PERIODIZAÇÃO: UMA DISCUSSÃO SEM FIM
Tradicionalmente, a História é dividida em “idades”, isto é, em períodos históricos em que cada um possui características políticas, econômicas, sociais e culturais estáveis. A divisão em períodos foi criada para facilitar o estudo e a compreensão da História.Inicia-se pela
Pré-História, já chamada de “Idade da Pedra”, um termo não mais utilizado e daí
seguindo para a Idade Antiga, Idade Média, Idade Moderna e Idade Contemporânea.
Trata-se de uma periodização que considera os acontecimentos ocorridos na
Europa, e que deixa de lado a história da América, da Ásia e da África.
ANTIGAS PERIODIZAÇÕES
DA HISTÓRIA
A divisão da História
em idades ou períodos já era feita desde a Antiguidade. Os reis sumérios, os
faraós egípcios e os imperadores chineses dividiam as suas histórias em
reinados e dinastias. O poeta grego Hesíodo, do século VIII a.C., dividiu a
história em Idade do Ouro, Idade da Prata, Idade do Bronze, Idade Heroica e
Idade do Ferro.
No século V, Santo
Agostinho descreveu em sua obra “A Cidade de Deus” (413-427) as Seis Eras do
Mundo. Cada Era tinha mil anos começando com a criação de Adão daí seguindo até
a Sexta Era que terminaria com o Apocalipse.
A PERIODIZAÇÃO
TRIPARTIDE E QUADRIPARTITE
O humanismo com seu
pensamento racional rompeu com a visão medieval teocêntrica e colocou o homem
no centro da história. Os humanistas acreditavam personificar um “novo tempo”
com uma moral e valores novos. Por isso, definiram, de modo pejorativo, o
período anterior ao seu como “Idade Média” e o julgaram como uma era das
“trevas”. Em 1688, o historiador alemão Christoph Cellarius (1638-1707)
apresentou em sua obra “História Universal”, a divisão da História em
Idade Antiga, Idade Média e Idade Moderna.
Em algumas décadas, a
periodização de Cellarius caiu porque o mundo depois das Revoluções Francesa e
Industrial era muito diferente do mundo “moderno”. Começou-se, então, a
falar em Idade Contemporânea.
CRÍTICAS À
PERIODIZAÇÃO TRADICIONAL
O problema de qualquer
periodização é querer torná-la válida para um amplo espaço de povos e culturas,
e determinar um fato como marcador para a mudança de um período para outro:
O quadripartismo tem como
resultado privilegiar o papel do Ocidente na história do mundo e reduzir
quantitativa e qualitativamente o lugar dos povos não europeus na evolução
universal. (…) Os marcos escolhidos não têm significado algum para a imensa
maioria da humanidade: fim do Império Romano, queda de Bizâncio. (CHESNEAUX.)
Apesar de utilizada, essa
periodização é muito criticada por muitos motivos, entre eles:
·
A expressão “Pré-História” significa, literalmente, “antes
da História” e passa a falsa ideia de um período “sem História”, o que é errado
pois o ser humano é, por natureza, um ser histórico.
·
O surgimento da escrita não foi uniforme em todo mundo. Ele
ocorreu em tempos diferentes para cada sociedade.
·
A escrita não é o único fator determinante para o início da
História. Existiram sociedades ágrafas (sem escrita) que desenvolveram grandes
civilizações.
·
A história é contínua e, portanto, toda periodização é mais
ou menos arbitrária.
·
Não existe um ano preciso de início e fim de qualquer
período histórico pois as mudanças históricas não ocorrem repentinamente.
·
A divisão tripartide da História (Antiga, Média e Moderna)
é eurocêntrica, isto é, diz respeito à história da Europa e não é
aplicável a sociedades fora da Europa.
·
A periodização tradicional segue o calendário cristão
(antes de Cristo e depois de Cristo) e não é padrão para outros povos (por
exemplo, muçulmanos).
Enfim, não existe um
acordo universal sobre a periodização na História, embora exista um consenso
acadêmico sobre os períodos da História da Civilização Ocidental, a partir dos
termos propostos por Cellarius (Idade Antiga, Média e Moderna). A acusação de
eurocentrismo feita contra essa periodização não deve impedir que a conheçamos,
pois é a mais utilizada.
Como lembra Le Goff,
A periodização justifica-se por
aquilo que faz da história uma ciência, não uma ciência exata, mas uma ciência
social, que se funda em bases objetivas, que chamamos fontes. Ora, a história
que as fontes nos oferecem se move, evolui: é a história das sociedades em
marcha no tempo. O tempo faz parte da história, e na medida que esse tempo
muda, a periodização se torna uma ferramenta indispensável para o historiador.”
(LE GOFF)
Fonte:
https://ensinarhistoria.com.br/periodizacao-da-historia-uma-discussao-sem-fim/
- Blog: Ensinar História - Joelza Ester Domingues acesso em 02/03/2022 às
20h00. Adaptação e síntese feita por Celso Barreiro, Professor de história da
E.M. Luiz Jacob.
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ATIVIDADE 2: DIVISÃO DA HISTÓRIA EM PERÍODOS
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