado. Infelizmente, as comunidades remanescentes de quilombos, que permanecem resistindo em diversos lugares do território nacional, sequer são tratadas por esses programas o que revela a permanência de uma historiografia conservadora no país.

ESCRAVIDÃO: DOS GRILHÕES AO QUILOMBO (500 ANOS)


I.              OS LUGARES DE MEMÓRIA DA ESCRAVIDÃO

Um dos campos mais importantes de resistência na atualidade é a preservação do direito à memória. A memória possui papel fundamental na consolidação de uma consciência crítica do povo brasileiro, em especial dos negros e negras do país. Daí a importância de se resgatar essa memória de dor e de luta do povo negro contra a escravidão.

O artigo da Professora Joelza descortina essa experiencia histórica pela apresentação de alguns monumentos à escravidão existentes em nossos dias como o Cais do Valongo (RJ) e as portas do “Não-retorno” por onde os negros saíam ao embarcar nos navios negreiros (em alguns países africanos)

A historiadora introduz o conceito de “monumento” de acordo com os pressupostos de um importante historiador da escola francesa dos anais (uma das mais importantes revistas científicas de História do início do século XX)

Considerando os monumentos como “representações materiais que fortalecem uma determinada identidade social”, Joelza nos apresenta um conjunto de 12 (doze) monumentos à memória da escravidão na África, Caribe e no Brasil.

LUGARES DE MEMÓRIA DA ESCRAVIDÃO NA ÁFRICA, AMÉRICA E BRASIL


ESTÁTUA DE BORBA GATO, SÍMBOLO DA ESCRAVIDÃO, É INCENDIADA POR ATIVISTAS

A estátua em homenagem ao bandeirante Manuel de Borba Gato (1649-1718), um dos monumentos mais tradicionais e controversos da cidade de São Paulo, foi incendiada na tarde deste sábado, 24. Um grupo denominado Revolução Periférica assumiu a autoria do ato e publicou nas redes sociais imagens do ataque. Diversos jovens mascarados de preto jogando pneus e em seguido líquido inflamável e colocando fogo. As labaredas subiram rapidamente, assim como a fumaça preta no bairro de Santo Amaro, zona sul da cidade.

Inaugurada em 1963, a estátua é alvo de críticas pelo papel de Borba Gato no avanço colonizador ao interior do país na época da mineração, tomando terras e escravizando indígenas e negros. A estátua tem 13 metros de altura e levou seis anos para ficar pronta. A obra do escultor Júlio Guerra (1912- 2001) já havia sido pichada em 2016, junto com o Monumento às Bandeiras, outro símbolo da exploração colonial brasileira na cidade. Diversos grupos pedem a derrubada da estátua, em um movimento que ganhou força no ano passado após decapitações e demolições de símbolos escravagistas nos Estados Unidos impulsionadas pela onda de protestos antirracistas gerada pela morte de George Floyd.

“Borba Gato, bandeirante, foi um escravocrata responsável pela morte de povos indígenas durante a interiorização do território brasileiro. Hoje, a estátua Borba Gato, situada no bairro de nome homônimo, no distrito de Santo Amaro, presta homenagem à sua biografia genocida”, descreve uma das petições on-line direcionadas à Secretaria Municipal de Cultura cobrando a retirada da estátua. “Nós, Guarani das aldeias de São Paulo, nos sentimos humilhados todas as vezes que passamos ao lado dessa estátua. Borba Gato foi um assassino de povos indígenas e não pode ser considerado um herói”, argumenta outro abaixo-assinado.

Nas redes sociais, o grupo Revolução Periférica também aparece colando cartazes em pontos da cidade com a pergunta: “Você sabe quem foi Borba Gato?”

A Polícia Civil informou que prendeu na madrugada desde domingo um dos suspeitos, ao identificar o motorista do caminhão que conduziu parte do grupo até local e transportou os pneus. Segundo a Secretaria da Segurança Pública do Estado, a placa do veículo foi adulterada, e as investigações prosseguem para identificar e localizar os demais envolvidos.

Como contou a reportagem do EL PAÍS em 2017, a figura dos bandeirantes como símbolo paulista ganhou força na época da Revolução de 1932, quando os governantes precisava de argumentos para unir a população em torno de um sentimento comum. Assim, o bandeirante começou a ser retratado como um herói, em detrimento da história dos mais de 300.000 índios capturados e escravizados pelas bandeiras.

“A simbologia dessas homenagens tem valor e mesmo que ela não seja tão representativa como foi no passado, ainda fortalece a lembrança. Não faz sentido ter esses símbolos. Eles deveriam ser derrubados”, afirmou à época o professor Jurandir Augusto Martim, índio guarani.

Em uma publicação nas redes sociais em junho de 2020, o jornalista e escritor Laurentino Gomes, autor dos dois volumes de Escravidão (Globo Livros), declarou ser contra a demolição das estátuas e outros monumentos que representam figuras hoje criticadas e revistas por pesquisadores. “Estátuas, prédios, palácios e outros monumentos são parte do patrimônio histórico. Devem ser preservados como objetos de estudo e reflexão”, escreveu.

Segundo o Corpo de Bombeiros, o fogo foi localizado e controlado rapidamente, sem causar outros danos na região. O ato ocorre num dia de protestos contra o Governo de Jair Bolsonaro. Segundo a Secretaria da Segurança, a Polícia Civil e a Polícia Militar buscam “imagens e informações que possam ajudar na identificação e localização dos autores do ato de vandalismo”.

Jornal El País, 24/07/2021 

ESCRAVIDÃO: ENTREVISTA COM LAURENTINO GOMES



COMUNIDADES REMANESCENTES DE QUILOMBOLOS

A Constituição Federal do Brasil reconhece a propriedade definitiva das terras ocupadas por comunidades remanescentes dos quilombos. Esse reconhecimento oficial inscrito no artigo 68 da CF implica na salvaguarda e garantia de diversos direitos das comunidades quilombolas, a exemplo do que ocorre com outras comunidades semelhantes, como as tribos indígenas. Apesar disso, segundo a advogada Vercilene Dias, o governo tem negligenciado o atendimento dessas populações remanescentes dos quilombos. Confira a entrevista: 

POPULAÇÃO QUILOMBOLA

RESISTÊNCIA QUILOMBOLA

QUILOMBOS DO SÉCULO XXI

COMUNIDADES REMANESCENTES DE QUILOMBOS


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