ATIVIDADES DE
QUARENTENA- ATIVIDADE 14– 09 a 16 de novembro de 2020-
8º ano-prof. ª
Andrea Fusco
Coloque data e cabeçalho e RESPONDA ÀS QUESTÕES em seu CADERNO!
TEXTO
1
Os textos de divulgação científica
envolvem duas áreas da atividade humana: a científica e a jornalística. Esses
textos podem ser escritos, falados ou audiovisuais e seu principal objetivo é
transmitir o conhecimento científico desenvolvido em pesquisas e trabalhos
acadêmicos para o público em geral, ou seja, levar conhecimento científico para
as pessoas comuns. Os textos de divulgação científica contribuem, portanto,
para a conscientização das pessoas sobre assuntos importantes para suas
próprias vidas, para o planeta Terra, para os seres humanos.
Até pouco tempo atrás, os textos de
divulgação científica circulavam apenas em revistas especializadas ─ como, por
exemplo, as revistas Superinteressante, Galileu e Ciência Hoje ─ ou
seções de jornais impressos dedicadas às ciências. Mas, com a popularização da
internet no Brasil e no mundo, esses textos passaram a circular em sites,
portais e canais do YouTube dedicados às ciências e à divulgação do
conhecimento científico em diferentes áreas como biologia, história,
sociologia, filosofia entre tantas outras.
A linguagem dos
textos de divulgação científica
Os textos de divulgação científica adaptam
a linguagem científica (cheia de termos e expressões complicadas) para um
público leitor comum e heterogêneo (de idades e escolaridades diferentes). Não
é um texto narrativo porque não se ocupa de fatos e ação de personagens. É um
texto dissertativo porque se ocupa de um tema, de um assunto que se quer explicar,
esclarecer.
Há, portanto, um processo de adequação da
linguagem a um novo interlocutor: o leitor comum, que, normalmente, é leigo ou
quase leigo em conceitos científicos.
Os textos científicos não usam a primeira
pessoa do singular (eu). Ou seja: os verbos e pronomes usados no texto não
concordam com a primeira pessoa do singular. Usam a terceira pessoa do singular
ou do plural acompanhada do pronome oblíquo “se”. Ou ainda a primeira do plural
(nós), conhecida por plural de modéstia. Assim sendo, no discurso científico ocorre
o apagamento do “eu” e a valorização daquilo que está sendo descrito ou
analisado e não de quem escrevendo ou falando. A ciência é maior que o
cientista, que é apenas um porta-voz do conhecimento científico. Quanto mais
neutro, menos individual for o texto, maior será sua credibilidade. A
impessoalidade cria a impressão de “verdade”.
Para facilitar a compreensão de seu
público alvo, os textos de divulgação científica quase sempre fazem uso de comparações,
exemplos e metáforas que tornam os conceitos mais didáticos, mais simplificados
para o leitor leigo no assunto tratado. Na tentativa de atingir um público mais
jovem, muitos canais do YouTube voltados para divulgação científica,
apresentam seus temas em linguagem mais simples e próxima do cotidiano.
(Texto: professora
Andrea Fusco, especialmente para esta atividade)
QUESTÕES
Sobre o texto 1, responda:
1) O que são textos de divulgação científica? Por onde esses textos circulam (ou seja: onde podemos encontrá-los)?
2) Quais as características da linguagem usada em textos de divulgação científica?
A química da
paixão
Apesar de associarmos a paixão ao coração, a flecha
do cupido primeiro põe fogo no cérebro. E provoca reações tão intensas que, se
durarem tempo demais, o organismo pode entrar em colapso
Por Aline Rochedo
Havendo interesse por outra pessoa, a química rola
com substâncias que provocam sintomas intensos e avassaladores em todo o corpo.
Os mais evidentes são o aumento da pressão arterial, da frequência respiratória
e dos batimentos cardíacos, a dilatação das pupilas, os tremores e o rubor,
além de falta de apetite, concentração, memória e sono. Tudo provocado por
alterações em regiões específicas já identificadas pela ciência com a ajuda de
ressonância magnética funcional e outras tecnologias.
Uma das responsáveis pelas descargas de emoções
para o coração e as artérias é a dopamina, um neurotransmissor da alegria e da
felicidade liberado no organismo para potencializar a sensação de que o amor é
lindo. Ficamos agitados, corajosos e dispostos a realizar novas tarefas, apesar
de dormirmos e comermos mal. “O mecanismo cerebral é idêntico ao de se viciar
em cocaína”, diz o neurocientista Renato Sabbatini, professor da Faculdade de
Ciências Médicas da Universidade de Campinas. O barato é tão forte que o
apaixonado pede a Deus – ou aos astros ou a quem quer que seja – que dure para
sempre. No livro Por que nos Apaixonamos (Ediouro, 2005), a neurocientista francesa
Lucy Vincent afirma que a dependência que o enamorado tem de seu eleito leva a
uma espécie de síndrome de abstinência quando eles se distanciam.
Em pesquisas recentes, estruturas do cérebro
chamadas núcleo caudado, área tegmentar ventral e córtex prefrontal se
mostraram mais ativadas em pessoas apaixonadas. São zonas ricas justamente em
dopamina e endorfina, um neurotransmissor com efeito semelhante ao da morfina.
Juntos, esses agentes estimulam os circuitos de recompensa, os mesmos que nos
proporcionam prazer em comer quando sentimos fome e em beber quando temos sede.
Estar em contato com a alma gêmea, mesmo que por telefone ou e-mail, resultará
na liberação de mais endorfina e dopamina, ou seja, de mais e mais prazer.
A feniletilamina, parecida com a anfetamina, é
outra molécula natural associada a essa avalanche de transformações, assim como
a noradrenalina, que contribui com a memória para novos estímulos. Por isso os
apaixonados costumam se lembrar da roupa, da voz e de atos triviais de seus
amados. Hormônios como a oxitocina e vasopressina, responsáveis pela formação
dos laços afetivos mais duradouros e intensos, como o da mãe com o filho,
também tendem a aumentar nas fases mais agudas, preparando o terreno para um
relacionamento estável.
Novos elementos
Apesar de a ciência já ter mapeado os principais
elementos envolvidos no mecanismo da paixão, novos agentes continuam
surpreendendo. Em novembro de 2005, a publicação científica americana
Psychoneuroendocrinology divulgou um trabalho da Universidade de Pavia, Itália,
mostrando que euforia, dependência e outros sintomas estão ligados a proteínas
do cérebro. Nos primeiros meses da relação, o componente identificado como NGF
– o mesmo que provoca suor nas mãos, entre outras alterações – aparece no
sangue em níveis elevados. Os cientistas da equipe analisaram o comportamento
da substância em 58 homens e mulheres entre 18 e 31 anos no auge do
envolvimento e compararam com um estudo feito com solteiros e indivíduos com
relacionamentos de longo prazo, já observando mudanças. Entre 12 e 24 meses
depois, avaliaram 39 pessoas que ainda estavam com o mesmo parceiro e viram que
os níveis da proteína tinham se normalizado.
Enquanto a maioria das substâncias químicas
apresenta níveis mais elevados no auge da paixão, a serotonina, que tem efeito
calmante e nos ajuda a lutar contra o estresse, diminui em cerca de 40%. O
índice foi observado no estudo da italiana Donatella Marazziti, da Universidade
de Pisa. Chamou atenção da pesquisadora o fato de o percentual ser próximo ao da
falta desse mesmo neurotransmissor naqueles que sofrem de transtorno obsessivo
compulsivo. Para Donatella, isso explicaria o pensamento incontrolável, algumas
atitudes insanas, quase psicóticas, e a fixação numa única pessoa na fase
aguda. A diferença é que, quando se trata de paixão, essa loucura se resolve em
poucas semanas, no máximo alguns meses, com as taxas voltando ao normal, o
organismo se acalmando e o amor – estágio seguinte e sem efeitos colaterais
severos, inclusive por atuar numa zona diferente do cérebro – tomando conta da
pessoa. Outra razão para a queda da serotonina é a produção de mais hormônios
sexuais, que facilitam a aproximação e a formação de pares estáveis, uma missão
gravada em nossos genes.
O prazo de validade do efeito paixão varia de
pesquisa para pesquisa. Sabbatini observa que o fundamental é a paixão passar
naturalmente, o que acontece em alguns meses, com o cérebro descarregando menos
dopamina e reduzindo as endorfinas. “No auge, as alterações químicas são tão
intensas e tão estressantes que, se durarem tempo demais, o organismo entra em
colapso”, diz.
Diferenças de gênero
Agora responda rápido: quem é mais fraco para a
paixão? A mulher ou o homem? Se você pensa que elas é que se apaixonam mais à
primeira vista, não entende nada de mulheres. São os machões que tendem a se
deixar levar primeiro pela química. Por outro lado, o encantamento deles
costuma ser mais fulminante, podendo durar algumas horas apenas. “Mulheres são
mais cautelosas, dependem de romantismo, e a sua paixão é mais baseada no
psicológico. Só que, quando se instala nelas, normalmente demora mais tempo
para passar”, afirma Sabbatini. As diferenças não param por aí.
Fisiologicamente, a testosterona faz os dois sexos entrarem numa espécie de
meio-termo na fase inicial do flerte. “Apesar de ser o hormônio sexual típico
do homem, ele está presente nos dois organismos, porém em menor quantidade no
feminino. Quando ocorre a paixão, a substância aumenta e a mulher sente mais
libido sexual. Nos homens, a testosterona cai, deixando-o menos agressivo”,
explica.
E o que será que a nossa suposta alma gêmea tem que
as outras pessoas ao nosso redor não têm? Uma das teorias mais alardeadas é a
de que sempre buscamos feromônios compatíveis. Sinais bioquímicos de
disponibilidade sexual, os feromônios são substâncias naturais e inodoras
exaladas continuamente pelos animais através de poros, saliva, urina e outros
canais. Em borboletas, lobos e macacos, por exemplo, a eficácia desses
sinalizadores sexuais é evidente, já que a atração dos parceiros entra pelo
nariz. Na espécie humana, há inúmeras teorias que afirmam que os feromônios são
essenciais para provocar as primeiras trocas de olhares. Ainda assim, há quem
dê mais crédito para a atração física e às boas lembranças de momentos vividos
juntos. “Aparentemente, o homem é mais visual”, diz o psiquiatra Teng Chei
Tung, do Hospital das Clínicas de São Paulo, especializado em ansiedade e
depressão. Ele chama atenção para o fato de os principais testes com humanos
usarem a fotografia do ser amado para monitorar as ativações cerebrais.
“Provavelmente, num primeiro momento, o indivíduo se decide pela imagem do
alvo, buscando atributos físicos que denotem um bom reprodutor – ou reprodutora
–, de acordo com os seus padrões. Só que para se chegar à paixão é preciso algo
mais, como uma experiência de convívio, de mais motivações que ativem as áreas
de gratificação”, diz o psiquiatra.
Paixão ou amor?
Resistir à paixão não é tarefa fácil, pois ela não
avisa quando vai se instalar. Pode desembarcar no cérebro a qualquer momento a
partir da adolescência. Como também é algo regulado por hormônios sexuais e as
mulheres entram na menopausa por volta dos 50 anos, os homens mantêm a
capacidade de se apaixonar por mais tempo. Apesar de atuarem em zonas distintas
do cérebro, a fronteira entre paixão e amor não está bem definida. Para estudar
as diferenças dessas fases – e da atração sexual, que é uma terceira emoção e
que também ocorre em outra área cerebral –, a antropóloga americana Helen
Fisher, da Universidade de Rutgers, de Nova Jersey, montou um quadro com ajuda
de neurobiólogos. A primeira etapa para a formação de um casal é a busca pela
gratificação sexual urgente. É a ordem para ir à caça, com ação intensa de
testosterona. A paixão é a atração por uma pessoa em particular, a tal explosão
química, irrigada por dopamina, endorfinas e outros componentes. Se
correspondida, deve durar o tempo necessário para se conhecer e se decidir se
dá para seguir em frente. Quando o fogo baixa, o relacionamento pode continuar,
mas o que conta é companheirismo, apego e vontade de dividir o ninho, procriar
e cuidar da prole.
A fogueira da euforia, entretanto, pode ficar sem
lenha e nem evoluir para a terceira etapa. “Há gente viciada no mecanismo da
paixão, que busca um novo objeto de desejo toda vez que os sintomas passam”,
diz Sabbatini. “Nas pessoas, quando isso é muito frequente, pode haver alguma
alteração de personalidade, como bipolaridade”, complementa Teng. E tem a turma
que nem chega a se apaixonar. “Alguns conseguem bloquear o processo ativando
áreas mais racionais do cérebro”, afirma o psiquiatra. “Normalmente, acontece
com quem é inseguro ou ansioso. É quando o medo vence nas decisões. Para não
correr riscos, racionaliza a situação e bloqueia.”
Ninguém nega que sentir as borboletas no estômago
no início da paixão é uma coisa gostosa. O problema é quando a química toda
demora a passar e seus efeitos prejudicam o cotidiano e estressam demais o
organismo. Pior ainda é se o eleito não corresponde ao apaixonado, que se
deprime e se angustia. O que fazer, nesse caso? Existem drogas, normalmente
usadas em tratamentos cardíacos, que podem inibir ou pelo menos reduzir
sofrimentos provocados pela paixão. Os efeitos desses medicamentos, porém, são
passageiros.
Disponível em http://super.abril.com.br/comportamento/a-quimica-da-paixao/ Acesso em 03 de abril de 2017
QUESTÕES
3) De acordo com o texto, as sensações provocadas pela paixão atingem o coração ou o cérebro dos apaixonados? Justifique sua resposta.
4) Quais os sintomas mais comuns experimentados por alguém que está apaixonado?
5) Dopamina e endorfina são substâncias bastante ativas no cérebro da pessoa apaixonada. De acordo com o texto, como essas substâncias agem no corpo de quem está apaixonado?
6) De acordo com o texto, quem é mais fraco para a paixão: a mulher ou o homem?
7) E quanto à duração do sentimento: quem fica mais tempo apaixonado?
8) Qual o papel do hormônio testosterona em homens e mulheres apaixonados?
9) De acordo com o texto, o que são os feromônios? O que eles têm a ver com a paixão?
10) Há pessoas viciadas no mecanismo da paixão. Tendo por base o que você leu e entendeu do texto, por que isso acontece?
11) O texto apresenta a fala de algumas pessoas especializadas no assunto. Quais os nomes delas?
12) Qual o sinal de pontuação usado para separar a fala dos especialistas no texto?
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