Nessa atividade queremos debater as Missões, um empreendimento dos padres jesuítas que vieram para o Brasil junto com Tomé de Souza, o primeiro governador-geral, em 1549. Para essa pesquisa estou propondo 1 (um) episódio (Ep. 5) da série 500 anos – O Brasil-Colônia na TV: “Conquista da Terra e da Gente”; e 2 (dois) artigos: “Batalha do M`Bororé: os Guaranis derrotam os Bandeirantes” e “A definição das fronteiras no sul do Brasil e o massacre dos Guaranis”.
MÉTODO CIENTÍFICO
A proposta dessa pesquisa é assistir ao
programa (discriminado acima) e ler os dois artigos do site (Batalha do
M´Bororé e Massacre Guarani) com um projeto de leitura delineado na sinopse de
apresentação do material. Então, vejamos essa metodologia passo-a-passo:
1)
Leia a
sinopse do vídeo: "Conquista da Terra e da Gente", e assista ele na íntegra;
2) Leia a sinopse do artigo: "A batalha de M´Bororé...". Em seguida, leia o artigo integralmente;
3) Leia a sinopse de "O marco de Tordesilhas". Depois assista o vídeo do canal Buenas Ideias de Eduardo Bueno;
4) Em seguida, leia a sinopse e o artigo: "A Guerra Guaranítica";
5) Responda o formulário de questões dessa atividade (google forms).
CONQUISTA DA TERRA E DA GENTE
O programa se inicia explicando o que foi a
contrarreforma. Em 1517 ocorreu a Reforma Protestante na Alemanha
dirigida por Martinho Lutero. Lutero, padre da ordem de Santo Agostinho, propôs
uma reforma profunda na igreja católica. A igreja reagiu fortemente às
propostas e Lutero rompeu com o clero criando uma nova igreja. Dali em diante
várias outras comunidades se rebelaram e formaram diversas igrejas
protestantes.
Preocupada com a perda de fiéis (e de
poder, é claro!), a igreja católica instituiu uma contrarreforma religiosa para
combater as ideias de Lutero e conter o avanço do protestantismo. Foi nesse
contexto que surgiu a Companhia de Jesus, uma ordem religiosa com uma formação
e disciplina rígidas com o objetivo de divulgar a fé católica em regiões distantes,
em particular nas novas terras que à época estavam sendo descobertas pelos reis
da Espanha e de Portugal (os reis católicos)
Os padres da Companhia de Jesus, chamados
de Jesuítas, vieram para o Brasil em 1549. Eles tinham um projeto claro para o
qual defendiam a criação de comunidades de fé e de trabalho formadas por
colonos portugueses e nativos da terá, os guaranis. As aldeias jesuítas,
chamadas “missões ou reduções”, eram formadas por índios expulsos
ou atraídos de suas aldeias e terras originais para viver nessas novas
comunidades.
As missões tinham um projeto educativo, a
catequese, onde os índios deveriam aprender a ler, escrever na língua e a
cultura dos portugueses. Na prática, tratava-se de um projeto de colonização
por que o método de ensino tinha por objetivo aculturação dos índios pelos
costumes e hábitos portugueses. As missões eram comunidades autossuficientes
onde os índios plantavam, criavam animais e faziam artesanato para suprir suas
necessidades individuais e coletivas.
Apesar do projeto jesuíta não atender aos
interesses dos índios, ele também não agradava a maioria dos colonos por
dificultar a escravização dos índios. Foi inevitável, portanto, o confronto da
igreja com os colonos portugueses. Um exemplo disso foi a Confederarão dos
Tamoios, um conflito entre índios e portugueses na Capitania de São Vicente,
onde é hoje a cidade do Rio de Janeiro.
Do lado dos colonos havia ainda os
bandeirantes, bandos armados de mercenários que se organizavam para encontrar
ouro, metais preciosos e capturar índios para trabalhar como escravos. Não
demorou para que esses colonos decidissem atacar as missões obrigando os
jesuítas a se deslocarem cada vez mais para o sul do país. Esses confrontos
foram se acirrando dando origem às chamadas guerras guaraníticas.
Em 1641, os guaranis derrotaram os colonos
na batalha de M`Bororé garantindo por mais algum tempo a continuidade das
missões. (essa batalha é o tema do artigo indicado nesse blog que você lerá
logo mais)
As missões cresciam e se transformavam em
pequenas cidades com escolas, hospitais, oficinas e áreas de plantio. Algumas
missões tinham até aulas de música, teatro e dança. Elas foram, no auge de sua
história, um verdadeiro sucesso econômico, político e religioso.
Tudo isso caiu por terra com a assinatura
do tratado de Madri entre Portugal e Espanha que exigiu uma nova demarcação nas
terras dos jesuítas. Na verdade, o território onde estavam situadas as missões
foi, ao longo da história, alvo de diversas disputas entre essas nações. Com a
assinatura do Tratado de Madri, as missões seriam obrigadas se deslocar mais
uma vez da região. Mas nem os jesuítas, nem os índios aceitaram essa mudança.
Em 1750, os missionários liderados por
Sepé-Tiaraju resistiram bravamente. A guerra foi um verdadeiro massacre
indígena e pôs fim à experiência das missões. Em 1759, depois de uma longa
peleja pelo poder na América portuguesa, os jesuítas foram expulsos do Brasil.
RELIGIÃO E MISSÕES À SERVIÇO DA COLÔNIA (500 ANOS NA TV - EP. 5)
O MARCO DE TORDESILHAS
É claro que para entender essa polêmica em torno do
território é preciso resgatar a história do Tratado de Tordesilhas, o marco
inicial da divisão do território entre portugueses e espanhóis. Nesse sentido,
o programa in loco de Eduardo Bueno, o “Peninha” (como ele mesmo gosta de
se nomear), é bastante ilustrativo.
Eduardo Bueno
vai até cananeia no sul do Brasil onde fica o marco de Tordesilhas, o lugar
onde as possessões de Espanha e Portugal se delimitavam. Ele nos mostra que as
negociações que resultaram no tratado foram uma aventura à parte na história
dos descobrimentos com direito à intervenção de um papa corrupto, o Papa
Alexandre, da família Bórgia e dos principais navegadores da época como Cristóvão
Colombo, Bartolomeu Dias, Américo Vespúcio e Gonçalo Coelho.
Peninha conta
que o Tratado de Tordesilhas foi precedido pelo Tratado de Alcáçovas
estabelecido pela bula papal de Alexandre III. O tratado estabelecia que as
possessões que ficam além das 100 (cem) léguas de Cabo Verde pertenceriam à Espanha.
O rei português não aceitou a proposta e em 07 de junho de 1494 foi assinado o
Tratado de Tordesilhas. O novo tratado definia qual seria medida de légua
marítima utilizada para calcular os limites, estabeleceu a Ilha de Santo Antão
como referência geográfica e estendeu a linha divisória até as 370 (trezentos e
setenta) léguas marítimas de uso comum de Portugal e Espanha.
O programa
traz ainda uma curiosidade: Bartolomeu Dias esteve em cananeia, no sul do
Brasil, em 1498 (dois anos antes da chegada de Cabral!) quando se especula que
tenha sido erguido o marco pela primeira vez.
Com uma belíssima fotografia, o programa mostra que a
História não pode ser tratada como “um museu de grandes novidades” como diz o
poeta e deve ser vista como uma disciplina viva que nos ajuda a compreender
melhor de onde viemos e para onde iremos... por que, como diz o Peninha: “Um
povo que não sabe de onde veio, não sabe para onde vai!”
A BATALHA DE M`BORORÉ
Na região de divisa das terras gaúchas com
o Uruguai e Argentina ocorreu um dos mais significativos conflitos entre
bandeirantes e indígenas das aldeias jesuítas. O artigo em questão trata desse
episódio pouco lembrado da História.
O artigo traz um resumo bastante interessante
do que foi a Missão. “As missões eram, em sua maioria, autossuficientes,
dispunham de uma completa infraestrutura administrativa, econômica e cultural
que funcionava num regime comunitário, onde os indígenas eram educados na fé
cristã e ensinados em vários ofícios inclusive artísticos”. Para a autora,
foi essa situação que atraiu os colonos interessados em suprir suas
propriedades com escravos indígenas, em especial os adaptados á disciplina do
trabalho imposto pelos jesuítas em suas missões: “Isso atraiu o interesse
dos bandeirantes que buscavam capturar indígenas para serem escravizados e
vendidos”.
Os acontecimentos em tela se situam no contexto do
bandeirismo de caça ao índio. As bandeiras eram expedições de mercenários
paulistas que se enfronhavam pela mata em busca de riquezas e escravos. Somente
após o fracasso dessas iniciativas, os bandeirantes abandonaram o projeto de
caça aos indígenas e se voltaram-se efetivamente para a busca de riquezas e
metais preciosos.
M´BORORÉ: OS GUARANIS DERROTAM OS BANDEIRANTES
A GUERRA GUARANÍTICA
O 3º artigo é o mais abrangente da série por que trata, não
apenas das missões em si, mas de um conjunto abrangente de diferentes temáticas
envolvidas na questão: 1) a redefinição pós-tratado de Tordesilhas das
fronteiras do sul do país; 2) o contexto de fundo marcado pela chamada “união
ibérica” (1580-1640), em que Portugal ficou sob domínio da Espanha; 3) a bacia
do rio da prata, palco de diversos conflitos e disputas territoriais; 4) o
papel de Sepé-tiaraju na guerra guaranítica (1754-1756), chefe
indígena-missionário que liderou as forças guaranis na luta contra espanhóis e
portugueses; 5) as ruínas de São Miguel, monumento à memória das populações
indígenas dos chamados sete Povos das missões, o conjunto de aldeamentos mais
expressivo das missões jesuítas na América do sul; 6) o filme “A missão” (1986),
uma belíssima produção britânica vencedora de diversos Oscar.
1)
O Tratado de
Tordesilhas, assinado em 1494, não delimitava de forma clara a divisão da terra
entre espanhóis e portugueses. Durante séculos, esse conflito marcou a relação
entre portugueses e espanhóis na fronteira. A questão seria resolvida com a
assinatura do tratado de Madri em 1750.
2)
No período em que
Portugal esteve sob domínio da Espanha (1580-1640), houve um aumento
significativo da presença de jesuítas na região, o que ampliou os aldeamentos
missionários e aumentou as tensões com os colonos que invadiam suas terras para
escravizar os guaranis. (era muito mais fácil capturar e submeter um índio aldeado
na missão do que fazer uma guerra aberta na floresta contra toda uma nação
guarani).
3)
O Rio da Prata, cujo
nome é elucidativo de sua importância porque ele era o caminho natural para as
minas de Prata da América do sul (o nome “Argentina”, por exemplo, é derivado de
“Prata”) Nessa região se desenvolveram o Uruguai, a Argentina, o Paraguai e a
fronteira sul do brasil.
4)
Sepé-Tiarajú, líder indígena
das missões, foi um herói do povo brasileiro na luta pela terra indígena
celebrado até nossos dias em 07 de fevereiro, “Dia Nacional de Luta dos
Povos Indígenas”. Sua frase: “Esta terra tem dono” retratada em um
mural do museu das missões é emblemática da luta pela demarcação das terras indígenas.
5) As ruínas de São
Miguel na região dos antigos “Sete Povos das Missões” são um testemunho arqueológico
dessa história. As ruínas foram tombadas como Patrimônio Mundial da Humanidade
pela Unesco.
6)
Em 1986, uma produção
cinematográfica protagonizada pelos astros de Hollywood Robert de Niro e Jeremy
Irons, emocionou gerações de brasileiros. É um filme belíssimo, de domínio
público, que pode ser encontrado com facilidade no Youtube.
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