ALMEIDA E A CONTRIBUIÇÃO DA CIÊNCIA POLÍTICA
Finalmente, fundado no instrumental teórico da ciência política, e de sua especialidade, as pesquisas de opinião pública, Alberto Carlos de Almeida propõe o conhecimento desses conceitos-chave de esquerda e direita a partir da conexão entre aquilo que os partidos políticos ofertam para a população e o que os eleitores demandam em suas expectativas. Almeida defende que entender o que pensa o eleitor nos ajuda a entender o que é esquerda e direita hoje no Brasil.
Todos nós temos algum tipo de socialização política. Essa socialização depende de alguns fatores: renda, moradia, religião, inserção no mercado de trabalho. Por exemplo, pessoas religiosas tendem a ser mais conservadoras que pessoas que não vão à igreja. Além disso, cada grupo social tem seus interesses específicos. A interação entre ideologia e interesses resulta no apoio a forças políticas determinadas.
POLARIZAÇÃO POLÍTICA
Todos os países, e o Brasil não é uma exceção, tem eleições polarizadas entre partidos de centro-direita e de centro-esquerda. Pode haver, também, outro tipo de partido, mais extremado à esquerda ou à direita. Isso ocorre por que cada um desses partidos tem um sólido pilar eleitoral.
Note que tem surgido nos últimos anos na Europa os partidos verdes, compostos por pessoas que defendem uma nova agenda de sustentabilidade ambiental o que pressiona a sociedade a criar novos partidos para dar conta dessa demanda.
SOCIALIZAÇÃO POLÍTICA DA SOCIEDADE
A socialização política se inicia na família desde a infância. Os jovens que iniciam os seus passos em idade de votar, desde cedo ouvem os seus pais e familiares no ambiente que vivem e frequentam no cotidiano.
Uma criança ou jovem residente no Itaim Bibi, um bairro de classe alta de São Paulo, aprendem a rejeitar o PT na sua socialização familiar ou escolar por defender bolsa-família, considerado por essas pessoas um programa assistencialista, que torna a pessoa dependente do governo que gasta mal os recursos públicos.
Por outro lado, uma criança ou jovem de um bairro pobre, Jaboatão dos Guararapes, município populoso do Recife, aprende na sua socialização a rejeitar o PSDB, a rejeitar Bolsonaro, também, vai se formar uma ideia de que o PSDB é um partido que defende os ricos, prejudica os pobres...
POBRES SÃO DE ESQUERDA E RICOS DE DIREITA?
No mundo inteiro, as pessoas menos favorecidas votam mais em partidos de esquerda ou centro-esquerda enquanto as mais favorecidas tendem a votar mais em partidos de direita e centro-direita.
Para Almeida, que sustenta sua posição com base na visão do intelectual italiano Norberto Bobbio, o meu foco é a questão econômica. Os eleitores veem as forças políticos a partir do seu bolso, levando em conta a política econômica adotada por cada partido.
Pode-se dizer que a esquerda dá mais prioridade à defesa de mais igualdade, de redistribuição de renda; ao passo que a direita dá ênfase à mais liberdade, abrindo caminho para políticas públicas que persigam mais eficácia, como é o caso das privatizações.
DA DIREITA À ESQUERDA: OS DISCURSOS POLÍTICOS
Essa diferença se observa, também, na comunicação dos partidos. Enquanto os partidos de esquerda falam em combate ao desemprego; os de direita falam em combate à inflação.
Outra questão, as pessoas mais escolarizadas, tem renda mais elevada; e se veem, a si próprias, como socialmente mais fortes e tem instrumentos maiores para sobreviver sem ajuda do governo, do poder público. Isso leva elas a defender e votar em partidos que defendem menos intervenção do Estado na economia. É importante entender que dependência delas em relação ao governo é menor o que explica sua aproximação à partidos de direita. Nessa perspectiva, é fácil acreditar que o governo é prejudicial aos seus esforços individuais para melhorar de vida.
Por outro lado, as pessoas de renda mais baixa se percebem mais vulneráveis, residem em bairros mais precários, são tratadas de forma mais autoritária pela polícia quando são abordadas, enfim, sabem que precisam mais do governo. Elas não contam com os meios mais adequados e reconhecem que precisam da ajuda do Estado. Portanto, é natural que essas pessoas se sintam melhor representadas por partidos de esquerda e centro-esquerda.
PARTIDOS DE ESQUERDA E DE DIREITA - SEMPRE HAVERÃO?
Nesse sentido, é preciso entender que sempre haverá partidos de esquerda e de direita, sempre haverá partidos que defendam mais igualdade e outros que defendam mais liberdade; que queiram mais intervenção do Estado na economia e outros que queiram mais liberdade para o mercado.
Alberto Carlos de Almeida conclui demonstrando que os partidos políticos se afiliam a concepções que os distinguem uns dos outros, internamente e, também, na Europa e nos EUA, de acordo com suas concepções ideológicas-políticas. E aponta para a necessidade de uma leitura cientifica da política que nos afastem de posições extremadas, como as que tendem a formar as “bolhas” de que falamos ao analisar o vídeo do site nerdologia e relativizem essas posições.
OS PARTIDOS DE ESQUERDA E DIREITA - CONTRIBUIÇÃO DA CIÊNCIA POLÍTICA
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