ATIVIDADE 6: A CRISE DE 1929 E O GOLPE DE VARGAS



OLÁ GALERA,

A proposta dessa atividade é apresentar para você o impacto da Crise Mundial do Capitalismo iniciada em 1929 nos EUA para a História do Brasil. Sem dúvida, essa crise contribuiu, efetivamente, para a decadência do modelo AGROEXPORTADOR de economia no país.

É preciso observar, ainda, que a crise forneceu, em grande medida, uma oportunidade única para a instalação da Revolução de 1930 que colocaria fim há mais de 40 (quarenta) anos de domínio das oligarquias agrárias no Brasil. 

O primeiro passo será, evidentemente, entender o que foi essa Crise. Em 24 de outubro de 1929, Numa quinta-feira (que ficaria conhecida como a “quinta-feira negra”) depois de uma longa década de prosperidade americana, a bolsa de valores de Nova Iorque quebrou... foi o “crash”. Mas, afinal, por que essa era de prosperidade começada no fim da primeira guerra mundial chegaria ao fim em 1929?

Para entender esse processo veremos 2 (dois) pequenos vídeos; e leremos, na sequência, um artigo do Historiador Leandro Augusto M0artins Jr (UFRJ) sobre a Crise de 1929 (Fonte: http://educacao.globo.com/historia/assunto/mundo-em-tempos-de-guerra/crise-de-1929.html>acesso em 30/04 às 16h00):

O 1º é um documentário com imagens de época que faz uma descrição dos principais acontecimentos que precipitaram aquele episódio e dos fatos que precipitaram a queda do presidente republicano Hebert Hoover; e sua substituição pelo democrata Franklin Roosevelt (os EUA possuem até hoje dois grandes partidos que se alternam no poder: republicanos e democratas) que implantou uma política de orientação keynesiana que ficou conhecida como “New Deal” (Novo Acordo).

O 2º vídeo é mais analítico e não se resume a descrever os fatos ensaiando uma crítica sobre o cenário histórico. Diferente do vídeo anterior (que corresponde a uma versão historiográfica bastante difundida) que se limita a descrever os fatos dizendo que a população tinha o “hábito de investir na bolsa de valores”, esse vídeo lembra que durante a década do consumo de massa “não havia qualquer tipo de benefício social, aposentadoria ou seguro-desemprego para socorrer os trabalhadores nas épocas ruins, o que induzia muitos a investir no mercado de ações para criar uma poupança para os dias piores”.




CRISE DE 1929

ANTECEDENTES

A Crise de 1929 deve ser entendida no contexto da Primeira Guerra Mundial (1914-1918), que se mostrou especialmente trágica às nações europeias. Nos países vitoriosos, como Inglaterra e França, as consequências do conflito foram calamitosas, notadamente em relação às estruturas econômicas: Indústrias paralisadas, campos queimados, estradas destruídas foram apenas alguns dos inúmeros problemas enfrentados por estes mercados, fragilizando acentuadamente sua capacidade produtiva.

Por outro lado, a Guerra favoreceu o crescimento econômico dos EUA que, se antes mesmo do conflito já se colocava como uma potência emergente, assumia agora uma indiscutível relevância internacional. Distante do front, os EUA não foram atingidos em sua capacidade fabril. Ao contrário, as crescentes demandas de uma Europa debilitada incentivaram ainda mais sua produção.

SUPERPRODUÇÃO

Internamente, a economia americana também encontrava incentivos para crescer, já que o mercado consumidor nacional apresentava-se cada vez mais pulsante. Neste momento, o American Way of Life impulsionava o consumismo no país ao vincular o bem-estar das pessoas ao seu poder de compra. Deste modo, a crença de que a felicidade estaria vinculada ao consumo estimulava o desenvolvimento das indústrias estadunidenses.

Esta conjuntura de prosperidade começou a dar os primeiros sinais de fragilidade à medida que a economia europeia iniciou sua recuperação em meados dos anos 20, diminuindo as importações oriundas dos EUA. Ao mesmo tempo, o mercado interno norte-americano mostrava-se cada vez mais saturado, contribuindo para a desaceleração da produção industrial. Ou seja, por um lado, aumentava a produção; de outro, diminuía o consumo, causando uma superprodução.

CRACK DA BOLSA DE NY

Nessa época, a Bolsa de Valores de Nova York comportava importantes negociações entre as principais empresas do mundo. Em 1929, com os efeitos da crise de superprodução se apresentando cada vez mais graves, diversos empresários foram à falência, grandes bancos encerraram as atividades e os índices de desemprego bateram recordes históricos atingindo a bolsa de valores.

Nos meses seguintes, o caos social tomou conta do país. O desespero dos desempregados e das famílias empobrecidas fez com que crescessem os casos de suicídio, alcoolismo, prostituição, violência urbana e o fortalecimento das máfias, responsáveis pelo comércio de bebidas alcoólicas (em um momento em que vigorava a “Lei Seca”, onde tal prática era proibida em todo território norte-americano).

A CRISE NO MUNDO

Protagonista entre as economias capitalistas desde o encerramento da Primeira Guerra Mundial, os Estados Unidos mantinham fortes relações comerciais com a grande maioria dos países do mundo. Deste modo, mostrou-se inevitável que as repercussões da crise norte-americana atingissem o mercado internacional. (com exceção da União Soviética, cuja economia socialista foi uma espécie de blindagem à crise)

Na Europa Ocidental os efeitos foram especialmente desastrosos, principalmente em economias já debilitadas, como a alemã. Em 1933, ano de ascensão de Hitler ao poder, a hiperinflação havia corroído o poder de compra da moeda alemã e o desemprego atingia mais de um terço dos trabalhadores, contribuindo para o caos econômico e o fortalecimento do partido nazista na Alemanha.

KEYNESIANISMO

Apesar das questões nacionais tornarem singulares as medidas que cada país tomou para sair da crise, um aspecto as aproximava: o papel central assumido pela ação governamental. Contrariando toda a crença liberal nos benefícios ofertados pelo afastamento do Estado das relações econômicas, o economista britânico John Maynard Keynes advogava o intervencionismo estatal como a única saída possível para o caos gerado pela Crise de 1929.

O presidente norte-americano Franklin Delano Roosevelt, apoiado nessa concepção, desenvolveu o New Deal, um conjunto de medidas econômicas fundamentadas na intervenção do Estado na economia, buscando revigorar o mercado consumidor e acelerar a geração de empregos. O governo investiu em obras públicas e em previdência social. Diversas empresas e bancos foram salvas/os com empréstimos públicos, e a própria bolsa de valores de Nova York voltou a funcionar através de auxílios estatais.

                        LEANDRO AUGUSTO MARTINS JUNIOR, Mestre em História Política pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro


A CRISE NO BRASIL

No Brasil, país de economia essencialmente agroexportadora, os desdobramentos da crise afetaram profundamente as exportações de gêneros primários. As vendas do café, nosso principal produto à época, atingiram os piores índices após décadas, fato cujas consequências interferiram negativamente no funcionamento da Política do Café-com-Leite. Foi nesse contexto que Getúlio Vargas liderou a Revolução de 30 e assumiu a presidência do país. 

Para entendermos melhor esse processo, assista a uma divertida videoaula do escritor Eduardo Bueno: “Os reflexos da Crise de 1929 no Brasil. Para terminar, leia a síntese que produzi para essa página.

OS REFLEXOS DA CRISE DE 1929 NO BRASIL 


A CRISE DE 1929 E A REVOLUÇÃO DE 1930

QUEIMANDO CAFÉ... E DINHEIRO PÚBLICO!

Você deve estar lembrado que, mais de uma vez, nós comentamos que no Brasil, as elites se apropriam daquilo que é público. Não por acaso, ao refletir sobre a República Velha (1894-1930), o historiador José Rivair de Macedo dizia que “o poder privado no Brasil se impõe acima do interesse público”. Mas se essa era realidade brasileira quando a economia agroexportadora estava a todo vapor, o que dizer do que aconteceu depois da crise de 1929?

No vídeo que você assistiu Eduardo Bueno demonstrou que, no Brasil, as elites “privatizam os lucros e socializam os prejuízos”. É a velha história... se tudo estiver funcionando, e as elites não correrem riscos e continuarem ganhando dinheiro, vale o princípio de que o “Estado é ineficiente, burocrático e gastador!”, e que bom mesmo é que o mercado funcione livremente!”

Mas, essa conversa só vai até a página 2! Porque todo mundo sabe que, no mundo do capitalismo livre, “se der alguma zebra no sistema de lucros e ganhos das elites” como aconteceu em 1929... o Estado, aquele mesmo que até então era chamado de ineficiente, burocrático... não somente pode, como deve fazer alguma coisa!

O Estado brasileiro comprou (com dinheiro dos impostos, que são pagos por todos e não somente pelas elites, diga-se de passagem!) toda a supersafra de café dos fazendeiros durante a crise. E o que fazer com aquele café todo que não poderia ser distribuído para não derrubar o preço do produto? Simples: queima! Ou seja, o dinheiro público pode queimar!! Mas, o dos coronéis... 

UM TIRO CERTEIRO...

A crise de 1929 teve para os cafeicultores, como diz o jornalista Eduardo Bueno, o impacto de “um tiro à queima roupa” muito pior que aqueles que mataram a amante de Washington Luís no hotel Copacabana Palace e João Pessoa na Confeitaria Glória. A morte do paraibano foi um golpe de misericórdia na moribunda política dos governadores. Getúlio Vargas soube capitalizar os eventos políticos e mobilizar os descontentes com sua Aliança Liberal.

Getúlio Vargas era apoiado por 2 (duas) diferentes forças políticas: os trabalhadores e as camadas médias urbanas, colocados em segundo plano pelas políticas dos cafeicultores que engrossaram as fileiras do recém-criado partido trabalhista; e as elites agrárias tradicionais de Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Paraíba, traídas pela indicação de Júlio Prestes (um Paulista) por Washington   Luís, quebrando o pacto de equilíbrio político criado por Campo Sales. Além disso, Vargas contava com o apoio da burguesia industrial que via nele uma oportunidade única de mudar os rumos do país.

POR QUÊ O BRASIL ERA TÃO DEPENDENTE DOS EUA?

O Brasil, antes de 1930, era uma economia agroexportadora, e dependia, quase que exclusivamente da produção cafeeira. Essa estrutura que havia sido criada não se modificou ao longo dos anos, ainda que o café possuísse um dinamismo maior na distribuição e escoamento de sua produção do que outros produtos de exportação como a cana-de-açúcar e o algodão.

Com o poder político concentrado nas mãos das elites agrárias não havia disposição para a industrialização ou o desenvolvimento de indústrias para atender a demanda do mercado interno.

Essa situação irá mudar com a crise de 1929. Com a queda brutal nas importações e no preço internacional do café decorrentes da crise e da depressão que se segue nos anos seguintes nos EUA, a industrialização surge como alternativa, e a tese da “vocação agrícola” do Brasil começa a perder força.

A REVOLUÇÃO DE 1930

É nesse contexto que Vargas surge com um programa ousado para a época, prometendo apoiar a industrialização para substituir as importações e atender o mercado interno.

Vargas sabia que precisaria de uma base popular de apoio nas cidades, na medida que não poderia contar com os trabalhadores rurais controlados pelos coronéis, que tornavam as eleições um jogo de cartas marcadas, com suas tradicionais práticas eleitorais fraudulentas (lembrem-se de que foram esses coronéis que criaram o “voto de cabresto”)

Para disputar a base operária com os grupos ideológicos de esquerda, Vargas criou   políticas trabalhistas como a criação da carteira de trabalho, do fundo de garantia, as caixas de aposentadoria e o salário mínimo. Criou, também, um sindicalismo atrelado aos interesses do Estado para dar apoio e sustentação política ao seu governo na sociedade.

Com o país em crise, as elites divididas e o apoio de uma emergente burguesia industrial e das classes trabalhadoras urbanas, era só uma questão de tempo para a mudança do regime. A oportunidade surgiu em 24 de outubro de 1930, exatamente um ano depois do Crack da Bolsa de Valores de Nova York. Era a Revolução de 1930. Depois daquele 24 de outubro, o país nunca mais seria  o mesmo!

Celso Aparecido de Cerqueira Barreiro,

Professor de História da E. M. Luiz Jacob


FORMULÁRIO DE QUESTÕES

Ao terminar sua leitura e análise do filme, clique no formulário (abaixo) e responda às questões propostas. Lembre-se que o formulário será encaminhado, uma única vez, diretamente para o professor assim que você clicar em “enviar”.

ATIVIDADE 7: A CRISE DE 1929 NO BRASIL E A ERA DE VARGAS


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