Reflexão sobre as perguntas indicadas.
Leitura e interpretação da crônica: “Pertencer” de Clarice Lispector.
Reflexão sobre os parágrafos apontados.
Antes de pensarmos para onde queremos ir e o que queremos ser, é preciso compreender de onde viemos, o que queremos manter em nossas vidas e o que queremos superar.
No início desta atividade você vai refletir sobre as questões indicadas abaixo e, ao final dela, vai respondê-las no questionário indicado.
1. Na família, além do nome, o que mais é herdado?
2. Quais as capacidades que você tem advindas de sua origem?
3. Em sua opinião, qual foi o legado mais importante que sua família deixou para você?
4. O que você gostaria de deixar como legado para a sua família?
Agora leia a crônica abaixo:
Pertencer
Clarice Lispector
Um amigo meu, médico, assegurou-me que desde o berço a criança sente o ambiente, a criança quer: nela o ser humano, no berço mesmo, já começou.
Tenho certeza de que no berço a minha primeira vontade foi a de pertencer. Por motivos que aqui não importam, eu de algum modo devia estar sentindo que não pertencia a nada e a ninguém. Nasci de graça.
Se no berço experimentei esta fome humana, ela continua a me acompanhar pela vida afora, como se fosse um destino. A ponto de meu coração se contrair de inveja e desejo quando vejo uma freira: ela pertence a Deus.
Exatamente porque é tão forte em mim a fome de me dar a algo ou a alguém, é que me tornei bastante arisca: tenho medo de revelar de quanto preciso e de como sou pobre. Sou, sim. Muito pobre. Só tenho um corpo e uma alma. E preciso de mais do que isso.
Com o tempo, sobretudo os últimos anos, perdi o jeito de ser gente. Não sei mais como se é. E uma espécie toda nova de "solidão de não pertencer" começou a me invadir como heras num muro.
Se meu desejo mais antigo é o de pertencer, por que então nunca fiz parte de clubes ou de associações? Porque não é isso que eu chamo de pertencer. O que eu queria, e não posso, é por exemplo que tudo o que me viesse de bom de dentro de mim eu pudesse dar àquilo que eu pertenço. Mesmo minhas alegrias, como são solitárias às vezes. E uma alegria solitária pode se tornar patética. É como ficar com um presente todo embrulhado em papel enfeitado de presente nas mãos - e não ter a quem dizer: tome, é seu, abra-o! Não querendo me ver em situações patéticas e, por uma espécie de contenção, evitando o tom de tragédia, raramente embrulho com papel de presente os meus sentimentos.
Pertencer não vem apenas de ser fraca e precisar unir-se a algo ou a alguém mais forte. Muitas vezes a vontade intensa de pertencer vem em mim de minha própria força - eu quero pertencer para que minha força não seja inútil e fortifique uma pessoa ou uma coisa.
Quase consigo me visualizar no berço, quase consigo reproduzir em mim a vaga e no entanto premente sensação de precisar pertencer. Por motivos que nem minha mãe nem meu pai podiam controlar, eu nasci e fiquei apenas: nascida.
No entanto fui preparada para ser dada à luz de um modo tão bonito. Minha mãe já estava doente, e, por uma superstição bastante espalhada, acreditava-se que ter um filho curava uma mulher de uma doença. Então fui deliberadamente criada: com amor e esperança. Só que não curei minha mãe. E sinto até hoje essa carga de culpa: fizeram-me para uma missão determinada e eu falhei. Como se contassem comigo nas trincheiras de uma guerra e eu tivesse desertado. Sei que meus pais me perdoaram por eu ter nascido em vão e tê-los traído na grande esperança.
Mas eu, eu não me perdoo. Quereria que simplesmente se tivesse feito um milagre: eu nascer e curar minha mãe. Então, sim: eu teria pertencido a meu pai e a minha mãe. Eu nem podia confiar a alguém essa espécie de solidão de não pertencer porque, como desertor, eu tinha o segredo da fuga que por vergonha não podia ser conhecido.
A vida me fez de vez em quando pertencer, como se fosse para me dar a medida do que eu perco não pertencendo. E então eu soube: pertencer é viver. Experimentei-o com a sede de quem está no deserto e bebe sôfrego os últimos goles de água de um cantil. E depois a sede volta e é no deserto mesmo que caminho!
Após refletir sobre a crônica, responda às perguntas abaixo que estão presentes no questionário indicado ao final da atividade.
a) Por que Clarice Lispector se sentia deserdada da vida?
b) Para Clarice Lispector, o que significa pertencer?
c)
“Nasceu e ficou simplesmente nascida”, “Não recebeu a marca do
pertencer”. Que
marca é essa a que Clarice se refere?
d) Assim como Clarice Lispector, que histórias você tem sobre a sua origem?
e) O que você sabe acerca das expectativas dos seus pais sobre você, antes mesmo do seu nascimento?
Agora vamos refletir sobre algumas questões. Leia os parágrafos abaixo e pense em respostas para as perguntas indicadas.
“Cada pai projeta seus sonhos, realizados ou não, em seus filhos, mas, independentemente de quais sejam, a maioria deles se associa a um sonho só: Eles querem uma vida para nós melhor do que a que eles tiveram.”
Sobre
isso, você concorda que os pais têm rica experiência de vida e
certo grau de sabedoria e por isso, não há dúvidas de que sabem o
que é melhor para os filhos? Por quê?
“O
senhor tem saudades de Itabira ainda hoje? Tenho uma profunda saudade
e digo mesmo: no fundo, continuo morando em Itabira, através das
minhas raízes e, sobretudo, através dos meus pais e dos meus
irmãos, todos nascidos lá e todos já falecidos. É uma herança
atávica profunda que não posso esquecer.”
Sobre as raízes familiares, você concorda que, mesmo cada um sendo livre para traçar a própria história, a força da origem familiar nos conduz a ser o que somos? Por quê?
“O presente é o cotidiano da vida das pessoas. É o tempo em que elas vivem, são mobilizadas por novos acontecimentos, lembram com alegria, tristeza ou raiva do passado, projetam o futuro ou se angustiam com ele. É quando constroem a sua história pessoal, a formar suas identidades.”
Sobre
isso, você concorda que o cotidiano tem a riqueza das experiências
que o ajudarão a superar positivamente as dificuldades e as
adversidades que surgirem? Você acredita que essas vivências o
ajudarão a desenhar o futuro? Por quê?
Para finalizar e relaxar ouça e veja o vídeo da música: “Fio invisível” do grupo “Tiquequê”: https://www.youtube.com/watch?v=EHiiHvKZWkA
Questionário da atividade.
Atenção: TODAS AS PERGUNTAS DESSA ATIVIDADE DEVEM SER RESPONDIDAS PELO LINK: https://forms.gle/UTPZNsQFi1ijPeru7
Caso não tenha acesso à internet, responda as perguntas abaixo em seu caderno e guarde-as para serem corrigidas quando as aulas retornarem presencialmente.
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