PARTE 1: PRÉ-HISTÓRIA DO BRASIL: OS PRIMEIROS HABITANTES
Falar em Pré-História, como já dissemos antes, é como montar
um complicado quebra-cabeças com muitas peças faltando. Os indígenas
brasileiros do passado remoto, chamados paleoíndios, eram
sociedades ágrafas, mas tiveram uma história própria, de milhares
de anos.
A divisão tradicional em Paleolítico, idade
da pedra lascada, e Neolítico, idade da pedra polida, está em
desuso no mundo científico. Atualmente, os cientistas preferem os termos
geológicos: Pleistoceno e Holoceno.
PLEISTOCENO (DE 60 MIL A 12 MIL ANOS)
O clima e a vegetação do Brasil durante o Pleistoceno eram
muito diferentes dos atuais. O clima era úmido e mais frio. Uma densa floresta
de grandes árvores, cipós e samambaias cobria o que hoje é o semiárido
nordestino. Rios, lagos e cachoeiras dominavam os campos.
Durante o Pleistoceno, uma megafauna, hoje
extinta, habitava as florestas e os campos do território brasileiro. A forte
carapaça de Tatus gigantes, quando vazia, podia servir de abrigo aos homens
primitivos. Preguiças gigantes, do tamanho de um elefante, passavam o dia todo
comendo folhas de árvores e arbustos. O animal mais temido era o tigre
dente-de-sabre, um felino de 3 metros de comprimento que pesava 900 quilos. Ele
foi o grande predador de preguiças, tatus-gigantes e outros animais da
megafauna.
POVOAMENTO DO BRASIL
Foi no final do Pleistoceno que ocorreu o povoamento do
território do Brasil. As ossadas mais antigas de paleoíndios encontradas no
Brasil tem entre 11 mil e 12 mil anos. Foram encontradas na região arqueológica
de Lagoa Santa, em Minas Gerais. Entre as ossadas, está Luzia, o
esqueleto mais antigo das Américas, de 11.500 anos.
A reconstituição facial do crânio de Luzia surpreendeu o
mundo científico. Seus traços não eram iguais aos indígenas atuais, cujos
antepassados são de origem asiática. Luzia, diferentemente, tinha traços africanos,
como os nativos da Austrália e da Polinésia.
Essa descoberta levou os cientistas a uma nova hipótese
sobre o povoamento da América. Ele teria sido feito por dois tipos humanos com
características físicas distintas: um grupo mais antigo, vindo da Austrália ou
das ilhas da Melanésia e da Polinésia; e um grupo posterior, de origem asiática
que teria entrado na América pelo estreito de Bering, e que acabou dominando o
continente e dando origem aos indígenas atuais.
Outras descobertas surpreendentes foram feitas nas
escavações arqueológicas na Serra da Capivara, no sul do Piauí.
Ali foram encontrados esqueletos de 8.000 anos e vestígios de presença humana
ainda mais antigos que Luzia: são pinturas rupestres, restos de fogueiras e
artefatos de 17 mil anos até 48 mil anos!
PARTE 2: PRÉ-HISTÓRIA DO BRASIL: OS PRIMEIROS HABITANTES
Os resultados das escavações na Serra da Capivara levaram
os cientistas a rever sua hipótese sobre a data do povoamento da América: ele
teria ocorrido há pelo menos 40 mil anos atrás, isto é, muito
antes do que se suponha.
Entre tantas descobertas, discussões e novas hipóteses, uma
coisa é certa: por volta de 12 mil anos atrás, o território brasileiro já
estava plenamente ocupado por diversos grupos de paleoíndios.
DA FLORESTA À CAATINGA
Os paleoíndios tiveram que desenvolver uma série de
reflexos e precauções para sobreviverem em um ambiente povoado pela megafauna.
Por volta de 9 mil anos, na transição entre o Pleistoceno e o Holoceno, o clima
começou a mudar. As chuvas diminuíram, os rios secaram e a vegetação
modificou-se. Os grandes animais começaram a desaparecer por fome ou sede. O
clima tropical úmido transformou-se no semiárido de hoje.
Essas mudanças ficaram marcadas nas formações geológicas
que compõem a Serra da Capivara, no sudeste do Piauí. Ali ainda pode ser vista
parte da floresta tropical úmida da Pleistoceno e a vegetação de caatinga
formada no Holoceno. Da megafauna restaram numerosos fósseis estudados pelos
paleontólogos.
A fauna atual da Serra da Capivara é composta por animais
de pequeno e médio porte como tamanduás bandeira e mirim, várias espécies de
tatus, veados, macacos-prego, mocó – um pequeno roedor típico da caatinga, e a
onça pintada e a vermelha, o maior predador da região, além de dezenas de
espécies de aves, lagartos e serpentes.
PINTURAS RUPESTRES
No fundo dos vales e no alto das chapadas, existem abrigos
para os paleoíndios. Nesses abrigos, eles pintaram uma enorme quantidade e
variedade de figuras que hoje é considerado o maior conjunto de pinturas
pré-históricas do mundo.
As pinturas têm diferentes datações o que indica que a
região foi habitada de forma ininterrupta por mais de 40 mil anos e seus
autores pertenceram a diversos grupos étnicos.
As pinturas são bastante diversificadas. As temáticas, os
estilos, a composição das figuras e as técnicas de registro são vaiadas. Os
especialistas classificam as pinturas em tradições: Tradição Nordeste, Tradição
Agreste, Tradição Geométrica... Outras figuras parecem incompletas ou são
traços e sinais não reconhecíveis datados de períodos muito recuados no
Pleistoceno, há 29 mil anos.
As pinturas rupestres são uma forma de linguagem anterior à
escrita. Mesmo sem conseguir decifrar seu código, elas são fontes de
informações para os cientistas sobre a Pré-História do Brasil. Informam sobre o
modo de vida daqueles seres humanos e seu ambiente natural.
As mudanças de estilos nas pinturas indicam que ocorreram
transformações culturais das sociedades indígenas e que existiram diferentes
grupos étnicos ao longo de muitos milênios.
PRESERVAÇÃO DO PATRIMÔNIO ARQUEOLÓGICO
Criado em 1979, o Parque Nacional da Serra da Capivara
ocupa uma área de 135 mil hectares no sudeste do Piauí. Os vestígios
arqueológicos possuem diferentes datações, de 30.000 anos, 18 mil e 6 mil anos.
Em 1991, o parque foi declarado Patrimônio Cultural da
Humanidade. O Parque Nacional da Serra da Capivara é um museu a céu aberto, um
verdadeiro santuário cultural de épocas pré-históricas e a preservação de seus
sítios arqueológicos e de todo bioma da caatinga é compromisso e orgulho de
todo brasileiro.
Fonte: https://ensinarhistoriajoelza.com.br/pre-historia-do-brasil-parte-1/-Blog: Ensinar História - Joelza Ester Domingues. Resumo e adaptação para o 6º ano feita pelo professor Celso Barreiro.
FORMULÁRIO DE QUESTÕES
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