Como vocês sabem, fizemos nas 2 (duas) atividades anteriores, um recorte de "longa duração" da História dos primeiros 100 anos de nossa história Republicana. Essa escolha não é muito usual em termos de Ensino de História. O objetivo era permitir que você tivesse uma "visão de conjunto" antes de partir para um trabalho mais analítico em torno de períodos determinados e com documentos históricos orientados para esse tipo de leitura.
Nesta atividade pretendemos aprofundar a 1º fase da História Republicana, o período em que o Brasil era controlado pelas elites agrárias, em especial de São Paulo e Minas Gerais, os 2 (dois) mais importantes centros do poder político e econômico do país de 1894 à 1930.
Claro que você deve estar pensando: E o que aconteceu com o período que vai de 1889 (quando acabou o Império e nasceu a República) até 1894 (quando os coronéis assumem de vez o poder no Brasil)?
Esse "interstício" ficou conhecido como "República da Espada" e foi um período em que o Brasil foi governado pelos militares: Deodoro da Fonseca e Floriano Peixoto. No Brasil, os militares sempre entram em jogo quando as elites se veem ameaçadas e/ou acuadas pelo perigo de que o poder migre para as mãos da população mais pobre.
Mas, paciência, a vida é feita de escolhas, e optamos por priorizar aqui neste blog outros temas. Então, vamos lá... Para que você entenda melhor esse longo período após a saída de Floriano vamos propor dois subsídios teóricos:
1) Um pequeno texto de minha autoria propondo uma leitura do período a partir de algumas premissas básicas: sociedade ruralizada (mais de 70% da população vivia no campo), domínio das elites cafeeiras (em particular de São Paulo, o mais rico estado produtor da época), economia agroexportadora (com a produção cafeeira e pecuária de leite na vanguarda da economia), privatização e controle das instituições públicas pelas oligarquias e acordos entre os diferentes grupos e segmentos da elite agrária (esquema político criado e instituído pelo Presidente Campos Sales);
2) Videoaula sobre a "República do Café com Leite" do site "Buenas Ideias" do jornalista e blogueiro Eduardo Bueno que possui uma produção historiográfica muito interessante e faz uma síntese dos 36 anos correspondentes ao período de 1894 à 1930.
I. POR QUÊ REPÚBLICA DOS CORONÉIS?
O Brasil, desde a sua fundação como nação independente em 1822, era controlado pelas elites agrárias. Essas oligarquias (a gente fala em oligarquia por que se trata de um pequeno grupo de proprietários que domina uma massa de trabalhadores rurais) promoviam uma economia agroexportadora (que se iniciou desde as primeiras plantações de cana de açúcar, tabaco e algodão, ainda na época da colonização portuguesa, e que continuou com a substituição desses produtos pelo café (São Paulo) e a pecuária de leite (Minas gerais)
O Brasil era um país rural, em sua grande maioria (até 1930, mais de 70% da população brasileira trabalhava e vivia no campo) e as fazendas de café (que receberam no início do século XX um contingente enorme de imigrantes italianos, espanhóis, portugueses e japoneses) eram o centro da vida econômica e social da nação.
Mas, assim como em nossos dias, em que a maioria das pessoas que trabalha no campo não é proprietário das terras em que trabalha, os camponeses trabalhavam para uma elite de proprietários que formava uma oligarquia rural.
Esses grandes proprietários gozavam, além do poder econômico tremendo que tinham (Lembrem-se que se tratava de um modelo econômico agroexportador, como vimos na atividade anterior), status social e político naquelas comunidades.
O camponês, por sua vez, era agradecido por que dependia do favor dos coronéis para ter emprego e moradia. Não é por acaso que os trabalhadores tinham o hábito de convidar os coronéis para batizarem os seus filhos. Quem já não ouviu falar do “Padim Ciço”, um grande líder religioso e político de Juazeiro do Norte?
Mas, o maior controle que os coronéis possuíam se dava nas eleições. Como os camponeses dependiam do FAVOR de seus coronéis para conseguir, e manter, seus empregos e casas, não havia muitas dúvidas em quem votar: nos candidatos de seus respectivos coronéis. Era o chamado voto de cabresto por que os coronéis utilizavam o seu poder para manter os trabalhadores de suas fazendas sob suas rédeas.
Com o voto dos camponeses de suas fazendas sob controle, os coronéis podiam estabelecer acordos entre si e fazer arranjos em todos os níveis de governo, do município ao governo federal. Desse modo, os coronéis se articulavam e escolhiam, entre si, os que seriam governadores dos seus estados e davam sustentação popular ao governo federal que, por sua vez, retribuía com a destinação de verbas federais e a distribuição de cargos nos altos escalões da República. Era o chamado clientelismo.
"O poder privado era mais forte que o Poder público. Quem ocupava os cargos, na maior parte das vezes, ocupava-os devido às boas relações com os mandões, os fazendeiros". (Macedo, J.Rivair)
Enquanto a economia agroexportadora
funcionou, a todo vapor (por que a mercadoria seguia de trem até o Porto
de Santos e do Rio de Janeiro para embarcar nos navios em direção à Europa e os
EUA), esse sistema não encontrou problemas. Afinal, o Brasil exportava produtos
primários e com os recursos e a riqueza obtida com a exportação, importava da Europa
e dos EUA, os bens industrializados e de consumo de que necessitava. Até que
aconteceu a Crise de 1929 nos EUA.
E daí, como diz o ditado: “a porca torceu o rabo”! A crise de 1929 caiu como uma “bomba” nas mãos do Presidente que representava os interesses dos coronéis, o paulista Washington Luís e abalou todo o sistema político em vigor. Mas isso... já é tema para uma próxima aula!
Celso Aparecido de Cerqueira Barreiro, Prof. de História.
II. REPÚBLICA DO CAFÉ COM LEITE
A REPÚBLICA CAFÉ COM LEITE - EDUARDO BUENO
FORMULÁRIO DE QUESTÕES
Ao terminar sua leitura e análise do filme, clique no formulário (abaixo) e responda às questões propostas. Lembre-se que o formulário será encaminhado, uma única vez, diretamente para o professor assim que você clicar em “enviar”.
ATIVIDADE 5: A REPÚBLICA DOS CORONÉIS
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