CARTA PARA UM ALUNO/A QUE SE
TORNOU MAIS AUTÔNOMO
Nunca gostei daquelas fotos
antigas de crianças se vestindo como se fossem adultos. Os meninos, numa
clássica imitação de seus pais em sua melhor forma em miniatura, são lembrados
de seu lugar futuro como “senhores absolutos” do lar que chefiarão um dia. As
garotas, com um belo e delicado laço de fita na cabeça, lembrarão a todos que,
mesmo a vida enfadonha e tediosa como “rainhas do lar” tem lá suas vantagens em
momentos memoráveis. É a mais triste profecia autorrealizadora que se pode
induzir a uma pessoa. (Profecia autorrealizadora é quando a gente acha que sabe
hoje o que o outro vai ser no futuro!)
Não era esse o “espírito” que
me movia quando registrei aquela cena em que você vestiu o sobretudo de
detetive para mostrar que o trabalho dos historiadores se assemelha ao dos
“bons detetives”. Minha intenção era mostrar que você é o protagonista, não
somente da sua própria História, mas também do seu próprio processo de
aprendizagem.
Hoje, ao encerrar o nosso
trabalho virtual, essa imagem adquire um novo significado. No começo das aulas
virtuais, você era extremamente dependente e desorganizado, acostumado a
obedecer e a fazer somente aquilo que os pais e os professores mandam e cobram,
momento após outro.
Hoje, você é um/a adolescente maduro/a, que construiu sua própria rotina (com alguma ajuda de sua mãe, talvez)
e, principalmente, mais autônomo/a. Autonomia é o principal objetivo que uma
escola pode almejar de seus alunos.
Você, ao vestir o sobretudo de
detetive, não se tornou, necessariamente, um/a historiador/a e, com certeza, não
ficou mais adulto/a. Mas, é inegável que você... cresceu, amadureceu e se
tornou um/a menino/a mais autônomo/a, durante esses meses de aprendizagem virtual,
apesar da pandemia. E é isso que faz de você... um ser humano tão especial.
Você desenvolveu uma 4ª atitude
historiadora: O CUIDADO! Portanto, cuide para preservar essa atitude em sua
vida durante todo o recesso e as férias que virão... e cresça, cresça e
amadureça, ainda mais, sem perder de vista, a “pureza das crianças”, que sabem
que a VIDA, apesar de tudo: “É BONITA, É BONITA... É BONITA!!!”
Beijão no coração
Professor Celso Barreiro
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