OLÁ GALERA,
Nas 2 (duas) atividades precedentes, observamos que a
Grécia antiga, diferente de seus vizinhos como o Egito e a Assíria, não
constituiu um único Estado e foi formada num longo processo de colonização que
deu origem à diferentes tipos de Pólis (Cidades-Estado). Esse conjunto de
cidades independentes, e rivais entre si, tinham em comum a língua, a religião
e seus mitos.
Apesar disso, os gregos tinham consciência da diferença que havia entre eles e os outros povos. Esse sentimento grego de unidade era reforçado no grande festival em Olímpia que ocorria a cada quatro anos quando os gregos honravam Zeus com jogos atléticos e musicais, as Olimpíadas.
O FIO DE ARIADNE
Nossa proposta metodológica
para que você apreenda (com dois e/do verbo apreender, que
significa captar, absorver) é a seguinte. Tendo lido a apresentação acima
e visto o vídeo sobre a olimpíada, o próximo passo será:
1. Leia o texto “cidadão – uma animal político” na íntegra. Ao final,
após a leitura do item “Guerra do Peloponeso” – assista o vídeo do nerdologia
de história sobre a Guerra do Peloponeso;
2. Leia o resumo do vídeo feito a partir da entrevista da professora Marilena
Chauí e assista o vídeo. (para facilitar sua compreensão e o debate sobre a
aula da filósofa – transcrevi e resumi para você);
3. Responda o formulário de questões de História.
CIDADÃO: UM ANIMAL POLÍTICO
Em um mundo onde a cidade (pólis) era o elemento dominante,
o essencial estava em pertencer a ela. A cidade se define, antes de tudo, como
um grupo de cidadãos (politikós) cabendo a esses tratar
diretamente dos assuntos da pólis, isto é, exercer a política.
Quando Aristóteles escreve que o homem é um animal político, ele
se refere ao ideal do ser humano que é viver em uma pólis como cidadão e dela
participar, partilhar e decidir coletivamente enquanto parte de seu corpo
cívico.
A participação nas decisões da pólis era mais um dever do
que um direito do cidadão. Essa forma de ver o mundo dos gregos, pode ser
observado no discurso que Péricles, um dos grandes líderes
atenienses, durante o funeral dos mortos na famosa Guerra do Peloponeso:
“Os que participam do governo da cidade [Atenas] mantêm também as suas ocupações privadas, e os que se dedicam às suas atividades profissionais podem manter-se perfeitamente a par das questões públicas. Nós somos, de fato, os únicos a pensar que aquele que não se ocupa da política merece ser considerado não como um cidadão tranquilo, mas como um cidadão inútil. Intervimos todos, pessoalmente, no governo da Polis, quer pelo nosso voto, quer pela apresentação de propostas. Pois não somos dos que pensam que palavras prejudicam a ação. Pensamos, ao contrário, que é perigoso passar aos atos antes que a discussão nos tenha esclarecido sobre o que se deve fazer.”
ATENAS X ESPARTA: DOIS PROJETOS DIFERENTES DE CIDADANIA
Entre as centenas ou milhares de pólis espalhadas pela
península Balcânica, pelo Mediterrâneo Oriental e parte do Ocidental, as duas
que mais se destacaram e se rivalizaram foram Atenas e Esparta. Atenas,
na península da Ática, está apenas 240 km de Esparta, no coração da península
do Peloponeso. Apesar de próximas, elas estavam distantes nos valores e modos
de vida que desenvolveram. A diferença entre esses dois modelos de cidade
sempre foi fonte de conflitos, por vezes pacíficos e outras vezes nem tanto,
como podemos ver na Guerra do Peloponeso.
As diferenças entre Atenas e Esparta evidenciam o quão
diverso podem ser os caminhos e as escolhas das sociedades mesmo entre aquelas
nascidas em contexto histórico similar e contemporâneo. Contudo, as diferenças
entre essas duas cidades vão muito além das formas de governo que adotaram,
abrangendo outros elementos como a noção de igualdade e do papel do cidadão, o
objetivo da educação e a função da mulher.
1. Atenas era um
movimentado centro comercial e manufatureiro: seu principal produto agrícola, o
azeite, era fabricado principalmente para exportação; seu porto, o Pireu, era
um dos maiores do Mediterrâneo. Esparta, cercada por montanhas e isolada no
fértil vale do rio Eurotas, gozava de autossuficiência agrícola, mas seu
comércio era débil.
2. Atenas estava cheia de
estrangeiros (metecos), tanto visitantes como moradores permanentes; em
Esparta, os estrangeiros eram mal recebidos e periodicamente expulsos. Atenas
era uma grande potência naval; a força de Esparta estava em seu exército.
3. Os atenienses embelezaram
sua cidade com esplêndidos templos e soberbas estátuas; Esparta parecia uma
aldeia que crescera demais. (Lloyd-Jones, p. 65).
4. Atenas passou por
diferentes experiências políticas com conflitos sociais e reformas políticas
até chegar à democracia, a primeira da história. Esparta era intensamente
conservadora e tradicional, mantendo-se apegada a um sistema político arcaico
que dizia ter sido criado por Licurgo, um legislador semilendário.
5. As diferenças estendem-se também ao trabalho compulsório: a ideia do ateniense sobre a escravidão não se aplica à situação do hilota em Esparta.
A GUERRA DO PELOPONESO
Mas, não somente de política viviam os gregos. Como ocorria com outros povos da antiguidade que já estudamos (Mesopotâmia, Egito...), a guerra era parte integrante da organização da sociedade, inclusive, entre os próprios gregos que disputavam constantemente a hegemonia da região. A Guerra do Peloponeso, a que Péricles se refere no discurso do funeral (acima) e que deu origem à própria ciência histórica, foi uma dessas guerras.
A INVENÇÃO DA POLÍTICA
Quando os gregos pensavam na política, o que eles entendiam por política era alguma coisa que eles próprios inventaram, diz a Professora Marilena Chauí, da Universidade de São Paulo, uma das mais respeitadas filósofas brasileiras.
Para ela, "Isso não significa que não existisse antes dos gregos, alguma forma de governar o estado, a cidade". Então, qual é a diferença entre as formas de exercer o poder do mundo antigo daquela nova forma de exercício do poder criada pelos gregos?
Nos grandes impérios da antiguidade, havia uma identidade entre o poder e a figura do governante. Ou seja, naquelas sociedades, o que determinava o poder era a vontade do governante. Ele era o autor da lei, da recompensa, do castigo, da justiça. Ou seja, a vontade individual do governante era o poder.
Os gregos criaram um espaço onde o poder se dá por meio das leis. Essas leis não se identificam com a vontade dos governantes, elas exprimem uma vontade coletiva. Essa vontade coletiva foi manifestada em público nas assembleias através da discussão, da deliberação e do voto.
Os gregos e os romanos submeterem o poder a um conjunto de instituições e de práticas que fizeram dele - algo que concernia à totalidade dos cidadãos - e que era discutida, deliberada e votada por eles. E, portanto, eles criaram a esfera pública. (lembre-se da discussão que o professor Waltinho fez sobre a rua e a praça na atividade passada)
Ninguém se identifica com o poder, a autoridade de ninguém é lei. Portanto, a autoridade é coletiva, é pública, é aquilo que institui o cidadão.
Os gregos puderam, e depois deles, os romanos, distinguir com muita clareza a autoridade pública, política da autoridade privada. E, não por acaso, o nome do portador da autoridade privada, o chefe de família, na língua grega, é despotes.
Na sociedade grega, a autoridade do pai, do despotes, é autoridade absoluta – autoridade de vida e morte sobre os membros de sua família (o que inclui os escravos domésticos) Dai que os gregos entendessem que “quando a autoridade é despótica, o espaço público foi tomado pelo espaço privado... é o fim da política!” Ou seja, a condição da política é que não haja despotismo.
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