Olá Galera,
Na Atividade 10 vimos que a pesquisa das fontes arqueológicas
é o ponto de partida para o estudo das civilizações do passado ao estudarmos o
estandarte de Ur, um artefato de origem suméria que nos permitiu a
investigação de diversos aspectos da vida no mundo antigo. Como sabemos, foi na
mesopotâmia que os primeiros registros escritos da História foram encontrados.
Nessa atividade, iniciaremos o estudo do Egito Antigo, uma das mais surpreendentes civilizações da Humanidade. Dessa vez, faremos uma incursão pela História a partir de 4 (quatro) diferentes fontes: 1) Reportagem sobre o Egito feita pelo Globo Repórter em 28/09/2018; 2) Resumo de um artigo sobre uma estela comemorativa conhecida como a Pedra de Roseta considerada a chave de leitura e interpretação de fontes egípcias feito por nós para essa página do blog; 3) vídeo com uma análise histórica de uma tumba egípcia e 4) artigo sobre as ruínas de Der El Medina (uma antiga vila operária de artesãos que existiu entre 3000 e 3500 anos atrás!)
EGITO MUITO ALÉM DAS PIRÂMIDES E DOS FARAÓS
O programa Globo Repórter sobre o Egito nos propõe um olhar sobre o país
visto de uma perspectiva que vai muito além do turismo que, provavelmente,
financiou a exibição do programa em horário nobre da televisão aberta. O turismo
é, de fato, um dos setores da economia que mais cresceu e gerou empregos
formais nos últimos anos no Brasil.
O que é mais interessante é que o programa não se resume a apresentar
apenas aquilo que é mais popular a respeito do Egito antigo como as pirâmides,
esfinges e as tumbas dos antigos faraós. Ele mostra elementos particularmente
interessantes e que, comumente, não são observados numa primeira impressão sobre
o tema.
A primeira informação interessante é a constatação de que,
diferentemente do que se pensa, não foram os escravos que
construíram as pirâmides. Hoje sabemos que a construção das pirâmides era obra
de um conjunto de artesãos e trabalhadores especializados. O programa visita um
sítio arqueológico que contém as ruínas de Der-El Medina,
uma vila de operários especializados e artesãos que, provavelmente, se dedicava
a esse tipo de trabalho. As ruínas de Deir El Medina mostram,
como nenhum outro sítio arqueológico da região, como era vida cotidiana das
pessoas comuns no antigo Egito.
O programa mostra o Cairo, a capital atual do Egito onde
em 2013 iniciou-se a chamada “Primavera Árabe”, um conjunto de manifestações
e protestos que terminaram com a queda de diversos governantes e regimes no
norte da África. E mostra que o pão, feito de trigo,
continua sendo, desde a época dos faraós, parte integrante da dieta e da
economia dos egípcios. Um dos arqueólogos entrevistados pelo programa explica
que o trabalho assalariado no tempo dos faraós era pago em espécie, ou seja, em
pão, cerveja e grãos de trigo.
O repórter mostra um outro aspecto interessante da economia egípcia: a
vida na zona rural. Na época dos faraós, os felás, um segmento
social composto por camponeses, vivia da agricultura e criação de camelos.
Em outra sequência do programa vemos uma expedição arqueológica brasileira
que trabalha na investigação de vestígios de uma tumba. A tumba em questão,
pertencia a um chefe de celeiros, o que evidencia a existência de
diferentes categorias sociais intermediarias na sociedade egípcia antiga. O desafio
dos arqueólogos é decifrar, ler e interpretar os fragmentos encontrados na
tumba da expedição brasileira. (o artigo seguinte sobre a “Pedra de
Roseta” nos ajudará a entender melhor esse problema.
O programa faz uma incursão ainda pelo Mar Vermelho, que banha o Egito à
leste entre o golfo de Áden e o canal de Suez (lembra da história bíblica de
Moisés que precisa “atravessar o mar” para chegar na ‘terra prometida”?
É do Mar Vermelho que se trata!)
Após um intervalo investigando a vida marinha do Mar vermelho, o
programa segue em direção ao Rio Nilo. O Rio Nilo nasce ao sul no
Lago Vitória e segue ao norte em direção ao delta do Mar Mediterrâneo. Foi ali
que se desenvolveu o alto Egito (na região próxima das montanhas
da etiópia, no atual Sudão) e o baixo Egito (ao norte, na região que
desagua no delta)
Diferentemente do que se pensa, não foi a construção de pirâmides que
deu origem ao Egito. Para suprir as necessidades de água para o consumo interno
e para irrigar os campos e pastos na época das grandes secas, foi preciso
construir uma grande obra com canais trazendo água do Rio Nilo para suprir as
comunidades de fazendeiros. Foi nesse contexto que Menés, unificou
as tribos do reino do sul (alto Egito) e do norte (baixo Egito) e se tornou o primeiro
faraó.
Daí em diante o Egito se expandiu e se tornou uma das mais importantes
civilizações da antiguidade. O historiador grego Heródoto, alguns
anos depois de Menés, movido por uma
visão etnocêntrica (para os gregos, a Grécia era a maior das civilizações, e
não o Egito!) diria que o “Egito é uma dádiva do Nilo”.
A PEDRA DE ROSETA
A Pedra de Roseta é uma estela antiga (uma
placa comemorativa... lembra aquelas placas de inauguração com os nomes dos
governantes responsáveis pela obra que vemos em alguns prédios públicos ou
estátuas na cidade?) encontrada em 1799, durante as guerras napoleônicas, em Roseta
(Raxide, em árabe) no Egito.
Com o fim da guerra, a pedra foi depositada no Museu
Britânico. Trata-se de um bloco de granodiorito (rocha semelhante ao granito), de
762 kg, 114 cm de altura, 72 cm de largura e 28 cm de espessura.
Acredita-se que se trata de uma estela ptolomaica,
e que originalmente havia um disco solar alado de Hórus com as coroas do Alto e
Baixo Egito. É provável que ela estivesse junto da estátua de Ptolomeu V
em um templo, provavelmente fechado em 392 pelo imperador cristão Teodósio I.
A Pedra foi reutilizada no século XV na construção de uma
fortaleza do sultão Qatibay, junto a um afluente do rio Nilo que passa por
Raxide, até ser redescoberta.
A pedra contém inscrições em três línguas escritas: hieroglífica,
demótica e grego antigo. O texto, em sua época, podia ser lido por três
classes distintas: os hieróglifos, a escrita sagrada, pelos sacerdotes, o
demótico pelos comandantes militares, e o grego pelos governantes (sob domínio grego).
O texto é um decreto de 196 a.C. do faraó Ptolomeu V. O
faraó isentou de impostos os sacerdotes em agradecimento por uma estátua de
Ptolomeu V com uma “placa” informando os benefícios dados pelo faraó em seu
governo. A Pedra de Roseta era, portanto, uma estela comemorativa.
A pesquisa sobre a Pedra de Roseta moveu estudiosos de toda
a Europa. Cópias passaram a circular entre museus e estudiosos europeus. O
francês Jean-François Champollion (1790-1832), com base no conhecimento de outros
pesquisadores comparou diversas inscrições que tinham os mesmos hieróglifos da
Pedra de Roseta. Examinou as inscrições de um obelisco da região de Philae,
onde tinham os nomes de Ptolomeu e Cleópatra, tanto em hieróglifo como em grego
e conseguiu isolar o valor de cada um dos sinais, o que deu a ele o título de “Pai
da Egiptologia”, ciência que teve início a partir de seu trabalho.
A decifração da Pedra de Roseta foi essencial para a
compreensão dos textos e da civilização do Antigo Egito. Em 1999, a pedra foi
restaurada e voltou à exposição pública, colocada de pé como estava na
Antiguidade. Hoje é alvo de rivalidades nacionalistas: alguns discordam de sua
transferência da França para o Reino Unido, outros discutem o valor das
contribuições de Champollion para a decifração, e, desde 2003, o governo
egípcio reivindica a devolução da Pedra ao seu país de origem.
A Pedra de Roseta serviu de inspiração para batizar um
projeto de preservação das línguas do planeta, o Projeto Roseta, criado em
1996, nos Estados Unidos. É um esforço coletivo internacional de linguistas para
a criação de um banco de dados on-line com o registro de todas as línguas
humanas documentadas. (Para conhecer mais, leia a fonte original pesquisada no
blog ensinar história: https://ensinarhistoria.com.br/pedra-da-roseta-chave-do-conhecimento-sobre-egito-antigo/
- Blog: Ensinar História - Joelza Ester Domingues.)
PEDRA DE ROSETA - ARQUEOLOGIA EGÍPCIA
A TUMBA DE SENNEDJEM
O vídeo sobre a tumba coletiva de Sennedjem, feito
pela professora Joelza E. Domingues, e que compõe parte do seu artigo
sobre "Der El-Medina" oferece uma interpretação
crítica desse importante achado arqueológico. Chama atenção a importância que
os antigos egípcios davam a sua crença na "vida após a
morte". A tumba foi
decorada com uma representação da vida em outra dimensão tendo o
cotidiano como ponto de partida para esse imaginário coletivo.
A análise faz uma
reflexão sobre o material utilizado para a confecção da pintura, sobre os
valores religiosos da família representada e das atividades ligadas ao trabalho,
cuidado com a educação e o acesso ao conhecimento da leitura e da escrita por
outros segmentos da sociedade além dos escribas e sacerdotes.
SENNEDJEM - PINTURA NO INTERIOR DE UMA TUMBA COLETIVA EGÍPICIA
OPERÁRIOS NO EGITO
ANTIGO
Você tem ideia de quem construiu as pirâmides, esculturas e
pinturas das paredes das famosas do Egito? Ou de quem confeccionou as preciosas
peças deixadas junto às múmias? Se você respondeu que foram os escravos...
está redondamente enganado! Pelo menos é isso que a descoberta de uma antiga aldeia
egípcia na margem oeste do rio Nilo, em Luxor, tem demonstrado. Esses
trabalhadores e artistas não eram escravos como se supõem e o talento de muitos
deles foi reconhecido ainda em vida pelos faraós e nobres.
É sobre essa questão que a Professora Joelza Ester
Domingues fala em seu artigo “Deir el-Medina, a vila operária do Egito Antigo.” Em Der El-Medina vivia uma população mista de egípcios, núbios e
asiáticos empregados como escultores, pedreiros, pintores, estucadores,
marceneiros bem como aqueles envolvidos na administração nas obras no Vale dos
Reis e Vale das Rainhas.
A descoberta do Vale dos Artesãos revelou aspectos
surpreendentes da vida cotidiana do povo egípcio, como problemas familiares e
de saúde, transações de vendas, orações e encantamentos, pedidos de casamento e
separações.
Os textos mostram que ler e escrever não se limitava aos
escribas e faraós. Pode-se supor que uma grande parte da população da vila era
alfabetizada, incluindo as mulheres. Os habitantes da vila trabalhavam numa
semana de oito dias de trabalho e dois de descanso. Eram comuns as licenças por
doença e razões familiares. E, pasmem, havia greves! Inclusive a mais antiga
greve documentada da História pode estar contida nessas fontes. Leia o artigo e
aprenda mais a respeito dessa história clicando no link abaixo.
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