quinta-feira, 3 de junho de 2021

05 DE JUNHO: DIA MUNDIAL DO MEIO AMBIENTE


Ailton Krenak, Escritor e Líder Indígena

Há 30 (trinta) anos atrás, Luiz Gonzaga lançava um curioso hit musical chamado “xote ecológico”. Era uma pequena canção-manifesto que chamava a atenção para o perigo que a humanidade corria por estar destruindo sua casa comum, o planeta terra.

Não posso respirar, não posso mais nadar
A terra está morrendo, não dá mais pra plantar
E se plantar não nasce, se nascer não dá...

Mal sabia o velho compositor, que sua profecia se cumpriria da forma mais dolorosa e cruel que se pode imaginar, por que quando a Covid-19 ataca os pulmões, o doente precisa de um respirador, um aparelho para alimentação de oxigênio, senão ele morre.

Dez anos antes, os líderes mundiais haviam proclamado em Estocolmo (Suécia) que a natureza, de fato, morreria se não fizesse algo a respeito. Naquele dia, 05 de junho de 1972, decidiu-se que o mundo deveria parar e pensar nas consequências do padrão de desenvolvimento escolhido pela humanidade. Nascia ali, o Dia Mundial do Meio Ambiente. Mas o mundo não parou, e muito menos pensou em suas escolhas.

A proteção e o melhoramento do meio ambiente humano é uma questão fundamental que afeta o bem-estar dos povos e o desenvolvimento econômico do mundo inteiro, um desejo urgente dos povos de todo o mundo e um dever de todos os governos.” (Declaração de Estocolmo sobre o ambiente humano - 1972)

O mundo somente pararia em 2020, quando um vírus letal o obrigasse a desacelerar, apesar da insistência teimosa, a própria vida das sociedades humanas. A verdade é que a humanidade divorciou-se da natureza... e agora falta oxigênio!

“A nossa mãe, a Terra, nos dá de graça o oxigênio, nos põe para dormir, nos desperta de manhã com o sol, deixa os pássaros cantar, as correntezas e as brisas se moverem, cria esse mundo maravilhoso para compartilhar, e o que a gente faz com ele?" (Ailton Krenak, O amanhã não está à venda)

Os Krenak, povo do qual faz parte esse velho sábio indígena, vive na região onde ocorreu a maior tragédia ambiental da história do país, o vale do rio doce. O rio doce foi soterrado por milhares de quilômetros de dejetos minerais com o rompimento das barragens construídas, irresponsavelmente, no lugar errado e sem as devidas precauções de praxe. As mesmas “precauções” que o governo quer reduzir... simplificando o processo de licença ambiental das empresas!

É urgente que a sociedade reconheça e se mobilize para estancar esse processo de degradação da natureza. Se continuarmos “vendendo o amanhã”, em breve, quem não vai poder respirar por aqui seremos nós e os nossos filhos!

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