ATIVIDADES
DE QUARENTENA- ATIVIDADE 7 – 24 a 31 de agosto de 2020
9º ano-
prof. ª Andrea Fusco
COLOQUE A DATA E COPIE TEXTO 2 E TODAS AS PERGUNTAS EM SEU CADERNO DE LÍNGUA PORTUGUESA.
TEXTO 1 – Somente para
leitura
ARGUMENTAR É PRECISO
O princípio da argumentatividade está relacionado
com o surgimento das primeiras democracias. Na Grécia antiga, aqueles que eram
cidadãos eram chamados para defender seus pontos de vista sobre problemas da
cidade, ou seja, eram convidados a argumentar. Os gregos ensinavam a arte da
persuasão. Ou seja: a arte de convencer o outro a agir e/ou pensar de acordo
com seu locutor/interlocutor. Apesar de parecer uma característica humana
inata, ou seja, que faz parte da nossa natureza desde que nascemos, argumentar
é algo que se desenvolve com o passar do tempo e com a experiência de cada um.
Podemos concluir, então, que argumentar
é algo subjetivo? Sim e não. A resposta para essa pergunta é bastante complexa.
Ao mesmo tempo em que nossos argumentos representam a nossa visão da realidade,
não devemos defender ideias apenas por “achismo”, nossos argumentos precisam
ser fundamentados em princípios gerais que surgem do conhecimento construído
pela espécie humana no decorrer do tempo com base na ciência e na vivência
coletiva também. É preciso desenvolver nossa capacidade de argumentar para
expormos nossas opiniões com clareza e racionalidade, sem nos deixar levar pela
emoção exacerbada nem por ideologias extremistas que só geram ódio e divisão
entre as pessoas.
(Professora Andrea Fusco,
especialmente para esta atividade)
TEXTO 2: PARA COPIAR NO SEU CADERNO
Para persuadirmos nossos interlocutores, ou seja,
para convencê-los de que nossas opiniões são válidas, não basta fazer uso de
achismos e observações superficiais da realidade. É preciso aprender a
desenvolver argumentos convincentes. Abaixo temos os tipos de argumento mais
comuns no processo de argumentação.
Tipos de argumento
Ø Argumento de autoridade: é aquele que apresenta o conhecimento de um ou mais especialistas no assunto tratado no texto. Esse tipo de argumento também é chamado de “citação de autoridade”. Vale ressaltar que, nesse contexto, a palavra “autoridade” não está relacionada à autoridade legal ou policial, mas à autoridade científica obtida por meio de estudos, pesquisas e aprofundamento em uma área do conhecimento.
Ø Argumento por exemplificação: é aquele que apresenta exemplos, fatos e situações que reafirmam uma opinião.
O texto a seguir está nas páginas 26 e 27 da sua apostila de maio elaborada pela Secretaria Municipal de Educação. Leia-o novamente para responder às questões 1A, 1B. E 1C.
TEXTO 3 (somente para leitura)
E SE FOSSE UM BRANCO?
Por Sarah Teófilo – Jornal Opção – edição 2024/2014
O caso do ator Vinícius Romão
mostra que no século 21 o regime
de separação racial
ainda está fortemente presente
no Brasil. Mesmo com Mandela
e com um presidente dos EUA negro,
uma pessoa com a pele escura ainda é vista por muitos nessa sociedade
com olhos preconceituosos.
É
culpado até que se prove o contrário. Um ator negro, confundido com um
assaltante nas ruas do Rio de Janeiro,
ficou preso por 15 dias até um juiz decretar
sua soltura, na última terça-feira (25/2). No momento da prisão,
o ator de 26 anos, Vinícius Romão, formado em psicologia, voltava do shopping
onde trabalha para complementar a renda enquanto tenta alavancar sua carreira
de ator. O mais interessante é que nenhum objeto furtado foi encontrado com ele,
que mesmo assim foi tirado do seu percurso
diário algemado. Segundo
o pai de Vinícius, o tenente-coronel da reserva
do Exército Jair Romão, no depoimento o policial ainda escreveu que Vinícius
tinha passado o material para uma pessoa conhecida como “Braço” só para
justificar a prisão dele. Afinal, alguém tinha que ser preso, certo?
Jair Romão disse não acreditar se tratar de racismo, já que a descrição da vítima é parecida
com a de seu filho. O advogado Flávio Buonaduce Borges disse que o caso se
parece mais com erro policial do que com o crime de racismo. “Pode ter sido
racismo do policial, mas não creio que se encaixe no crime de racismo”, esclareceu.
De qualquer
forma, o que nós brasileiros percebemos é que negro é sempre visto como mais suspeito que uma pessoa de pele
clara. O professor titular do departamento de Sociologia da Universidade de São Paulo
(USP), Antonio Sérgio
Alfredo Guimarães, escreveu
um texto cujo título
é “Suspeição estatística”. A expressão, segundo o docente,
significa um conjunto
de características do indivíduo, como o perfil
físico, cultural e a apresentação de si, que se associam
estatisticamente a certos delitos. Ele exemplifica que, “se a frequência
de jovens negros presos por roubo é maior que
a de jovens brancos, os jovens negros tornam-se suspeitos
porque seu grupo de pertença
tem maior probabilidade de cometer tal
delito”.
Às
vezes parece que enxerga-se o negro como se fossem todos iguais (como gêmeos
mesmo!), sendo confundidos facilmente, como foi no caso de Vinícius.
E isso me faz lembrar
de um episódio da série
humorística estadunidense, “Todo Mundo Odeia o Chris”, em que uma senhora
branca é assaltada e ao descrever quem a assaltou diz: “Ele é negro, é negro e
é negro”. É claro que Chris foi um dos suspeitos. Afinal, quem mandou nascer negro?
O fato de Vinícius
ser ator me fez lembrar
da lei de 2002, proposta
pelo atual senador
Paulo Paim (PT/RS), que na época era deputado, que propunha a quota de
25% dos espaços destinado à produção televisiva, cinematográfica e teatral e
40% à publicidade de atores afro-descendentes. Coincidiu com a exibição da
telenovela Porto dos Milagres, adaptação de obra de Jorge Amaro, ambientada na Bahia, cuja temática principal
era uma comunidade pesqueira e a ligação deles com
o universo religioso afro-brasileiro. De 45 atores
no elenco, apenas
6 eram negros. E isso na Bahia, cuja capital é a mais negra do país!
Para reafirmar esta questão de que pobre e negro nesse país não tem vez, recentemente o Jornal Opção Online repercutiu o caso de Heberson Lima, um homem pobre preso injustamente no Amazonas acusado de ter estuprado uma criança de 9 anos. Após ser preso, Heberson foi estuprado na prisão e adquiriu o vírus da Aids. Assim como no caso de Vinícius, uma pessoa simplesmente levou o dedo em direção a Heberson e disse: “Foi ele!” Acontece que este homem tinha uma desavença com o então ajudante de pedreiro, que ficou por três anos preso até obter ajuda de um advogado, que levou seu caso adiante e Heberson foi absolvido em 2006.
Ações
afirmativas são implementadas e pensadas constantemente no Brasil. No entanto,
um problema cultural se cura com o tempo e muito esforço da população. Esforço
esse que não pode se dar somente com políticas compensatórias ou de reposição
àqueles chamados de “excluídos”. É um processo quase civilizatório, em que
paulatinamente a população passará a entender que negro não é sinônimo de
ladrão, que Candomblé não é macumba, e muito menos índios são preguiçosos. É
uma ironia imensa um país repleto de miscigenação demorar tanto a superar preconceitos como estes. Mas pudera! Uma nação que tanto relutou
em abolir a escravidão
terá que demandar um grande esforço para desenraizá-lo.
Os negros
deviam ter vindo ao nosso país como reis, mas vieram como escravos. E mesmo
depois do fim daquele terrível tempo, o preconceito racial persiste nos fazendo
lembrar daquela época. Alguns ainda
insistem em dizer
que o racismo não existe,
já que é mais fácil silenciá-lo, fingir que não existe. Mas sempre existem
aqueles casos em que o negro é confundido com funcionário de uma loja, como
babá de seu filho branco ou como ladrão.
A
cor da violência está aí para nos mostrar quem mais morre no país. O Mapa da
Violência de 2013 apurou que as taxas de homicídio da população preta (19,7 óbitos
para cada 100 mil pretos) são 88,4% maiores que as taxas
brancas (10,5 óbitos para cada 100 mil brancos). Desta forma, proporcionalmente
morrem 88,4% mais pessoas pretas do que brancas.
Interessante
como Huxley, com o Admirável Mundo Novo, criticava essa sociedade na década de 30, e aparentemente, esse regime de separação racial
pouco mudou. Negros
ainda são vistos como descontrolados, primitivos, que devem ser enviados para o recondicionamento a fim de não ser uma ameaça ao bom cidadão
branco. O doído é ver isso no Brasil, país fruto da miscigenação.
Nosso
eterno presidente da África do Sul, Nelson Mandela, que faleceu em 2013, lutou contra
essa separação – o apartheid. Mandela, que levou o Prêmio Nobel da Paz em 1993,
encabeçou uma série de articulações políticas que culminaram nas primeiras eleições
democráticas e multirraciais da África do Sul, em 1994, e foi ele o
primeiro presidente negro do país africano. E há pouco tempo o mundo conheceu
Barack Obama, o 1º presidente negro nos Estados Unidos da América, país
conhecido pelo imenso preconceito racial. Mesmo assim, com grandes figuras
políticas com a pele escura, ainda somos obrigados a perceber diariamente o racismo.
A
estudante da Universidade de Oxford, Lily Green, que tem textos publicados na
BBC Brasil, escreveu uma frase interessante em um dos seus textos
intitulados “Uma inglesa
brasileira”. Nesse artigo, Lily, cuja nacionalidade é inglesa, fala
sobre como as pessoas a confundem com brasileira por ter a pele morena,
os cabelos castanhos
e os olhos escuros. Ao falar sobre a temática do racismo no Brasil, a inglesa
diz: “Não esperava que em um país com
população tão geneticamente diversa e misturada, sem história de apartheid em
tempos recentes, fosse tão marcado pela discriminação racial”.
Não
interessa se Vinícius é ou não o assaltante, mas sim a forma em que tudo
ocorreu. Mesmo se ele não for inocente, é absurdo uma pessoa voltar para a casa
depois de um longo dia de trabalho, e simplesmente ir preso porque
alguém apontou e disse: “Foi ele!” Depois
disso, ainda ficar 15 dias
preso sem nenhuma comprovação de que foi de fato ele que cometeu o crime. Pois
é isso que ocorre no Brasil
com negros e pobres. Desta forma, Vinícius,
faça a você mesmo um favor:
na próxima encarnação, por favor, peça para nascer branco.
https://www.jornalopcao.com.br/ultimas-noticias/e-se-fosse-um-branco-2193/ Acesso
em: 17 de abril de 2020
Copie e responda as questões em seu caderno
QUESTÕES
1. A tese, ou seja, a ideia principal, defendida pela autora do artigo “E se fosse um branco?” é a de que no século XXI o regime de separação racial ainda está fortemente presente no Brasil, pois o negro nesse país não tem vez e é sempre visto como suspeito de cometer delitos. Assim sendo, copie do texto:
a) Um argumento de autoridade apresentado pela autora
b) Dois argumentos de exemplificação apresentados pela autora
c) Um argumento de evidência apresentado pela autora
PARTE 2: FORMULÁRIO
Para continuar esta atividade, você deverá acessar o formulário
disponível no link abaixo
https://forms.gle/oehM1sS5NKit9yKs5
Nenhum comentário:
Postar um comentário