Olá Galera. Leia com atenção e pense no que há de comum nessas 2 (duas) notícias que
tratam de fatos distantes em mais de 100 (cem) anos de História (abaixo)?
“São Paulo terá, no
dia 1 de novembro, o primeiro ato da nova “revolta da vacina”. Ela está sendo
convocada pelo deputado Douglas Garcia (PSL) e pelos irmãos Weintraub (da
família do ex-ministro da Educação de Jair Bolsonaro), que se opõem à
obrigatoriedade da vacina no Estado de São Paulo, determinada pelo governador
João Doria (PSDB). O tucano fechou uma parceria com o laboratório chinês Sinovac
e a vacina, já testada, está sendo produzida pelo Instituto Butantan”. (Agência Portal 247, outubro de 2020)
"Imagine as
ruas centrais e alguns bairros da cidade do Rio de Janeiro, então Distrito
Federal, tomados por barricadas e trincheiras, com sua iluminação destruída,
uma fúria dirigida a delegacias, repartições públicas e inclusive ao comércio,
em busca de armas, querosene e dinamite. Imagine carros tombados, armadilhas e
tocaias em becos e casas abandonadas, e a ação policial sem conseguir reprimir
a revolta. O governo precisa recorrer, então, às tropas do Exército e da
Marinha, aos bombeiros e, por fim, à Guarda Nacional. Quem poderia antever as
proporções que a obrigatoriedade de vacinação contra a varíola tomaria?" ("A Revolta da Vacina: Mentes insanas em
corpos rebeldes", Nicolau Sevcenko, 1984)
O POVO É ANTI-VACINA?
Observe que, apesar de separadas por um
interstício temporal enorme, a fatídica proposta de uma mobilização anti-vacina
no ano passado, faz eco à situação vivida pela população do Rio de Janeiro,
então capital do Brasil, no início do século XX quando a República era ainda
uma promessa de regime político com o fim da monarquia.
O debate sobre a vacinação
obrigatória para imunizar a população e conter o
avanço da COVID-19 não é, ao que parece, uma novidade. No início do século XX
houve até uma revolta que ficou conhecida como a “Revolta da Vacina”.
Contudo, apesar da atualidade do tema, a
“Revolta da Vacina” é uma história mal contada. A Revolta da Vacina é, no
entanto, uma dessas histórias reveladoras das contradições que marcaram o
início da República no Brasil.
Vejamos o que diz a historiadora Lilia
Moritz Schwarz, professora da Universidade de São Paulo, sobre essa história “mal
contada e incompleta”.
Quando ouvimos a reflexão proposta pela historiadora Lilia M. Schwarz observamos que, diferentemente de uma parcela da população que nega o esforço da ciência nos dias de hoje, o que ocorreu em 1904 era bem diferente. O que estava em jogo no início do século XX era a emergência de um novo regime político imposto de forma autoritária à população pobre para atender aos interesses das classes dominantes da época.
Ainda que motivados por um projeto "civilizatório", as camadas dirigentes da Nova República governavam de forma autoritária, excludente e profundamente desigual. O Estado brasileiro que nascia naquela primeira metade do século, apesar da promessa republicana, estava longe de se constituir como um Estado democrático de Direito.
O PROJETO DE RODRIGUES ALVES
Rodrigues Alves assumiu a presidência da República em 1902 sob um clima de desconfiança e com um programa de governo claro: modernizar o porto e ... e remodelar o Rio de Janeiro, a capital do país. A situação da “Cidade Maravilhosa” era crítica. Durante o verão, os diplomatas estrangeiros se refugiavam em Petrópolis, para se livrar do contágio de doenças. Para se ter uma ideia, em 1895, ao atracar no Rio, o contratorpedeiro italiano Lombardia perdeu 234 de seus 337 tripulantes por febre amarela. Era uma tragédia sanitária para um país que precisava atrair investimentos externos e mão-de-obra para trabalhar nas primeiras fábricas e na lavoura do café paulista em substituição aos escravos após a abolição de 1888.
Nessa conjuntura, a questão social era tratada de forma autoritária, como caso de polícia, como podemos observar no vídeo "500 anos - o Brasil república na TV". Assista o vídeo antes de continuar sua leitura:
OS PRIMEIROS ANOS DA REPÚBLICA NO BRASIL
O projeto sanitário deveria ser executado a qualquer preço. Rodrigues Alves nomeia, com poderes quase ditatoriais: o engenheiro Pereira Passos, como prefeito, e o médico sanitarista Osvaldo Cruz, como chefe da Diretoria de Saúde Pública. Cruz assume o cargo em março de 1903: “Dêem-me liberdade de ação e eu exterminarei a febre amarela dentro de três anos”. O sanitarista cumpriu o prometido.
Por outro lado, em nove meses a reforma urbana de Pereira Passos derruba cerca de 600 edifícios e casas, para abrir a avenida Central (hoje, Rio Branco). A ação, conhecida como “bota-abaixo”, obriga parte da população mais pobre a se mudar para os morros e a periferia.
É nesse contexto de exclusão, autoritarismo e violência política que se dá a imposição da vacina obrigatória. Daí para a revolta e reação popular era um pulo... Para maiores informações, leia: https://super.abril.com.br/historia/oswaldo-cruz-e-a-variola-a-revolta-da-vacina/
FORMULÁRIO DE QUESTÕES
Ao terminar sua leitura e análise do filme, clique no formulário (abaixo) e responda às questões propostas. Lembre-se que o formulário será encaminhado, uma única vez, diretamente para o professor assim que você clicar em “enviar”.
ATIVIDADE 3: A REVOLTA DA VACINA
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