ATIVIDADE 12: EGITO ANTIGO - ECONOMIA, SOCIEDADE E POLÍTICA

 

Olá Galera,

Na atividade anterior vimos que o caminho para conhecer o Egito é tão árduo e sofisticado que deu origem a um ramo da arqueologia conhecido como Egiptologia. Graças a essa ciência, temos uma razoável noção hoje do que era a vida no tempo dos faraós.

Vimos que o rio Nilo tinha uma importância estratégica por que o Egito era, a exemplo de outras que existiam na época, uma sociedade hidráulica (ou fluvial). Conhecemos também a “Pedra de Roseta”, uma estela comemorativa da época de Ptolomeu V encontrada por Champolion, um ex-oficial de Napoleão Bonaparte.

Nosso propósito nessa atividade é aprofundar esse estudo. Para isso, propomos inicialmente uma leitura e um exercício de interpretação do texto contido na Pedra de Roseta; Em seguida, sugerimos 2 (duas) videoaulas da equipe do site Se liga no EnemHistória: a 1ª (primeira) sobre a geografia e política do Egito Antigo, e a 2ª (segunda) sobre a economia, a sociedade e a religião dos antigos egípcios. Para facilitar sua compreensão, e ajudá-lo a fixar os conceitos desenvolvidos, preparamos uma pequena sinopse para ser lida após você assistir o vídeo.


  

PEDRA DE ROSETA – O TEXTO

“No reinado do jovem – aquele que recebeu a realeza de seu pai – senhor das coroas, glorioso, que criou o Egito, e é piedoso com os deuses, superior a seus inimigos, que recuperou a vida civilizada do homem, senhor dos Banquetes de Trinta Anos, assim como Hefesto, o Grande; um rei, como o Sol, o grande rei das regiões alta e baixa; descendente dos Deuses, aprovado por Hefesto, a quem o Sol deu a vitória, a imagem viva de Zeus, filho do Sol, Ptolomeu eterno, amado de Ptá; no nono ano, quando Eto, filho de Eto, era sacerdote de Alexandre;

Como o rei Ptolomeu, o Deus Epifânio Eucaristo, filho de Ptolomeu e Arsínoe, Deuses Filopátores, muito beneficiou os templos e aqueles que residem neles, bem como todos aqueles que são seus súditos, sendo ele um deus vindo de um deus e de uma deusa (como Hórus, o filho de Ísis e Osíris), e estando inclinado aos deuses, dedicou aos templos renda em dinheiro e trigo, e foi generoso através de seus próprios meios, e, dos impostos e taxas que recebe do Egito, isentou totalmente alguns, enquanto a outros abrandou [o que era cobrado], para que estas pessoas e todas as demais pudessem viver em prosperidade durante seu reinado…; Pareceu bem aos sacerdotes de todos os templos do país aumentar grandemente as honras já existentes do rei Ptolomeu, o eterno, o bem-amado de Ptá … e seu sacerdócio deverá ser inscrito em todos os documentos formais e cidadãos comuns também poderão assistir os festivais e financiar o santuário mencionado, bem como tê-los em suas casas, prestando a eles as costumeiras honrarias durante os festivais, tanto mensalmente quanto anualmente, para que todos fiquem sabendo que os homens do Egito exaltam e honram o Deus Epifânio Eucaristo, o rei, de acordo com a lei.” 

(Texto contido na Pedra de Roseta. Wikipédia, citado por Joelza Ester Domingues. Adaptado para leitura do 6º ano do Ensino Fundamental feita por Celso Barreiro)

PEDRA DE ROSETA – UMA PROPOSTA DE LEITURA

Observe que esse documento traz um conjunto de pistas que nos ajudam a nos aproximarmos do Egito antigo. Então vejamos:

Apontamentos extraídos de uma crítica externa ao documento (a crítica externa depende de informações sobre o documento mas que estão inscritas no texto em si):

O texto foi escrito em 3 (três) diferentes línguas escritas, o que nos dá 2 (duas) importantes informações sobre o Egito:

1.      O texto em grego sugere que a estela foi escrita no período Ptolomaico, quando o Egito estava sob domínio dos gregos. A crítica interna apoiará essa tese ao mostrar que a estela foi feita durante do governo de Ptolomeu V (descendente dos generais que herdaram o trono após a morte de Alexandre, o imperador grego que anexou o Egito em sua época)

2.     As outras 2 (duas) línguas: o demótico e o hieroglífico mostram que havia diferentes tipos de escrita que possuíam diferentes finalidades e eram destinadas à diferentes grupos da sociedade. Os Hieróglifos eram uma escrita sagrada conhecida dos sacerdotes e escribas do alto escalão de poder do Estado. Já o Demótico tinha um caráter mais popular e era utilizado nas atividades do cotidiano ligadas ao comércio, as transações financeiras e ao registro de atividades mais práticas como construções e cobrança de impostos.

A crítica interna do documento mostra que, numa leitura atenta, também, podemos tirar algumas conclusões:

1.      O Egito era uma teocracia, ou seja, os faraós eram vistos como se fossem deuses. Observe que no texto, o faraó denominado Ptolomeu (provavelmente trata-se de Ptolomeu V) é comparado aos deuses entre os quais o “Deus Sol” e “Hórus, o filho de Ísis e Osíris”. O texto faz referência também à “Zeus e Hefesto” (deuses do panteão grego) Ou seja, o texto mistura elementos da cultura egípcia e grega, o que podemos observar na menção à Zeus, o deus grego do Olimpo com Hórus, filho de Ísis e Osíris. Essa referência cruzada faz todo sentido no contexto do Egito Ptolomaico porque o projeto de Alexandre não era substituir a cultura egípcia pela grega; e sim, promover uma fusão entre as 2 (duas) culturas. 

2.      O Estado Teocrático é marcado por um vínculo orgânico entre Estado e Religião. Nesse sentido, o poder dos faraós se manifestava em todas as dimensões da vida em sociedade. Dai que o texto declare, de forma bem clara, o papel do Estado no financiamento e manutenção do templo e dos sacerdotes em prestar honras ao faraó.

3.  A referencia às 2 (duas) coroas, das regiões alta e baixa, sugere uma linhagem que retrocede ao 1º faraó que unificou as duas coroas. De fato, o Faraó utilizava uma coroa dupla que combinava a coroa vermelha com a branca, simbólicas cada uma de um desses reinos: o reino do alto Egito e o reino do baixo Egito.

4.   O Egito era uma sociedade tributária e hierarquizada. O pagamento de tributos coloca o Estado acima do individuo e estabelece uma hierarquia entre as pessoas. Somente o faraó poderia decidir cobrar impostos de alguns e isentar os mesmos impostos de outros conforme seu status na sociedade. Essa economia tributária coloca o Egito no contexto do chamado modo de produção asiático, onde o Estado é, em última instância, o proprietário da riqueza produzida pela comunidade.     


EGITO ANTIGO – GEOGRAFIA E POLÍTICA

Na divertida videoaula do site “Se liga – no Enem”, o apresentador do programa vem trajado como múmia de Amenófis IV, o faraó amaldiçoado pelos sacerdotes de seu tempo por tentar impor o politeísmo na sociedade egípcia de seu tempo.

A videoaula começa mostrando que a civilização egípcia se desenvolveu no nordeste da África há 7000 anos nas margens do rio Nilo. Daí essa civilização ter sido caracterizada como civilização hidráulica. O apresentador explica que, na época os períodos de cheia do rio Nilo determinavam, de certa forma, a organização da sociedade.

O Egito era uma sociedade Teocrática o que explica a importância estratégica da religião e das crenças religiosas na vida das pessoas (como a “vida após a morte”) A formação do Estado no Egito se deu em 3150 a.C. com Menés que unificou os Nomos (comunidades de fazendeiros e camponeses) do alto Egito e do baixo Egito. (O chamado alto Egito é a região que fica ao sul onde há ocorrência das altas montanhas do planalto da Etiópia, já o baixo fica ao norte e desemboca no delta do rio que desagua no Mediterrâneo)

Esse período da formação do Estado fiou conhecido como Antigo Império. É a época que se iniciou com Menés, e em que foram construídas as grandes pirâmides de Gizé.

Após um ciclo de invasões estrangeiras, surge o Médio Império e, mais tarde, o Novo Império, o período de auge dos grandes imperadores como Ramsés II, o faraó guerreiro. Entre o Médio e o Novo império aconteceu o chamado êxodo dos hebreus, de que fala a Bíblia.

A videoaula explica que o monoteísmo foi uma invenção dos egípcios, superada com morte de Amenófis IV e Nefertiti, o Akhenaton; “o espírito atuante de Aton”. A experiência foi levada para a Palestina e deu origem ao monoteísmo ético dos judeus.

Finalmente, após o governo de Ramsés, um novo ciclo de guerras de conquista na região irá colocar o Egito nas mãos de outros povos como os persas, os gregos e romanos. E é no período ptolomaico que o Egito irá sucumbir diante das potencias imperialistas da antiguidade. Com Cleópatra, a mais conhecida das rainhas do Egito, o destino dessa civilização extraordinária será selado apesar dos esforços da rainha para evitar a sua ruína.

EGITO ANTIGO - GEOGRAFIA E POLÍTICA


EGITO ANTIGO – ECONOMIA E SOCIEDADE

A economia do Egito antigo era baseada na agricultura e pastoreio, produzida nas terras próximas dos canais de irrigação que traziam a água do Rio Nilo. Esse tipo de economia, muito comum na antiguidade, era chamada de economia agropastoril de regadio.

O programa cita também a utilização do termo “modo de produção asiático” para tratar desse tipo de economia. No modo de produção asiático a propriedade da riqueza (que não era mercantil como na sociedade capitalista) é do estado. Ou seja, o faraó é dono de todas as terras, templos, casas e construções. Desse modo, a vida de todas as pessoas era dependente da vontade e das decisões do governante. De modo geral, o modo de produção asiático é um regime de servidão coletiva.

A sociedade egípcia era hierarquizada, como uma “pirâmide” social onde no topo fica o faraó e na base, os escravos e, entre esses estamentos sociais há várias camadas intermediárias. Essas classes são estamentos por que não se pode falar em mobilidade social nesse contexto. É uma sociedade estamental (“como está... fica!)

O programa destaca, como vimos em outras atividades, que não foram os escravos que construíram as pirâmides como se acreditava antes. E chama a atenção para o fato que os escravos não constituíam a maioria das pessoas na sociedade. A verdade é que naquele modo de produção asiático vigorava a servidão coletiva. Os escravos eram um grupo composto por prisioneiros de guerra e, quando muito, por famílias endividadas.

Outra característica fundamental é que os egípcios eram politeístas e antropozoomórficos (tinham um corpo com características humanas e animais, como a imagem de alguns deuses nas pinturas da época - metade animais, metade humanos)

O site explica que a religião tinha importância central no Egito antigo, daí o processo de mumificação e de construção de pirâmides o que revela que havia um conhecido acumulado significativo com o desenvolvimento da matemática, medicina, engenharia, etc. E critica teses anticientíficas como as ideias esotéricas de que o Egito é produto de seres extraterrestres ou coisa do gênero.

EGITO ANTIGO - ECONOMIA E SOCIEDADE

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