OLÁ GALERA.
Na atividade anterior conhecemos algumas lideranças indígenas que fizeram e continuam fazendo história. Raoni, Rigoberta Menchú, Davi Kopenawa, Ailton Krenak, Cacique Juruna, Sônia Guajajara são representantes de uma tradição de resistência e de luta dos povos indígenas. Isso significa que a luta dos Povos Indígenas continua atual e viva em nosso país.
Mas, nem todos os povos indígenas vivem na floresta, na aldeia e nas tribos isoladas. Do mesmo modo que o mundo mudou... e nós mudamos com eles; os índios mudaram e ampliaram seu lugar na sociedade!
OS TEMPOS MUDAM, OS ÍNDIOS MUDAM!
A TERRA
A terra indígena pertence à comunidade. Isso não quer dizer que a propriedade seja, necessariamente, coletiva, ou que todos trabalhem juntos. Embora a terra seja da comunidade, o que cada indivíduo ou cada grupo de parentes possui é bem definido. Cada índio ou grupo de parentes tem a própria roça e não deve roubar a plantação dos outros. Há muita troca de trabalho, é comum que um homem ajude um parente na roça durante alguns dias, para mais adiante receber a retribuição. Existe também a obrigação de trocar presentes. Enfim, não existe a preocupação em acumular, como em nossa sociedade capitalista. Tudo o que os índios produzem servem para usarem, darem, para poderem ser generosos uns com os outros: para eles isso significa ser rico, generoso.
Ainda hoje os índios lutam pela "demarcação de suas terras" ou seja, pelo reconhecimento de que suas comunidades possuem "direitos originários" sobre o território em que vivem, afinal, eles já estavam aqui há 520 anos atrás quando o "branco europeu" invadiu as suas terras.
OS TUPINAMBÁS
Cinco séculos antes da chegada de Cabral ao Brasil, grande parte de nosso país se encontrava ocupado por esses povos, que falavam outras línguas, apresentavam muitas características culturais comuns e viam a terra desse modo. É o caso dos Tupinambás, um grupo indígena que estava espalhado por todo o litoral brasileiro, e que foi genericamente chamado de índio com a chegada de Cabral, e mais tarde de Tupi-Guarani.
Sua expansão, que provavelmente partiu da Amazônia, deu-se por todo o litoral brasileiro até chegar ao sul do país. Povos guerreiros e grandes canoeiros, utilizavam as vias fluviais e marítimas para incorporar novos territórios, seguindo um modelo de adaptação tropical recente. Quando o colonizador português aqui chegou há 520 anos, encontrou vários de seus grupos espalhados pela costa.
Perseguindo as pistas deixadas pelos paleo-índios da costa baiana, os arqueólogos construíram uma releitura histórica da ocupação do território brasileiro pelos Tupinambás.
1. SOCIEDADES IGUALITÁRIAS DE GUERREIROS
Os Tupinambás eram um povo migrante, e promovia um grande deslocamento populacional entre os seus diferentes grupos. Os estudiosos acreditam que sua expansão se iniciou pela Amazônia e se deu por todo o litoral brasileiro. Esses senhores da costa formavam diversas SOCIEDADES IGUALITÁRIAS DE GUERREIROS por todo o território.
Os grupos tupinambás do litoral norte da Bahia praticavam uma agricultura diversificada e desenvolveram diferentes métodos de plantio e armazenamento dos alimentos para consumo de suas tribos. A sociedade Tupinambá era uma sociedade IGUALITÁRIA, ou seja, o produto do trabalho coletivo era partilhado por todos de acordo com as necessidades de cada um na comunidade.
2. ANTROPOFAGIA RITUAL
Os guerreiros praticavam uma ANTROPOFAGIA RITUAL. (o que não significa que eles “comessem carne humana” como interpretam erroneamente os que desconhecessem essa prática) Havia um ritual em que a comunidade compartilhava os restos mortais dos guerreiros vencidos nas batalhas porque acreditavam que assim adquiririam as qualidades dos guerreiros (coragem, altivez...) Esse ritual era feito de acordo com um rígido código de ética que não permitia que o guerreiro fosse despojado de sua dignidade.
3. MITOS DE ORIGEM
Os índios, assim como os judeus e cristãos também possuíam seus mitos de origem. É bastante conhecido o mito tupi da "Terra sem males", o mito de Maíra. A seu modo, os índios também sonhavam com o "seu jardim" , com a chegada em um lugar onde todos poderiam se livrar do mal e viver em paz.
Os portugueses que vieram para o Brasil acreditavam estar chegando no paraíso descrito na Bíblia. Essa cosmovisão era baseada na concepção cristã e era partilhada por todos os europeus da época. É o chamado "Mito da Criação" (Mito não é sinônimo de mentira, é uma narrativa de conteúdo simbólico/religioso).
"Acabamos de celebrar os 500 anos do Descobrimento do Brasil. Os descobridores, ao chegar, não encontraram um jardim. Encontraram uma selva. Selva não é jardim. Selvas são cruéis e insensíveis, indiferentes ao sofrimento e à morte. Uma selva é uma parte da natureza ainda não tocada pela mão do homem. Aquela selva poderia ter sido transformada num jardim. Não foi. Os que sobre ela agiram não eram jardineiros, mas lenhadores e madeireiros. Foi assim que a selva, que poderia ter se tornado jardim, para a felicidade de todos, foi sendo transformada em desertos salpicados de luxuriantes jardins privados onde poucos encontram vida e prazer." (Rubem Alves, Educador, FSP 19/05/2000
O BRASIL QUE CABRAL ENCONTROU EM 1500 - I
O BRASIL QUE CABRAL ENCONTROU EM 1500 - II
O BRASIL QUE CABRAL ENCONTROU EM 1500
Em 1500, quando Cabral aportou nas praias baianas de Porto Seguro, ele se viu diante de uma outra paisagem, de uma outra flora e fauna diferentes do que tinha em Portugal, mas principalmente, diante de uma "outra humanidade", a humanidade indígena com toda a riqueza de sua diversidade. infelizmente, Cabral não estava preparado mentalmente para fazer desse momento um "encontro".
O BRASIL QUE CABRAL ENCONTROU EM 1500 - III
O BRASIL QUE CABRAL ENCONTROU EM 1500 - IV
O TRABALHO
Não existe muita divisão e especialização do trabalho entre os índios.
Todos sabem fazer quase tudo. Só há divisão do trabalho entre homens e
mulheres; os homens caçam, preparam a roça, fazem flechas e em alguns grupos
produzem cestos. As mulheres fiam, tecem, colhem, cozinham, fazem cerâmicas.
Apenas oficio do pajé é exercido por poucos. No mais, todos dominam as mesmas
técnicas, todos são cantores, ou músicos, os índios estranham que entre nós só
alguns indivíduos sejam artistas.
Os índios trabalham muito: derrubam a mata para as roças, plantam, caçam, coletam frutos no mato, buscam lenha, constroem malocas. Fabricam muitos objetos: colares, arcos, flechas, cestas, redes. Os que andam nus têm de se "vestir" com pinturas de corpo, cocares, colares, cintos, que dão muito trabalho para fazer. Não são nada preguiçosos, como pensa muita gente preconceituosa. Estão sempre ocupados — principalmente as mulheres.
O ritmo de trabalho, porém, é diferente do nosso. Como são donos da terra e não estão trabalhando para ganhar dinheiro, não seguem o horário rigoroso das fábricas, dos bancos, dos escritórios. Os índios podem misturar trabalho com passeio e prazer. A festa e o trabalho não estão separados como para nós.
Não têm horários rígidos para nada. Podem interromper o trabalho, dormir de dia. Não se incomodam de ser acordados à noite. Comem a qualquer hora do dia e são capazes de ficar dias sem comer durante alguns rituais, quando vão caçar ou, ainda, na falta de alimento.
Talvez sejam mais felizes que os indivíduos da sociedade moderna ou industrial. Quando ainda não usavam nossos objetos, possuíam um menor número de coisas - mas sem sentir falta delas, já que entre os índios não existem ricos ou pobres. Antes de começar a vender alguns produtos, calcula-se que, na sociedade indígena, ninguém trabalhasse, em média, mais do que 4 horas por dia. Esse tempo era suficiente para comer, cuidar dos filhos, construir malocas etc. Se compararmos esse ritmo com o de nossa sociedade, que faz o operário gastar no trabalho de 8 a 10 horas por dia, além do tempo despendido em tarefas domésticas e do tempo gasto em transporte, aprenderemos com os índios uma lição de vida.
Isso mudou com a chegada dos Portugueses, e está na origem de muitos dos conflitos entre os povos indígenas e o "homem branco europeu" que tinha por objetivo instalar uma empresa colonial e implantar o capitalismo no Brasil promovendo a escravização dos povos indígenas.
O MEIO AMBIENTE
Há milênios os índios usam a floresta, o campo ou o cerrado, plantado e
caçando. Mas não depredam a natureza nem extinguem espécies de animais. Para
plantar, costumam derrubar uma vez por ano, uma pequena parte da floresta para
iniciar algumas roças, que são abandonadas depois de cerca de dois anos.
Depois outro lugar para as roças é escolhido, o que permite que o primeiro
local da floresta se reconstitua e o solo não se esgote.
Há
outro fator que explica porque os índios conseguem manter a qualidade do solo e
a quantidade de produtos que plantam. Já se provou que plantar um só produto
estraga a terra, como aconteceu no Nordeste, com as enormes plantações de
cana-de-açúcar, e em São Paulo com o cultivo do café. Os índios, ao contrário,
não praticam monocultura, que empobrece o solo. Plantam pequenas quantidades de
muitas espécies, bastante misturadas. Os índios Kaiapó da aldeia Gorotire, no
Pará, plantam 58 espécies em cada roça, aumentando a flora nativa e deixando
árvores frutíferas para seus netos.
As plantações dos índios não dão lucro e nem têm a mesma
produtividade que as dos colonos ou dos fazendeiros mecanizados. A forma que os
índios usam a terra é diferente. Seu sustento não se faz só da roça, mas também
da caça, da coleta de frutos e raízes, e da pesca. Por isso eles necessitam de
uma extensão maior de terra, de florestas, do que os agricultores que
comercializam a produção agrícola.
É justamente nas terras usadas pelos índios que a
natureza permaneceu mais íntegra. Os maiores parques ecológicos são aqueles que
foram preservados pelos índios, graças a sua sabedoria na utilização dos
recursos naturais.
Existem pajés na maior parte dos grupos indígenas. Por meio da revelação dos espíritos, eles passam por um longo aprendizado, até chegar a saber como curar doenças ou trazer fartura para a comunidade. Os pajés são como médicos ou sábios. A extensão e a amplitude de seus conhecimentos poderia ser comparada a formação dada por uma universidade.
Os índios entendem muito de remédios, de plantas, de botânica, de animais. Sabem cuidar de picadas de cobras e malária, possuem remédios para emagrecer e para engordar, alem de anticoncepcionais, produzem tintas vegetais magníficas e fazem desenhos sofisticados em cintos, em redes de algodão ou cerâmica.
FORMULÁRIO DE QUESTÕES
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