OLÁ
GALERA,
Darcy
Ribeiro foi uma figura extraordinária da História do Brasil. Antropólogo,
educador, escritor, ex-ministro da educação e ministro-chefe da casa civil no
governo de João Goulart, Vice-governador do Rio de Janeiro e Senador da
República. Falecido em 1997, sua obra ainda deixa saudades. Entre elas, ele
deixou uma obra sensacional chamada “O Povo Brasileiro”. Darcy faz um retrato
histórico-antropológico do Brasil. Seu objetivo era captar a “alma do povo
brasileiro”. Essa obra foi ponto de partida de uma série documental de mesmo
nome em 10 (dez) capítulos. Com base nos 4 (quatro) primeiros episódios da
série, preparamos esse material para que você possa conhecer um pouco mais
dessa História.
Para compreender melhor essa História, assista o vídeo (abaixo) referente ao 1º episódio selecionado da série. em seguida, leia a síntese didática da transcrição feita pelo seu professor desse episódio. Finalmente, após esse processo, ou seja depois de assistir o vídeo e ler o texto, responda o formulário de questões propostos no final dessa atividade.
MATRIZ LUSA- O POVO BRASILEIRO
MATRIZ LUSA
DOM HENRIQUE E A AVENTURA DAS NAVEGAÇÕES MARÍTIMAS
Darcy
inicia falando sobre D. Afonso Henriques, um homem estranho, um filho da idade
média, que inesperadamente se converte num dos tecnólogos mais avançados de sua
época. Esse homem “visionário” resolve criar navios que não existiam para
atravessar o oceano: navios com leme fixo (uma invenção dos árabes desconhecida
dos europeus), com a vela latina (que navega em todas as direções) e com
bússola (uma inovação chinesa trazida pelos árabes) e astrolábio (aparelho que
media as distâncias com base na observação das estrelas). Esse navio, essa
criação, é mais importante que uma dessas astronaves de nossos dias que chegam
à lua.
Aquele
príncipe acreditava numa heresia, muito bonita. Havia um tempo do pai, do
antigo testamento; e outro do filho, de que fala o novo testamento, e D.
Henrique acreditava que havia chegado o tempo do espírito: da criação de um
novo mundo como projeto. Era uma utopia, a de fazer o paraíso perdido aqui na
terra. (Darcy Ribeiro)
Na época dos descobrimentos, Portugal estava na vanguarda dos povos, a começar pelo precoce surgimento como nação muito antes do resto do mundo. E eram ousados, com imensa coragem de si mesmos.
PORTUGAL: O PRIMEIRO ESTADO-NAÇÃO MODERNO DA HISTÓRIA
Portugal tem
as fronteiras mais antigas da Europa. São mais de 800 anos de fronteiras
estáveis. Era uma faixa estreita com um pouco mais de 1 milhão de habitantes
que não tinham para onde ir se não o mar, por que atrás estava o inimigo,
estava a Espanha. A necessidade ir ao mar, para pescar, para descobrir... era
imprescindível. Isso fez de Portugal, um país de pescadores, um país de
navegadores. Portanto, ser bons pescadores, ser bons navegadores era, para os
portugueses, uma questão de sobrevivência. E isso resultou numa tecnologia que
recebeu a contribuição de árabes, judeus e de toda uma amálgama
cultural-científica da península.
HISTÓRIA DA FORMAÇÃO DE PORTUGAL
Desde
tempos muito remotos, o território hoje português serviu de ponto de encontro
de lusitanos, galegos e célticos vindos de diversos lugares. Viviam numa
economia agropastoril, e praticavam cultos e faziam oferendas a seus deuses.
No século
VIII a.C, os fenícios invadiram a península trazendo a metalurgia do ferro, as
primeiras formas de escrita e o conceito de cidade. Depois vieram os gregos e
cartagineses, gente marcada pela navegação e pelo comércio. Em 218 a.C. os
romanos invadem a península e trazem o latim que daria origem ao espanhol e
português. Em seguida, veio uma onda bárbara com visigodos, suevos e alanos
dominaram a península até que os árabes invadiram a península.
O moinho d’água,
o bicho da seda, o algodão, o azulejo, a telha mourisca, a laranjeira, a
cana-de-açúcar, a varanda, o gosto pelo açúcar, a doçaria, o gosto pelo asseio,
água, o pandeiro. O mouro viajou para o Brasil na memória do colonizador e
ficou... até hoje sentimos sua presença. Tanto quanto a convivência com os
mouros, restaram da relação com os judeus traços inconfundíveis sobre os
portugueses colonizadores do Brasil, na economia e na vida social, como o
mercantilismo e o anel com jóia do dedo.
"Os
europeus se orgulham de serem herdeiros da cultura greco-romana. Mentira! Foram
os árabes que trouxeram a ciência, a filosofia a matemática. Portugal sob
domínio era um colorido mosaico de mercadores, artesãos, e antigos camponeses
de raízes étnicas muito variadas, todos falando árabe." (Darcy Ribeiro)
A partir
de Porto-Cale, que era um condado, chamado condado porto-calense, uma realidade
nova começa a surgir, uma língua se constituiu e a preocupação desse povo que
começava a surgir foi a criação de uma nação que foi se formando a partir de duas
ações: De um lado, a expulsão dos mouros; e de outro, o combate aos
castelhanos.
OS LUSÍADAS: UMA CIVILIZAÇÃO DIFERENTE, PLURAL E INVENTIVA
“Deus quer, o homem sonha, a obra nasce. Deus quis que a terra fosse toda uma, que o mar unisse já não separasse... Sagrou-se e fostes desvendando a espuma...” (Fernando Pessoa)
A História
de Portugal é a História de um povo que transformou uma visão religiosa-afetiva
em lugar da centralização política tecida em torno de um projeto, uma utopia de
“Novo Mundo’.
Em 1288,
o Português se torna língua oficial do país. Lisboa se torna um núcleo de
cultura cosmopolita, de técnica e de mercantilismo, com uma universidade que reelabora
de forma original os diferentes saberes da península.
Em Sagres,
Dom Henrique reúne sábios e técnicos de diferentes origens, ordena os
conhecimentos adquiridos, estimula a experimentação e a inovação. Nessa escola de
pensamento, produz um corpo teórico e prático da ciência da navegação.
“Os
lusíadas eram um povo com uma tremenda sede de aventura, com uma ambição enorme
de enricar e por uma curiosidade científica de um pendor experimentalista sem
paralelo na História. Eles acreditavam, contra toda sabedoria de seu tempo, que
só era confiável o saber de experiência feito. Eles diziam, em sua audácia
maior, que por mais absurda que pudesse
parecer a tese de que “a terra era uma bola”, ela era, de fato, uma bola!” (O
Povo Brasileiro)
“E
viu-se a terra inteira, de repente, surgir redonda do azul profundo!” (Fernando
Pessoa)
Financiado
pelo Estado, a ordem de Cristo e a poderosa burguesia mercantil, Dom Henrique
desenvolve um programa progressivo e sistemático para conhecer o desconhecido. E
assim, esse punhado de homens, provenientes de pescadores e camponeses, foi
chamado para o mar e foi avançando. Isso não seria possível antes que os ventos
do Renascimento chegassem à Península por que, na idade média, qualquer
investimento nessa direção era imediatamente rotulado como “heresia.” (E as
heresias eram punidas pela inquisição com a morte humilhante na fogueira)
O infante
Dom Henrique morre em 1460. Mas, a aventura marítima em busca de terras,
mercadorias e povos a conquistar, por ele iniciada, não para. Atravessado o
Cabo Bojador (o limite, o “fim do mundo” conhecido), Serra Leoa, São Tomé e Príncipe,
São Jorge da Mina e, em 1488, o Cabo da Boa Esperança.
Dali, em
diante, a África oriental é conquistada e os portugueses instalam feitorias por
toda a costa ocidental, central e oriental do continente africano.
Finalmente,
em 1498, Vasco da Gama alcança Calicute na Índia. Outros mundos se revelam...
renova-se e alarga-se, infinitamente, os horizontes da vida.
As naus e caravelas “despejaram o mundo” em Portugal, não só do ponto de vista da fisionomia e geografia humanas, mas da biologia, da botânica, da zoologia... Em Portugal desembarcaram animais nunca vistos, animais estranhos, povos estranhos, línguas estranhas! E isso veio a se somar à toda aquela amálgama cultural e humana que já fazia parte da fisionomia da Península. Portanto, quando Portugal embarca... o que embarca é um povo MESTIÇO!
AMÉRICA PORTUGUESA: DO MITO À CRIAÇÃO DE UM POVO-NAÇÃO
É preciso
reconhecer que o Brasil, a despeito do preconceito que tem com relação à obra
portuguesa, é filho de uma sofisticadíssima imaginação e criação mental.
“No
Brasil de índios e negros, a obra colonial de Portugal foi radical. Seu produto
verdadeiro não foram os ouros buscados e achados, nem as mercadorias produzidas
e exportadas, nem mesmo o que tantas riquezas permitiram construir no “Velho Mundo”
(Europa)... Seu produto real foi um POVO-NAÇÃO!” (O Povo Brasileiro)
A festa
do "Divino Espírito Santo” (uma “heresia”, segundo Darcy Ribeiro) foi
proibida na Europa pela pressão da igreja católica e, com o tempo, desaparece
na península. Mas, a festa foi trazida para as novas terras descobertas.
Essa
heresia é uma heresia muito bonita que paira sobre nossa história, de que se
pode criar um mundo feliz. (Darcy Ribeiro)
Como é
possível e necessário ressignificar o mito em nossos dias? O que queremos como
nação nesse século em que vivemos hoje no Brasil?
·
Vamos continuar coroando os meninos que continuarão
a ser maltratados, abandonados e vítimas das doenças como são? (Os dados
mostram que, no brasil do século XXI, a cada 27 minutos morre um adolescente
negro de 14 à 25 anos de idade)
·
Vamos continuar a fazer banquetes gratuitos e
festivos uma vez por ano? Ou vamos assegurar que a população realmente coma,
faça 3 (três) refeições diárias? (os jornais revelam que a fome e a miséria,
que haviam sido reduzidas drasticamente na década passada, voltou a crescer e a
atingir a população mais pobre e vulnerável)
Não!
Queremos saúde, comida e vida plena para todos, todos os dias! E por que não
dizer hoje, em tempos de pandemia: COMIDA NO PRATO E VACINA NO BRAÇO!
FORMULÁRIO ONLINE
Ao terminar sua leitura e análise desse episódio da série, clique no formulário (abaixo) e responda às questões propostas. Lembre-se que o formulário será encaminhado, uma única vez, diretamente para o professor assim que você clicar em “enviar”.
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