ATIVIDADE 11: CARNAVAL E ESPIRITUALIDADE AFRICANA E AFRO-BRASILEIRA

 

OLÁ GALERA,

Nessa atividade estudaremos mais 2 (dois) países que compuseram a rota dos escravos em direção ao brasil durante a diáspora negra da África para as Américas: Benim e Nigéria. A Nigéria, país de maior população negra no mundo (o 2º é o Brasil), embora não seja um país de língua portuguesa, será tema dessa reflexão.


EPISÓDIO 7: BENIM

O Benim foi um porto de partida que levou para o Brasil uma quantidade muito grande de africanos escravizados.

MONUMENTOS DO BENIM

1.    Porta do Não-retorno: Há um imenso monumento de frente para o Atlântico para homenagear aqueles africanos que não retornaram mais apara a África.

2.    Floresta Sagrada de Uidá: E ali bem perto tem a floresta sagrada de Uidá. São estátuas enormes de ícones sagrados das religiões locais.

3.    Templo das pítons: uma casa repleta de cobras, um santuário dessa espécie com sacerdotes. E há cerimonias religiosas que acontecem naquele local.

4.    Palácio de Lomé: sede do poder político do poderoso império do Daomé.

5.    Procissão das devotas de Dã: Patrimônio imaterial do Benim.

6.    Merrié, Veneza africana: Cidade construída sobre palafitas para fugir e se esconder dos ataques do reino do Daomé.

OS AGUDAIS

O fenômeno social dos Agudais (ou retornados), seja na Nigéria, em Gana, no Togo ou no Benim é único. Trata-se de grupos sociais que se constituíram a partir de uma matriz cultural brasileira. Agudá é uma corruptela da palavra ajuda, o nome português da cidade de Uidá, o principal porto de saída dos cativos africanos da costa dos escravos, toda tradição Jejê-nagô saiu dali.

É uma grande questão para a história e para os movimentos sociais negros explicar, entender como ex-escravos libertos passaram a participar do tráfico transatlântico de negros escravizados. Não é simples entender essa história. (...) Uma figura emblemática é a de Xaxá, o vice-rei do reino do Daomé. Ele era um traficante de escravos baiano, Francisco Félix de Souza, que chegou muito novo para trabalhar no forte português de Iudá e que se tornou um poderoso traficante.

Xaxá foi um dos homens mais ricos do seu tempo, com uma riqueza africana com grande número de mulheres e filhos. Ele vendia esses homens para o Brasil, e quando esses homens retornavam libertos ele facilitava a vida e apadrinhava esses ex-escravos. É extremamente contraditório o comportamento dele. (...) É muito curioso que aquele africano que retornava se identifica como brasileiro, tinha saudades do Brasil. (Alberto da Costa e Silva)

O tráfico transatlântico de escravos era uma atividade legal, uma atividade da qual participava a fina flor da sociedade. No início do século XIX no Brasil, os grandes comerciantes eram ligados ao tráfico de escravos. Portanto, esse liberto africano, ou filho de africano, que passava a participar dessa atividade comercial estava envolvido numa atividade próspera. O olhar que nós temos hoje, de condenação dessa prática, esse olhar humanizado, não era um olhar tão presente nessa época. O que, de modo algum significa, que se aceitava a escravidão... todo o tempo, os escravizados resistiam, lutavam para se libertar da escravidão.

Esse africano que retorna, ele volta com domínio pleno dos códigos de funcionamento dessa sociedade. Eles estão alfabetizados, são pedreiros, marceneiros, administradores de fazenda... eles dominam os códigos da cultura de matriz europeia que está se impondo na África naquele momento. 

"ex-escravos que retornaram do Brasil para a África ficaram marcados por duas travessias do oceano: a primeira, uma viagem cheia de medo, rumo a um desconhecido que o estar manietado num porão sufocante e escuro do navio antecipava monstruoso; a segunda, uma viagem de esperança, durante a qual os dias da meninice se tornavam cada vez mais próximos. Ao longo dos anos de cativeiro em terras brasileiras, tinham acarinhado a lembrança da aldeia natal, um paraíso de que tinham sido exilados, mas que esperavam um dia reabitar. Essa saudade se abrandou, mas não morreu neles, quando, já na África, viram ser impossível voltar ao chão da infância e, mais ainda, ao tempo perdido. Começaram, então, a entretecer novas saudades: as da juventude e mocidade, passadas num Brasil que nas suas memórias se adoçava. Houve, e não foram poucos, aqueles que, arrependidos ou inquietos, voltaram a atravessar o oceano, e mais de uma vez. Na África, eram tomados pela nostalgia do Brasil; no Brasil, tinham saudades da África." ("A África e os africanos na história e nos mitos", Alberto da Costa e Silva)

CULTURA CULINÁRIA DO ENCONTRO

O intercâmbio cultural do Benim e dessas regiões com o Brasil foi tão forte que o Brasil mudou os hábitos de alimentação da África: acrescentou inhame, a mandioca, o milho. O quiabo, o azeite de dendê, a pimenta malagueta, a pimenta de cheiro, maxixe, Jiló. Tudo isso cruzou o Atlântico e, também, a maneira de se preparar o alimento.  (Alberto da Costa e Silva) Há uma grande conexão da culinária das barracas de Osvaldo Cruz no Rio de Janeiro com essa memória da matriz africana.

 EPISÓDIO 8: NIGÉRIA

CARNAVAL

O Carnaval é um cordão umbilical que nos liga as terras africanas. Nós aprendemos com a mãe África que a celebração é preciso, que o corpo precisa vibrar, suar, como resposta ao tambor. O carnaval é fundamental para nos lembrarmos a importância que a África tem para nossa formação como seres brasileiros, cada um de nós carrega um pedaço da negritude dentro da gente. (...) a festa, o brinquedo é uma característica humana desde os tempos mais remotos. Daí, ele virar essa “válvula de escape” para o cotidiano duro e sofrido é um “pulo” o carnaval é uma festa genuinamente brasileira que foi exportada para todo o mundo: Japão, Canadá, e a própria África. É um tributo que o Brasil paga à África por meio da manifestação carnavalesca. (Milton Cunha carnavalesco)

NIGÉRIA - LAGOS

A Nigéria é fundamental por que é de onde veio a maioria dos representantes da cultura yorubá. A cultura yorubá está presente no candomblé, na culinária, principalmente na Bahia, em salvador, onde essa cultura se tornou mais viva. A cidade de Ifé é um símbolo da cultura Yorubá na Nigéria.

Lagos é uma das cidades mais populosas do mundo e, também recebeu um grande numero de retornados do Brasil. Em Lagos há um bairro, o Brazilian quarter, marcado pela presença brasileira, inclusive na arquitetura das casas, mesquitas e construções. Há uma situação política instável por causa da ação do Boko Haram (organização fundamentalista islâmica que se utiliza de métodos terroristas)

MONUMENTOS DO BENIM

1.    Porta do Não-retorno: Há um imenso monumento de frente para o Atlântico para homenagear aqueles africanos que não retornaram mais apara a África.

2.    Floresta Sagrada de Uidá: E ali bem perto tem a floresta sagrada de Uidá. São estátuas enormes de ícones sagrados das religiões locais.

3.    Templo das pítons: uma casa repleta de cobras, um santuário dessa espécie com sacerdotes. E há cerimonias religiosas que acontecem naquele local.

4.    Palácio de Lomé: sede do poder político do poderoso império do Daomé.

5.    Procissão das devotas de Dã: Patrimônio imaterial do Benim.

6.    Merrié, Veneza africana: Cidade construída sobre palafitas para fugir e se esconder dos ataques do reino do Daomé.

DIQUE DO TORORÓ

O Dique do Tororó é um monumento aos orixás, na Arena Fonte Nova, em Salvador. O jovem ogã evidencia a conexão profunda da espiritualidade do candomblé. Na Nigéria tem, ainda, o Templo de Xangô. E o santuário de oxum, um parque natural, todo desenhado, gravado ou pintado com motivos religiosos. A história desse parque é que uma artista europeia que viveu na região, bebeu da fonte daquela cultura e produziu aquele ambiente.

O IMPERIALISMO INGLES E O FIM DA ESCRAVIDÃO

A escravidão, o regime escravista estava em declínio absoluto, o Brasil foi o país que mais resistiu... e isso alterou drasticamente a situação econômica dos países que viviam do tráfico. Esses países que tinham sua economia baseada no tráfico precisavam substituir as suas formas de produção de riqueza. Nessa época, segunda metade do século XIX, as potencias europeias investiram pesadamente no colonialismo africano e se apropriaram do território africano para fazerem deles as suas colônias.

Os ingleses, que desde o começo do século XIX, fizeram da Nigéria uma trincheira contra o tráfico, aboliram o tráfico no país, ocuparam o território e partiram para o combate ao tráfico no Benim, no golfo da Guiné, no reino do Daomé. Dai se tornar o principal ponto de chegada dos ex-escravos brasileiros porque se sabia que não haveria recaptura e nova escravização por conta dos interesses econômicos da Inglaterra no contexto da 2ª Revolução Industrial. Ao mesmo tempo, aqui no Brasil ficava cada vez mais difícil a vida para o africano liberto ou livre por que começava uma politica de substituição da mão-de-obra africana pela imigrante.

Com o segundo império o Brasil desenvolveu uma política de branqueamento e substituição da mão-de-obra, o que fechava o mercado de trabalho para os africanos livres.

A dinâmica desse retorno é parecida, mas tem características singulares. No caso do Benim é um movimento espontâneo. Já na Nigeria foi uma política deliberada da Inglaterra, que estimulava esse processo promovendo uma imigração induzida para o território, inclusive pagando passagens. (...) E esses que retornam levam essa cultura brasileira, transformada no universo da sociedade escravista, banhada no catolicismo brasileiro e nessa mistura de elementos europeus e indígenas.

O NEGRO ESCRAVIZOU O NEGRO?

Há um discurso que diz que os africanos escravizavam os seus irmãos. O problema dessa afirmação é que ela pressupõe que os africanos se vissem como irmãos, o que não é verdade. Eles se viam como grupos diferentes que lutavam pelo poder e que escravizavam os seus rivais. E preciso que se diga que quem faz isso é a elite: era a elite do lado americano que negociava com a elite do lado africano pra transportar gente escravizada num contexto de guerra, raptada ou que foi vendida por não pagamento de dívidas ou por questões religiosas. Daomé, que era o principal reino escravista da região, fazia expedições pra capturar as pessoas que acabavam sendo exportadas para o Brasil e para as Américas. (Carlos Silva – UEFS)


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