(Reconstituição artística do crânio
de Luzia)
Olá Galera,
Na aula/atividade anterior (5), observamos que a periodização tradicional considera que a História se inicia com o surgimento das civilizações escritas. Mas, nem sempre a escrita fez parte da tradição cultural dos povos. Daí que chamar de "Pré-Histórica" a experiência que antecede esse período é um equívoco.
SOCIEDADES ÁGRAFAS
As sociedades que não conheceram a escrita são chamadas de sociedades
ágrafas (a-grafa = Sem-Escrita). Sociedades ágrafas são comunidades
humanas que não possuem formas de escrita.
Se a História for vista nessa visão linear (que os Historiadores modernos criticam por seu caráter eurocêntrico), o ser humano só entrará na História - após o desenvolvimento da escrita. Aí começam os problemas... Ora, desde que o ser humano surgiu há mais de 100 mil anos ele sempre fez História!
Hoje sabemos que a Pré-história foi um período riquíssimo em
manifestações e produções culturais. O problema é que, como não
há registros escritos que permitam o acesso
direto ao conhecimento desse período, fica muito mais difícil reconstruir esses
passos com documentos e fontes e é preciso recorrer à análise dos vestígios
arqueológicos.
Em geral, as sociedades ágrafas são estudadas por diferentes
profissionais das ciências humanas como antropólogos, sociólogos e
historiadores, mas quando se trata do estudo de sociedades sem escrita que
desapareceram há milhares de anos, seu estudo fica a cargo de arqueólogos.
A pesquisa da pré-história deve se concentrar em fontes materiais não-escritas. Essas fontes, em geral, são mais difíceis de se obter (inclusive pela antiguidade) e de se interpretar (pela falta de fontes escritas que ajudem na sua compreensão e contextualização). E é aí que entra a arqueologia.
A arqueologia é uma ciência que estuda o passado humano a partir dos vestígios e restos materiais deixados pelos povos que habitaram a Terra. Mas essa ciência é muito diferente daquilo que é vendido pela indústria cultural e pelo cinema em nossos dias:
“Todo mundo tem alguma noção sobre o que é Arqueologia. Afinal, quantos
filmes de aventura, livros de suspense e mistério, ou mesmo videogames não têm
um arqueólogo como personagem principal? Via de regra, vamos encontrá-lo
mergulhado em alguma selva impenetrável, numa busca desenfreada por objetos
raros e únicos, produzidos por estranhas civilizações desaparecidas.
Na vida real o arqueólogo enfrenta situações inusitadas e tem um
cotidiano cheio de surpresas. Porém, a visão difundida pela indústria do lazer
a respeito desse campo de pesquisa é limitada e ultrapassada, já que em ciência
tudo se transforma: as teorias, os métodos e as próprias tecnologias que
auxiliam nas descobertas e em suas interpretações.” (Fonte: https://www.itaucultural.org.br/projetos/arqueologia/)
A
arqueologia não estuda apenas o passado remoto. Estudos vêm sendo desenvolvidos
no subsolo de grandes cidades, nas sedes de antigas fazendas, em quilombos,
campos de batalha, navios naufragados e fortes, permitindo que se conheçam
inúmeros aspectos do cotidiano que, via de regra, não constam dos documentos
oficiais.
Esses vestígios arqueológicos são produto de um trabalho sistemático que se inicia com a seleção e escavação de sítios arqueológicos (imagem de abertura desse tópico), coleta e análise laboratorial dos vestígios e construção de hipóteses científicas explicativas da realidade analisada.
É importante destacar que, como esses vestígios são escavados, é comum que, num mesmo sítio haja vestígios de povos que viveram em diferentes momentos no mesmo lugar. Daí que a escavação precise ser minuciosa para não se misturar vestígios de épocas diferentes numa mesma mostra. É como se o subsolo possuía uma linha do tempo própria onde, quanto mais profundo o lugar do subsolo onde foi encontrado o vestígio - mais antigo o artefato e, quanto mais superficial, mais recente.
Estudar a pré-história é como montar um quebra-cabeças incompleto com as poucas peças que foram achadas, o que exige uma dose grande imaginação e a construção de diferentes hipóteses explicativas sobre a realidade.
Antigamente, os historiadores dividiam a pré-História em períodos como
paleolítico superior e inferior e neolítico. Isso acontecia por que a historiografia
tradicional reconhecia a pré-história com uma visão preconceituosa que chamava esse
período de "Idade da Pedra". (Daí paleo-lítico = pedra antiga e neo-lítico
= pedra nova).
Hoje em dia, os cientistas preferem falar em Pleistoceno e Holoceno,
como são classificados os períodos em termos geológicos (a
geologia é uma ciência que estuda as pedras, rochas e o solo e/ou subsolo)
PRÉ-HISTÓRIA DO BRASIL
Quando estudamos a Pré-história brasileira, a primeira questão que surge é: Como, e Quando, os seres humanos, essa espécie que surgiu na África (o berço da humanidade) há 100 mil anos chegou ao continente (América) onde se situa o Brasil?
POVOAMENTO DA AMÉRICA
A primeira hipótese explicativa sobre o povoamento da América foi de que a espécie humana migrou da Ásia para a América via estreito de Bering entre 11 e 14 mil anos. Com o avanço dos estudos, houve a descoberta de que essa migração não foi a única da História do Homem Americano.
Provavelmente, outras ondas migratórias teriam chegado às Américas muito antes disso... O principal vestígio arqueológico que deu suporte à hipótese de uma migração mais antiga que a dos asiáticos (que teria dado origem aos Paleoíndios, os ancestrais dos povos indígenas americanos) é o fóssil de Luzia.
O fóssil apelidado de Luzia é um fóssil datado em mais de 11.500 anos, e
é o mais antigo fóssil humano encontrado na América. O fóssil, encontrado pelo
arqueólogo Peter Lund em 1975, em Lagoa Santa/MG, é de uma mulher de
traços negros. (observe a reconstituição artística do crânio desse
fóssil na abertura dessa página)
Mais tarde, a arqueóloga francesa Niéde Guidon encontrou vestígios arqueológicos na Serra da Capivara, no Piauí. Os restos materiais de uma fogueira fossilizada datavam de, nada mais nada menos, que 48.000 anos!
Esse novo fato sugeria uma onda migratória vinda do Oceano Pacífico à partir das ilhas da Polinésia muitos anos antes que os ancestrais asiáticos dos paleoíndios americanos tivessem atravessado o estreito de Bering.
Os arqueólogos acreditam que a ocupação humana da América se deu na transição do Pleistoceno ao Holoceno (entre 60 mil e 12 mil anos atrás) numa época em que a vegetação e o clima do sertão nordestino era muito diferente da atual e os homens conviviam com a megafauna (hoje extinta) do continente composta por mamutes, tatus e preguiças gigantes e o temido tigre-dente-de-sabre (quem já não viu essa época retratada de forma criativa pela série “Era do Gelo” da Disney?)
Se você quiser aprofundar o estudo desse tema, assista a gravação de nossa aula de História disponível no Youtube (dada em outubro de 2020), clicando no link (abaixo) :
A CHEGADA DO HOMEM NA AMÉRICA - I
A CHEGADA DO HOMEM NA AMÉRICA - II
FORMULÁRIO DE QUESTÕES
Ao terminar sua leitura e análise do filme, clique no formulário (abaixo) e responda às questões propostas. Lembre-se que o formulário será encaminhado, uma única vez, diretamente para o professor assim que você clicar em “enviar”.
ATIVIDADE 6: PRÉ-HISTÓRIA, ARQUEOLOGIA E POVOAMENTO DA AMÉRICA
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