ATIVIDADE 4: CORONÉIS, POPULISTAS E DITADORES - A REPÚBLICA (1889 -1989)

OLÁ GALERA. 

Fazer História não é tirar os pés da realidade atual para divagar sobre os dilemas do passado. Muito pelo contrário, a gente faz, estuda, evoca o passado com as ferramentas (método científico) da ciência histórica para ter os pés fincados no chão da vida. 

Lembra de nossa primeira atividade? Ela propunha que investigássemos a construção da república brasileira analisando os diferentes projetos que estavam em disputa. Olhando para os projetos (ideias presentes no passado) poderíamos entender a República em que vivemos (real, presente em nossa vida) 

Mais tarde, na sua atividade, propusemos revisitar a polêmica da vacina (atualíssima!) pela revisão histórica da Revolta da Vacina em 1904. Pensar no contexto da revolta da Vacina nos faz pensar no processo de exclusão das grandes maiorias de negros e pobres no centro da cidade À exemplo do que ocorre na Cracolândia (em São Paulo) ou na favela da Vila Itália (em Rio Preto)

Hoje, iniciaremos a reflexão sobre os primeiros 100 anos da República no Brasil. Como é muito grande a quantidade de informações sobre um período tão extenso, optamos por trabalhar com 2 (dois) diferentes recortes: um político, proposto pelo professor José Rivair de Macedo num artigo intitulado "CORONÉIS, POPULISTAS E DITADORES"; e outro baseado nos pressupostos do economista Celso Furtado num divertido texto chamado "A GAROTA ERA A CARA DA BISAVÓ".

Nesta atividade proporei uma leitura de conjunto do período numa dimensão político-institucional. Na próxima semana, revisitaremos o período numa perspectiva econômica. Observe que, nessas 2 (duas) primeiras atividades mantive o foco numa leitura de conjunto para, em seguida, propor uma visão mais analítica de cada um dos 3 (três) subperíodos históricos.

CORONÉIS, POPULISTAS E DITADORES

O texto de José Rivair de Macedo nos propõe um olhar para os primeiros 100 anos da república brasileira a partir de um enfoque sociopolítico destacando os interesses das elites favorecidas e em disputa em cada fase da história. Para Macedo, o regime político mudou para continuar tudo igual como o personagem do livro "O Leopardo" de Lampedusa.

Daí que ele utilize a metáfora "o império" na chamada de cada um dos diferentes períodos para chamar  atenção desse aspecto.

1. O IMPÉRIO DO FAVOR

Com a passagem da Monarquia à República, o Brasil foi controlado por latifundiários ou pessoas ligadas aos interesses agrários, foi a República Velha (1889-1930).

O Brasil era um país agrário e as atividades rurais proporcionavam as principais riquezas nacionais. A população rural produzia essas riquezas nas colheitas de café, cana-de-açúcar, algodão, cacau etc... Controlar o Estado significava orientar as decisões para estimular e proteger as atividades rurais, criar condições para a exportação dos produtos agrícolas, manter lavradores e pequenos camponeses em "ordem".

O poder privado era mais forte que o Poder público. Quem ocupava os cargos, na maior parte das vezes, ocupava-os devido às boas relações com os mandões, os fazendeiros.

O que mudou? Quase nada. Surgiu apenas uma novidade: as eleições, que eram fraudadas descaradamente para manter os acordos entre as oligarquias, entre os representantes de famílias de latifundiários (Política dos Governadores). Era a chamada política do café-com-leite.

Como garantir o pingue-pongue SP-MG na presidência? Os "coronéis" garantiam que os votos da população fossem para o governo. O coronel tinha amigos, aliados nos municípios. Em virtude da influência, direcionava os votos e o apoio municipal às oligarquias estaduais, que por sua vez apoiavam as oligarquias mais fortes. Essas prática ficaram conhecidas com nomes rurais: "curral eleitoral" ou "voto de cabresto"; o povo era visto como gado humano.

Neste mundo de arranjos, acordos e pactos de amizade, os compromissos pessoais falavam alto, muito mais alto que os compromissos com a Nação. E hoje? 

2. O IMPÉRIO DA PROMESSA

A partir da década de 30, as marcas da industrialização tornaram-se mais visíveis no Brasil. O Estado brasileiro sofreu modificações. Para a elite, o velho problema continuava: Como permanecer no poder agora que a população não mora mais na fazenda e não depende do favor do coronel?

O discurso político mudou... Entre 1945 e 1964 surgiram novos personagens da política "moderna" brasileira: os líderes carismáticos. Se antes o conchavo bastava, agora é a sedução que conta. A política adquire ares de espetáculo.

O país está mudando. As cidades estão em constante desenvolvimento, e os trabalhadores, e a classe média, esperam por mudanças por melhores condições de trabalho e de vida. E lá está o líder carismático com suas promessas!

Os partidos políticos disputavam palmo a palmo os votos. A população, no entanto, não votava em partidos, mas sim em nomes de políticos em quem confiava. Mas como político não vive só de voto, os governantes populistas acabavam passando por poucas e boas. Por um lado, estavam ligados aos empresários e fazendeiros que financiavam suas campanhas. Por outro, estavam presos às promessas feitas à população. Se tomassem decisões que trouxessem benefício real às massas, desagradavam aos empresários e fazendeiros, ganhando fervorosos inimigos. Se tomassem direção diferente daquela proposta ao povo, viam-se diante de protestos e manifestações populares. Em outras palavras, o político vivia na corda bamba.

3. O IMPÉRIO DA VIOLÊNCIA

Para a elite, sempre houve outra alternativa para resolver seu velho problema de como lidar com as massas... criam-se ditaduras, calam-se as oposições e as forças populares e tudo fica numa boa (para ela). Para o povo, não é mole!

Os dois períodos ditatoriais de nosso país tiveram muitas coisas em comum. O Estado Novo (1937-1945) e a Ditadura Militar (1964-1985) surgiram em momentos em que a participação popular era muito grande e serviram para frear esta manifestação. Partidos políticos de oposição foram extintos ou enfraquecidos.

A industrialização recebeu grande "ajuda" do Estado, enquanto o movimento operário foi domesticado. Getúlio Vargas, o "pai dos pobres", "deu" condições mínimas para os trabalhadores, no período militar tais condições lhes foram retiradas. Se Getúlio não "desse", os trabalhadores as conquistariam. Se os militares não impedissem, os trabalhadores conquistariam ainda mais.

Nos períodos ditatoriais, os governantes divulgam a ideia da "Pátria Mãe Gentil" que atingirá o seu destino grandioso caso todos os brasileiros contribuam com sua parte. Esta onda de ufanismo cria a impressão de que a Pátria é uma "grande família", incitando todos a verem-se como irmãos, e o governo como um grande pai que, quando necessário, castiga os "filhos desobedientes". Questionar o governo torna-se o mesmo que trair a Pátria. E, então, o pai torna-se carrasco. 

Jornais, rádio, músicas, livros são censurados. O público passa a ouvir e ver o que o governante quer que seja visto e ouvido. Partidos políticos, sindicatos, organizações e instituições são fechados. E o povo? O povo, na opinião dos governantes autoritários, "não está suficientemente preparado para a democracia". 

Enquanto o Estado se fortalece, os ricos se enriquecem, o povo cada vez mais empobrece. Com o salto para a industrialização, realizado durante o Estado Novo, os brasileiros vieram a conhecer pela primeira vez os efeitos da inflação, da dívida externa e do crescimento desordenado das cidades.

4. NOVA REPÚBLICA?

No final das contas, convivemos no Brasil da "Nova República" com os restos destes três modelos de política. O povo continua a ver no governo (visualizado na figura do presidente) um grande pai, ou um salvador da pátria, e, como ambos não são uma coisa nem outra, as decepções aumentam. O Estado, como durante o populismo, se vê dividido entre a "tranquilidade" desejada pela elite e as necessidades sociais da maioria da população. E os espertalhões continuam a ver o Estado como sua propriedade pessoal, distribuindo cargos e desviando verbas públicas.       

(Fonte: José R. Macedo. História. Ed. Brasil. São Paulo/SP, 1996.)


FORMULÁRIO DE QUESTÕES

Ao terminar sua leitura e análise do filme, clique no formulário (abaixo) e responda às questões propostas. Lembre-se que o formulário será encaminhado, uma única vez, diretamente para o professor assim que você clicar em “enviar”.

ATIVIDADE 4: CORONÉIS, POPULISTAS E DITADORES

Nenhum comentário:

Postar um comentário