Olá Galera,
Na atividade anterior vimos que o
caminho para conhecer o Egito é tão árduo e sofisticado que deu origem a um
ramo da arqueologia conhecido como Egiptologia. Graças a essa
ciência, temos uma razoável noção hoje do que era a vida no tempo dos faraós.
Vimos que o rio Nilo tinha uma
importância estratégica por que o Egito era, a exemplo de outras que existiam
na época, uma sociedade hidráulica (ou fluvial).
Conhecemos também a “Pedra de Roseta”, uma estela
comemorativa da época de Ptolomeu V encontrada por Champolion, um
ex-oficial de Napoleão Bonaparte.
Nosso propósito nessa atividade é aprofundar esse estudo. Para isso, propomos inicialmente uma leitura e um exercício de interpretação do texto contido na Pedra de Roseta; Em seguida, sugerimos 2 (duas) videoaulas da equipe do site Se liga no Enem – História: a 1ª (primeira) sobre a geografia e política do Egito Antigo, e a 2ª (segunda) sobre a economia, a sociedade e a religião dos antigos egípcios. Para facilitar sua compreensão, e ajudá-lo a fixar os conceitos desenvolvidos, preparamos uma pequena sinopse para ser lida após você assistir o vídeo.
PEDRA DE ROSETA – O TEXTO
“No reinado do jovem – aquele que recebeu a realeza de seu
pai – senhor das coroas, glorioso, que criou o Egito, e é piedoso com os
deuses, superior a seus inimigos, que recuperou a vida civilizada do homem,
senhor dos Banquetes de Trinta Anos, assim como Hefesto, o Grande; um
rei, como o Sol, o grande rei das regiões alta e baixa; descendente dos
Deuses, aprovado por Hefesto, a quem o Sol deu a vitória, a imagem viva de
Zeus, filho do Sol, Ptolomeu eterno, amado de Ptá; no nono ano, quando Eto,
filho de Eto, era sacerdote de Alexandre;
Como o rei Ptolomeu, o Deus Epifânio Eucaristo, filho de
Ptolomeu e Arsínoe, Deuses Filopátores, muito beneficiou os templos e
aqueles que residem neles, bem como todos aqueles que são seus súditos,
sendo ele um deus vindo de um deus e de uma deusa (como Hórus, o filho de
Ísis e Osíris), e estando inclinado aos deuses, dedicou aos templos
renda em dinheiro e trigo, e foi generoso através de seus próprios meios,
e, dos impostos e taxas que recebe do Egito, isentou totalmente alguns,
enquanto a outros abrandou [o que era cobrado], para que estas pessoas e
todas as demais pudessem viver em prosperidade durante seu reinado…; Pareceu bem aos sacerdotes de todos os templos do
país aumentar grandemente as honras já existentes do rei Ptolomeu, o
eterno, o bem-amado de Ptá … e seu sacerdócio deverá ser inscrito em todos
os documentos formais e cidadãos comuns também poderão assistir os
festivais e financiar o santuário mencionado, bem como tê-los em suas
casas, prestando a eles as costumeiras honrarias durante os festivais, tanto
mensalmente quanto anualmente, para que todos fiquem sabendo que os
homens do Egito exaltam e honram o Deus Epifânio Eucaristo, o rei, de
acordo com a lei.”
(Texto contido na Pedra de Roseta. Wikipédia,
citado por Joelza Ester Domingues. Adaptado para leitura do 6º ano do Ensino Fundamental
feita por Celso Barreiro)
PEDRA DE ROSETA – UMA PROPOSTA DE LEITURA
Observe que esse documento traz um
conjunto de pistas que nos ajudam a nos aproximarmos do Egito antigo. Então vejamos:
Apontamentos extraídos de uma crítica
externa ao documento (a crítica externa depende de informações sobre o
documento mas que estão inscritas no texto em si):
O texto foi escrito em 3 (três)
diferentes línguas escritas, o que nos dá 2 (duas) importantes
informações sobre o Egito:
1. O texto em
grego sugere que a estela foi escrita no período Ptolomaico, quando
o Egito estava sob domínio dos gregos. A crítica interna apoiará essa tese ao
mostrar que a estela foi feita durante do governo de Ptolomeu V (descendente
dos generais que herdaram o trono após a morte de Alexandre, o imperador grego
que anexou o Egito em sua época)
2. As outras 2
(duas) línguas: o demótico e o hieroglífico mostram
que havia diferentes tipos de escrita que possuíam diferentes finalidades e
eram destinadas à diferentes grupos da sociedade. Os Hieróglifos eram
uma escrita sagrada conhecida dos sacerdotes e escribas do alto escalão de
poder do Estado. Já o Demótico tinha um caráter mais popular e
era utilizado nas atividades do cotidiano ligadas ao comércio, as transações financeiras
e ao registro de atividades mais práticas como construções e cobrança de
impostos.
A crítica interna do
documento mostra que, numa leitura atenta, também, podemos tirar algumas
conclusões:
1. O Egito
era uma teocracia, ou seja, os faraós eram vistos como se fossem
deuses. Observe que no texto, o faraó denominado Ptolomeu
(provavelmente trata-se de Ptolomeu V) é comparado aos deuses entre os quais o “Deus
Sol” e “Hórus, o filho de Ísis e Osíris”. O texto faz referência também
à “Zeus e Hefesto” (deuses do panteão grego)
2. O Estado
Teocrático é marcado por um vínculo orgânico entre Estado e Religião. Nesse
sentido, o poder dos faraós se manifestava em todas as dimensões da vida em sociedade.
Dai que o texto declare, de forma bem clara, o papel do Estado no financiamento
e manutenção do templo e dos sacerdotes em prestar honras ao faraó.
3. A referencia
às 2 (duas) coroas, das regiões alta e baixa, sugere uma linhagem que retrocede
ao 1º faraó que unificou as duas coroas. De fato, o Faraó utilizava uma coroa
dupla que combinava a coroa vermelha com a branca, simbólicas cada uma
de um desses reinos: o reino do alto Egito e o reino do baixo Egito.
4. O Egito era uma sociedade tributária e hierarquizada. O pagamento de tributos coloca o Estado acima do individuo e estabelece uma hierarquia entre as pessoas. Somente o faraó poderia decidir cobrar impostos de alguns e isentar os mesmos impostos de outros conforme seu status na sociedade. Essa economia tributária coloca o Egito no contexto do chamado modo de produção asiático, onde o Estado é, em última instância, o proprietário da riqueza produzida pela comunidade.
EGITO ANTIGO – GEOGRAFIA E POLÍTICA
Na divertida videoaula do site “Se
liga – no Enem”, o apresentador do programa vem trajado como múmia de
Amenófis IV, o faraó amaldiçoado pelos sacerdotes de seu tempo por tentar impor
o politeísmo na sociedade egípcia de seu tempo.
A videoaula começa mostrando que a civilização
egípcia se desenvolveu no nordeste da África há 7000 anos nas margens do rio
Nilo. Daí essa civilização ter sido caracterizada como civilização hidráulica.
O apresentador explica que, na época os períodos de cheia do rio Nilo
determinavam, de certa forma, a organização da sociedade.
O Egito era uma sociedade Teocrática
o que explica a importância estratégica da religião e das crenças
religiosas na vida das pessoas (como a “vida após a morte”) A formação
do Estado no Egito se deu em 3150 a.C. com Menés que unificou os Nomos
(comunidades de fazendeiros e camponeses) do alto Egito e do baixo
Egito. (O chamado alto Egito é a região que fica ao sul onde há ocorrência das
altas montanhas do planalto da Etiópia, já o baixo fica ao norte e desemboca no
delta do rio que desagua no Mediterrâneo)
Esse período da formação do Estado fiou
conhecido como Antigo Império. É a época que se iniciou com Menés,
e em que foram construídas as grandes pirâmides de Gizé.
Após um ciclo de invasões estrangeiras,
surge o Médio Império e, mais tarde, o Novo Império, o
período de auge dos grandes imperadores como Ramsés II, o faraó
guerreiro. Entre o Médio e o Novo império aconteceu o chamado êxodo dos
hebreus, de que fala a Bíblia.
A videoaula explica que o monoteísmo
foi uma invenção dos egípcios, superada com morte de Amenófis IV e Nefertiti, o
Akhenaton; “o espírito atuante de Aton”. A experiência foi levada para a
Palestina e deu origem ao monoteísmo ético dos judeus.
Finalmente, após o governo de Ramsés, um
novo ciclo de guerras de conquista na região irá colocar o Egito nas mãos de
outros povos como os persas, os gregos e romanos. E é no período ptolomaico que
o Egito irá sucumbir diante das potencias imperialistas da antiguidade. Com
Cleópatra, a mais conhecida das rainhas do Egito, o destino dessa civilização
extraordinária será selado apesar dos esforços da rainha para evitar a sua
ruína.
EGITO ANTIGO - GEOGRAFIA E POLÍTICA
EGITO ANTIGO – ECONOMIA E SOCIEDADE
A economia do Egito antigo era baseada na
agricultura e pastoreio, produzida nas terras próximas dos canais de irrigação
que traziam a água do Rio Nilo. Esse tipo de economia, muito comum na
antiguidade, era chamada de economia agropastoril de regadio.
O programa cita também a utilização do
termo “modo de produção asiático” para tratar desse tipo de
economia. No modo de produção asiático a propriedade da riqueza (que não era
mercantil como na sociedade capitalista) é do estado. Ou seja, o faraó é dono
de todas as terras, templos, casas e construções. Desse modo, a vida de todas
as pessoas era dependente da vontade e das decisões do governante. De modo
geral, o modo de produção asiático é um regime de servidão coletiva.
A sociedade egípcia era hierarquizada,
como uma “pirâmide” social onde no topo fica o faraó e na base,
os escravos e, entre esses estamentos sociais há várias camadas
intermediárias. Essas classes são estamentos por que não se
pode falar em mobilidade social nesse contexto. É uma
sociedade estamental (“como está... fica!)
O programa destaca, como vimos em outras
atividades, que não foram os escravos que construíram as pirâmides como se
acreditava antes. E chama a atenção para o fato que os escravos não constituíam
a maioria das pessoas na sociedade. A verdade é que naquele modo de produção
asiático vigorava a servidão coletiva. Os escravos eram um grupo
composto por prisioneiros de guerra e, quando muito, por famílias endividadas.
Outra característica fundamental é que os
egípcios eram politeístas e antropozoomórficos (tinham um corpo
com características humanas e animais, como a imagem de alguns deuses nas pinturas
da época - metade animais, metade humanos)
O site explica que a religião tinha importância central no Egito antigo, daí o processo de mumificação e de construção de pirâmides o que revela que havia um conhecido acumulado significativo com o desenvolvimento da matemática, medicina, engenharia, etc. E critica teses anticientíficas como as ideias esotéricas de que o Egito é produto de seres extraterrestres ou coisa do gênero.
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