ATIVIDADE 5: INDÚSTRIA E TRABALHO NO BRASIL

OLÁ GALERA,

Com a Revolução de 1930, Vargas precisava de um novo modelo econômico alternativo à moribunda economia agroexportadora após a crise de 1929. Era preciso recuperar o tempo perdido e investir fortemente na indústria. A alternativa que surgiu foi a industrializar internamente para substituir as importações. Era preciso também criar um mercado de trabalho, para prover a indústria da mão-de-obra necessária; e de um mercado de consumo de bens duráveis e não-duráveis. 

A urgência em implantar o novo modelo antes que a economia entrasse em colapso, e a falta de investimentos privados para criar um parque industrial moderno, levou Vargas a optar por uma forte intervenção do estado na economia criando uma indústria de base. Era preciso também regulamentar urgentemente o mercado de trabalho para conter a mobilização crescente dos trabalhadores urbanos. Conheça melhor essa história, lendo a síntese temática que produzimos:  

   INDÚSTRIA E DO TRABALHO NO BRASIL

DO INÍCIO DO SÉCULO XX AO FINAL DA DITADURA MILITAR (1985)

1ª FASE: ANTES DE 1930

Até o início da década de 1930, vigorava no Brasil o modelo primário-exportador. Dentre os produtos que compunham a pauta comercial brasileira destacaram-se a cana-de-açúcar, o algodão, o ouro, a borracha e o café. Apesar da economia ser dominada pelas atividades rurais, no final do século XIX e início do XX, surgem, nas cidades, as primeiras atividades manufatureiras, particularmente no setor têxtil e de gêneros alimentícios.

Com a abolição da escravidão, a mão-de-obra escrava começa, gradativamente, a ser substituída pelo trabalho assalariado que atrai um grande número de imigrantes vindos da Europa (imigração de massa) e de ex-escravos para os grandes centros urbanos e cidades do litoral.

Nesse contexto, surge também o movimento operário e os primeiros sindicatos no Brasil devido à ausência de direitos trabalhistas e a experiência de luta dos imigrantes em seus países de origem.

As primeiras formas de organização foram as sociedades de auxílio-mútuo e de socorro, que objetivavam auxiliar materialmente os operários em períodos mais difíceis. Em seguida, são criadas as Uniões Operárias, que com o advento da indústria passam a se organizar de acordo com seus diferentes ramos de atividade e diferentes ideologias políticas (anarquistas, socialistas e, mais tarde, trabalhistas).

Em 1917, essas organizações organizaram a primeira greve geral da história, de caráter anarquista, que paralisou o centro de São Paulo durante 5 (cinco) dias entre 12 e 16 de julho. 

2ª FASE: DE 1930 à 1956

A industrialização, de fato, passa a se constituir como projeto de Estado a partir de 1930 com a crise do modelo agrário-exportador. Os cafezais sofriam um declínio assustador de rendimento, os capitais (lê-se, investimentos) antes alocados no setor primário passam a ter seu eixo de gravidade modificado para as atividades tipicamente urbanas e, em especial, no setor secundário.

A Crise do Café gerou as condições para a industrialização brasileira estimulando a produção de bens de consumo no país por conta da redução drástica das importações e impulsionando a concentração de riqueza na Região Sudeste, principalmente no eixo Rio-São Paulo,

Vargas nacionalizou a economia com a adoção do modelo de Substituição das Importações, criando as chamadas indústrias de base necessárias para o impulso de outros ramos industriais. Foram criadas neste período a Companhia Siderúrgica Nacional, importante centro de produção de aço, a Companhia Vale do Rio Doce, atual Vale, empresa responsável pela exploração dos diversos minerais utilizados pelas indústrias e criou a Petrobras, importante produtora de energia. Vargas ainda regulamentou de trabalho criando a CLT (Consolidação das Leis do Trabalho).

Por certo tempo, o sindicalismo no Brasil era ditado por iniciativas dos trabalhadores ou de grupos com perfil político-ideológico mais definido (ligados ao PCB, o primeiro partido de esquerda organizado no Brasil). Essas iniciativas eram tomadas pelos trabalhadores em sua heterogeneidade, concebido por uma inspiração autônoma.

Essa dinâmica muda com a ascensão de Getúlio Vargas ao poder, que resolve disputar essa base social como parte de seu projeto político-eleitoral, criando o PTB (Partido Trabalhista Brasileiro) de perfil conservador e aliado ao governo e passa a submeter os sindicatos ao controle do Estado.

Vargas cria o Ministério do Trabalho em 1930 e regulamenta os sindicatos com controle financeiro, político e ideológico do Estado. Mas não foi só isso, Vargas foi responsável por uma série de outras medidas relacionadas à vida dos trabalhadores como a CLT, a carteira de trabalho, a instituição do salário-mínimo e do FGTS  e dos institutos de Previdência Social.

Ainda assim, o período foi marcado por intensas greves de trabalhadores e pela crescente luta sindical. Nos anos 40, o movimento volta a ganhar forças, mesmo em meio a restritivas leis impostas por Vargas, que continuaram vigentes mesmo após o fim do Estado Novo, em 1945. 

3ª FASE: DE 1956 à 1964

JK, por sua vez, inicia o processo de internacionalização da economia abrindo espaço para a entrada das multinacionais e de capitais (investimentos) estrangeiros, em especial aqueles ligados à indústria automobilística (“motor” da economia).

Esse período é marcado pelo tripé da economia: capital estatal alocado em indústrias de base e em investimentos em comunicação, energia e transportes notadamente, ao passo que o capital privado nacional concentrou-se no investimento de indústrias de bens de consumo não duráveis e o capital privado internacional voltado ao desenvolvimento de indústrias de bens de consumo duráveis.

Durante esse período, em particular nos primeiros anos da década de 1960, a luta sindical atinge seu ápice, com imensas manifestações grevistas. No campo, as lutas também se intensificaram com a criação das ligas camponesas, onde aos poucos cresciam os sindicatos rurais. Mas o crescimento do movimento sindical é interrompido com o golpe militar em 1964, quando o movimento dos trabalhadores volta a ser perseguido e a existir sob total controle do Estado.

 

4ª FASE: DE 1964 à 1985

Com o golpe militar (1964), os diversos presidentes, entre 1964 e 1985, apresentaram duas características marcantes: modernização da economia e autoritarismo político. A modernização da economia deu-se via aprofundamento da dívida externa, responsável pela experiência do Milagre Econômico (1968-73), quando o Brasil apresentou exorbitantes taxas de crescimento econômico, acima de 10% ao ano.

Ao longo dos governos militares, foram surgindo sinais de desgaste do modelo político-econômico adotado nesse período. A década de 1980 é conhecida, nesse contexto, como “a década perdida”, pois neste período o Brasil vivenciou os maiores índices de inflação, com constantes correções monetárias diárias e retração da atividade industrial.

O sindicalismo volta a ganhar forças somente no fim dos anos 1970, quando ressurgem as greves em diversas fábricas no ABC paulista. A jornada de luta nos anos 1970 inseriu o movimento operário no cenário político, econômico e social brasileiro, levando a criação da Central Única dos Trabalhadores (CUT) e do Partido dos Trabalhadores (PT), que passaram a organizar diversas greves gerais nos anos 1980 e desempenharam importante papel em movimentos políticos como as Diretas-Já.

5ª FASE: DE 1988 AOS DIAS ATUAIS

Em 1988, com a aprovação da Constituição Cidadã, o país começou a ensaiar um novo ciclo no mundo do trabalho com ampliação dos direitos sociais e trabalhistas (licença-maternidade, jornada reduzida para 44 horas semanais e leis relativas à seguridade social)

Desde então há uma constante disputa entre os direitos sociais e os interesses do mercado onde, ora a balança pende para o lado dos trabalhadores, com ampliação de seus direitos e condições de trabalho; ora pende para os interesses do mercado flexibilizando direitos e arrochando salários em prol das empresas e do capitalismo neoliberal. Essa balança ficou bastante desequilibrada, em prejuízo dos trabalhadores e suas famílias, com reforma trabalhista promovida pelo curtíssimo governo de Michel Temer em 2016 e agravada pela chegada da pandemia do coronavírus em 2020. Desde então, a situação do mundo do trabalho atingiu níveis alarmantes de precarização e de aumento do desemprego. 


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