Em 13 de maio de 1888, a Princesa Isabel, regente
do Brasil à época, assinou a Lei que decretou extinta a escravidão no Brasil. Era
a chamada abolição, que colocaria fim a uma das mais antigas instituições do Estado
brasileiro: a escravidão negra. Será?
O episódio recente na Favela do Jacarezinho, no Rio
de Janeiro, faz pensar no significado do 13 de maio. Quando maioria dos jovens mortos
no massacre são negros, é preciso se perguntar: os negros ficaram livres, em 13
de maio, para morrer no Brasil?
O assassinato de jovens negros e negras no Brasil é,
independente da fonte de dados utilizados, bem superior à sua composição na
população. Ou seja, os negros são os que mais morrem independentemente do
tamanho da população negra do lugar. (Rede de Observatórios da Segurança)
Além dessa tragédia social, há uma série de outros
problemas que atingem os negros em tempos de pandemia. De acordo com a Fundação
Getúlio Vargas (FGV), pretos e pardos tiveram uma perda de 21,8% e 21,4%,
respectivamente, em suas rendas. Os brancos sofreram perda menor, de 20,1%.
Os negros representam 75% dos mais pobres no
Brasil, enquanto os brancos estão entre os 70% mais ricos. Para os negros e
negras é muito mais difícil encontrar emprego, recolocar-se no mercado de
trabalho, empreender, conseguir apoio, orientações e crédito financeiro.
Antes de 1888, o índice de mortalidade entre os
escravizados era altíssimo, tanto pelas más condições sanitárias quanto pela
alimentação precária, trabalho sub-humano e os constantes assassinatos. Hoje em
dia, a situação da juventude negra das periferias é diferente disso?
É preciso exigir mais compromisso das autoridades no
desenvolvimento de políticas públicas emancipatórias dos negros e negras
brasileiras, com prioridade para aquelas que que beneficiem as crianças e
adolescentes.
É inaceitável que as próximas gerações cresçam aprendendo
que a abolição não passou de uma data memorável para ficar no calendário da
escola. Os 25 jovens negros mortos na favela do Jacarezinho clamam por uma
verdadeira abolição!
Celso Barreiro, Professor de História
Ainda que a abolição tenha sido insuficiente, ela mudou a História do Brasil, para o bem ou para o mal. Mas, há muitos mitos a respeito da abolição. O Portal Geledés, especializado em cultura afrobrasileira, trouxe à tona 5 (cinco) desses mitos (nesse caso, no sentido de falsificação) ou verdades sobre a abolição. Confira: MITOS E VERDADES SOBRE A ABOLIÇÃO
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